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Rodrigo Márcio, Julio Vaz, Daniel Sena e Vanessa Amado da webserie Apenas Heróis |
Guerreiros que enfrentam vilões desde a hora que acordam até a hora que dormem. Eles se transformam em heróis a cada preconceito vencido. Essa é a essência das histórias contadas na websérie gay Apenas Heróis, produzida por jovens atores em Salvador. Nada de vulgaridade, muito menos sexo explícito. Cada episódio, divulgado semanalmente no youtube, aborda os casos mais comuns aos conflitos que atingem o dia-a-dia do gay baiano. Engana-se quem acha que todos os atores envolvidos na produção são homossexuais ou que ela é inspirada em alguma outra local. A ideia nasceu de um texto escrito quando o roteirista e diretor Daniel Sena ainda era adolescente. Isso sim inspirou e deu nome ao segundo episódio da primeira temporada: A Lenda das Conchas. Genuinamente baiana e pioneira, a série independente não possui patrocínio e é feita por atores convidados, que não são remunerados. O equipamento é todo emprestado, a trilha sonora é da casa (a maioria das músicas é de artistas poucos conhecidos), os cenários chegam a se repetir e o figurino é na base do improviso, principalmente quando o assunto é vestir a travesti Kid Purpurina, personagem do ator Rodrigo Márcio. O programa agradou, deu certo e já foi visto por milhares de internautas. Segundo Daniel Sena, já atraiu até internautas de outros estados e também países da América Latina. Lançada no segundo semestre do ano passado, a série já entrou na segunda temporada, com novos personagens e novos atores. Ao todo são 40. Daniel diz que ouviu falar sobre alguns vídeos e séries semelhantes a dele, mas nada que tenha sido divulgado ainda no país. Para cada texto, ele pega um pouco da sua vida e o que já ouviu dos amigos. "Nossa série é muito cotidiana. Tratamos temas bem fortes de maneira natural e isso vem trazendo identificação com o público local e de outros lugares".
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Mesmo sem dinheiro para investir, o desafio foi lançado: "Vamos democratizar a cultura, disponibilizando nossa arte pela internet, e divulgar os atores baianos", diz o diretor. Teve gente que topou de primeira, outros ficaram só pensando. "Não há como pagar os atores. Essa é a nossa contrapartida, divulgar o trabalho deles". Como Daniel não tinha muita vivência com a cultura soteropolitana, precisou contar com a sorte e a bondade de outras pessoas para conseguir equipamentos e fazer a coleta dos atores para o projeto. "Foi no boca a boca mesmo. "Quem topou participar foi falando para os amigos e trazendo gente". Novo toque - Com apenas dois episódios no ar, a série rendeu acessos e críticas. O curitibano Julio Vaz, ao conhecer a série, resolveu enviar lá do Paraná sugestões para a produção de Daniel. "Quando recebi os e-mails do Júlio, já estávamos com dois ou três episódios no ar. Como sou formado em jornalismo e tenho uma visão diferente, acabei convidado ele que já é experiente para participar e conduzir melhor que eu", conta Daniel. "Falei para ele: acho que você tem um roteiro maravilhoso e uma história muito boa e a gente pode dar vida a isso de uma outra maneira", completa Julio. Foi Julio Vaz, hoje preparador de elenco e também diretor, quem deu mais incentivo para a produção seguir o roteiro na segunda temporada. "Sempre vi o Apenas Heróis como algo que fosse, de fato, conquistar o público brasileiro. Justamente pela carência de entretenimento com qualidade voltado para o público gay" comenta. São os atores, incorporados nos personagens, que deixam o clima das gravações mais alegre e divertido, faça chuva ou faça sol. "Tirei o chapéu desde o início, em saber que Daniel nem os atores estavam sendo remunerados por isso. Sabemos as dificuldades que todo mundo tem e não é qualquer pessoa que aceita uma causa só pelo simples fato de 'estar aparecendo'", afirma Julio Vaz. Para a atriz Vanessa Amado, que é heterossexual, foi preciso estudar muito a proposta e a escolha sexual de sua personagem para encarar as cenas. Ela faz o papel de uma advogada lésbica, bem resolvida e que faz questão de ter os traços e sentimentos bem femininos. "A Carla foi um presente do diretor. O estudo desse personagem me enriqueceu como pessoa e me fez ver uma maneira diferente de amar e sentir. E que sim, uma mulher pode amar outra e continuar sendo feminina".
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Para ela, a maior dificuldade em fazer um papel gay foi entender o sentimento de uma mulher que gosta de outra mulher. A vivência e a história da personagem, porém, foi o que fizeram Vanessa aprender um pouco desse outro mundo. "Amar uma pessoa, independe do sexo que ela tem. Você se apaixona por qualidades, por sentimentos, por pessoas que sentem e demonstram que sentem algo. Independente do que elas sejam ou o gênero que elas tenham". Já para o ator Rodrigo Márcio, o desafio não foi tão simples. Poderia ser como os outros personagens da série, que não precisam se travestir. Mas foi além. Segundo o rapaz, a Kid Purpurina é uma mulher em corpo de homem. Ele se veste de mulher, usa peruca, tem um relacionamento fixo e trejeitos bem baianos, principalmente na hora de falar.
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"A proposta era fazer uma travesti, mas Kid, na verdade, é uma transexual. A busca maior da personagem é pela harmonia entre sua essência e seu aspecto físico, com o qual ela não se sente bem", diz Rodrigo. Ele comenta, ainda, que a ideia não é fazer um personagem caricato e óbvio, mas especial para conquistar o público, já que que os travestis são vitimas de preconceito e discriminação. Assista abaixo um dos vídeos da série: [youtube 7R1aNrJra7E]