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Se você pudesse fazer uma ligação para si mesmo quando criança?

Após uma postagem no Facebook viralizar, com relatos de abuso sofridos na infância, especialista explica como identificar e ajudar quem passa por esse tipo de situação

Redação iBahia • 09/11/2018 às 16:25 • Atualizada em 01/09/2022 às 1:25 - há XX semanas

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Se você pudesse fazer uma ligação para si mesmo quando criança, o que falaria? Foi com uma pergunta desse tipo que uma página no Facebook convidou usuários da rede social a conversarem com o passado. Os administradores esperavam conteúdos de humor, conselhos para a vida adulta, mas o post terminou estimulando as pessoas a desabafarem sobre os traumas que viveram. Em poucos dias, a "Pagina lixo que faz post lixo pra você compartilhar" recebeu 29 mil comentários e teve 30 mil compartilhamentos.
"Um post que era para ter humor conseguiu me tirar lágrima. Sinto muito por cada menino(a) aqui que foi magoado tão profundamente, por cada pessoa que foi machucada de qualquer forma pela crueldade de outra pessoa. Espero que todos estejam melhores e consigam de certa forma superar tudo isso de ruim. Já que não dá para ligar pro nosso eu antigo, sinta-se abraçado", comentou um dos administradores da conta.
Nos comentários, havia relatos de abuso, racismo, agressão e outros traumas de infância, que fizeram da postagem um ambiente de empatia e encorajamento. Alguns deles diziam "Quando você ouvir a frase 'Você tá tão mocinha', corre. Só corre"; "Não peça água para a tia do seu melhor amigo. Com 7 anos de idade, ela vai mandar você beber água na senzala, 'seu neguinho sujo'"; "Não vá com seu pai ensinar sua mãe a dirigir, porque ele vai esfregar a cara dela no volante sempre que ela fizer algo de errado"; "Não confie no seu irmão. Ele vai abusar de você dos 5 aos 9 anos e ainda 'emprestar' para os amigos".
Diante de desabafos tão graves, ficam as perguntas: como identificar uma criança que está sendo vítima de abuso e protegê-la? Como ajudar um adulto que cresceu com esse tipo de trauma?
A psicóloga Mônica de Mattos explica que crianças não costumam contar, seja por medo ou vergonha, quando estão sendo vítimas de qualquer tipo de abuso, mas as variações de comportamento podem ser um indicativo para os adultos: — Mesmo sem falar nada sobre o que há de errado, a criança costuma ser transparente quando não está bem. Fica mais agitada, agressiva, calada, emotiva, chorando à toa e assustada. É importante que um responsável esteja atento a essas mudanças. Sofrer violência na infância é uma experiência traumática e, geralmente, a vítima se cala por medo de ameaças do agressor — explica a especialista, afirmando que o bullying também pode detonar a autoestima e causar isolamento. — Cabe ao adulto que convive com essa criança observar o comportamento e, principalmente, tratá-la com carinho e respeito, transmitindo segurança e a fazendo enxergar os responsáveis como amigos que vão protegê-la sem julgamentos.
Mônica ainda alerta para a urgência em procurar ajuda profissional quando existe a suspeita de abuso. Segundo ela, quanto mais cedo o trauma for tratado, maiores são as chances de evitar consequências negativas para o indivíduo: — Quando a vítima se abre para alguém que está disposto a ouvi-la e ajudá-la, o medo e a culpa são apagados aos poucos. É fundamental nunca interpretar os sinais das crianças como passageiros ou bobagens. Assim que surgir a desconfiança, leve o pequeno a um psicólogo infantil, que é o profissional capacitado e, por ser uma pessoa desconhecida, consegue envolver a criança com brincadeiras e atividades interessantes. É ele quem vai perceber o que exatamente está acontecendo. Muitas vezes, a própria criança relata por se sentir segura com o especialista — orienta.
A psicóloga explica que é possível diminuir o trauma por um processo longo, mas viável. Além disso, esclarece que os choques nunca se apagam, mas ficam resolvidos no passado e não afetam o presente:
— Os relatos ficam guardados, mas os sinais não. Tudo o que fica guardado tem que sair de alguma forma. Quem cresce com o trauma fica com a autoestima abalada, insegura, com bloqueios, transtornos emocionais e até doenças — explica Monica, ressaltando que, quando a pessoa se abre, o profissional tem o caminho livre para trabalhar o que aconteceu de ruim e deixar claro que ela foi vítima, não culpada. — Cada especialista vai seguir sua abordagem para ajudar o paciente a seguir em frente. Denunciar o agressor também é determinante para o tratamento. Não importa quantos anos tenham se passado, é uma forma de fazer justiça para si mesmo — comenta Mônica.
A página no Facebook que recebeu os desabafos se disponibilizou a ajudar quem dividiu suas histórias, com o comentário “Nenhuma dor é eterna, nada é o fim. As coisas ainda vão melhorar. Se precisar conversar, é só chamar”. Após a repercussão inesperada, um dos responsáveis também divulgou o telefone e o site do Centro de Valorização da Vida, a associação que presta serviço gratuito de apoio emocional para quem quer e precisa conversar, sob total sigilo.
Disponibilizamos aqui esse e outros serviços de apoio a quem sofre abuso ou violência:
Centro de Valorização da Vida (CVV)
Telefone: 188 (24 horas e sem custo de ligação)
Pessoalmente: existem 93 postos em todo o Brasil
Ouvidoria online: www.cvv.org.br, com atendimento por chat e e-mail.
Disque Direitos Humanos
Telefone: 100 (24 horas e sem custo de ligação)
Central de Atendimento à Mulher
Telefone: 180

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