A pandemia trouxe a necessidade de ficar em casa. Como a convivência entre os casais teve que ser mais intensa durante o período de isolamento social por causa da pandemia da covid19, muitas questões sugiram. Afinal, qual o impacto disso tudo no relacionamento a dois?
Para responder essa questão, o Instituto do Casal (IC), organização que se dedica a práticas, estudos e educação em relacionamentos e sexualidade humana, realizou uma análise online com homens e mulheres de 18 a 51 anos ou mais e diversas orientações sexuais.
A pesquisa foi feita entre 30/05 e 05/06 com pessoas hetero, homo e bissexuais. O resultado indica que uso excessivo do celular (33%), divisão das tarefas domésticas (32%) e excesso de críticas (31%), são as principais causas para desavenças.
Seguidas de falta de romance no casamento (26%), rotina no casamento (26%), ausência de diálogo (24%), excesso de tempo dedicado ao trabalho, virtual ou presencial (23%), escassez de dinheiro ou dívidas acumuladas (20%), criação ou educação dos filhos (19%) e porque eu reclamo demais ou estou sempre insatisfeito com alguma coisa (19%). As porcentagens somam mais de 100%, pois era possível escolher mais de uma alternativa.
Comparação
O IC comparou esse resultado com outro de uma pesquisa do mesmo formato feita em 2018. O levantamento anterior também apontava os principais motivos para conflito e reuniu 708 respostas. A mudança que chama atenção foi que a opção uso excessivo do celular foi do terceiro para o primeiro lugar.
“No atual contexto, é provável que os casais tenham flexibilizado os valores quanto ao uso do celular, pois é por meio dele que estão se conectando com o trabalho, amigos, família. Essa flexibilização, sem limites, tornou-se um conflito e precisa ser administrado”, diz Marina Simas, cofundadora do Instituto e especialista em Terapia de Casal e Família.
A alternativa divisão de tarefas domésticas também subiu no ranking. Em 2018, ficou em quinto e agora foi vice-líder. Outra a ganhar destaque foi a escolha por excesso de críticas: passou da quarta para terceira colocação. Já a falta de diálogo caiu da segunda para sexta posição.
Para Denise Figueiredo, especialista em Terapia de Casal e Família e cofundadora do IC, pelo tempo maior juntos no isolamento, casais precisam aprender a renegociar a rotina (ritmo de sono, atividades, humor, espaços, tarefas…). “Toda negociação pode gerar tensão, estresse e desconforto. A melhor forma é escolher que discussão vale a pena começar. Em uma relação, nem tudo necessita ser discutido”.
Por isso, vale se perguntar se o motivo para discussão é relevante. “Se for, então é bom escolher a melhor hora e conversar com o(a) parceiro(a) sempre na primeira pessoa: ‘eu sinto...’, ‘eu penso....’, isso diminuiu a chance de quem escuta criar resistências. O diálogo e o acolhimento são essenciais para resoluções de conflitos”, afirma Denise.
Frequência
A pesquisa feita durante o isolamento também abordou a regularidade dos desentendimentos. A opção para quem disse ter conflito ao menos uma vez por semana teve 30% das escolhas. Enquanto a alternativa mais de uma vez por semana somou 20%. Seguida de raramente temos conflitos (19%), pelo menos uma vez por mês (14%) e, uma vez por dia ou mais (10%).
Consequências
No levantamento também é possível observar outros efeitos da pandemia. Segundo 53% das respostas, o isolamento social trouxe ansiedade. Outros 52% declararam ter alterações na rotina e 35% apontaram mudanças e desconfortos na área financeira. Humor e sono foram indicados por 31% e 30% dos participantes, respectivamente. E quando a quarentena acabar? Rever os amigos é o desejo de 91% das pessoas. Viajar ficou com a preferência de 18% delas e sair com 7%.
Soluções
Além disso, a avaliação tratou da forma com que casais procuram resolver contendas. De acordo com os resultados, 60% preferem conversar no mesmo dia sobre o problema, sem deixar para depois. Já 35%, só resolvem a briga após alguns dias e 2% consultam um terapeuta para solucionar a situação.
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Redação iBahia
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