Para as muitas pessoas que discursam por aí, alegando que o carnaval baiano está falido, o Furdunço veio mais uma vez para mostrar que desgastado é todo esse falatório de quem não está vendo um novo carnaval nascer pelas ruas de Salvador. Na tarde de ontem (treze), o projeto contou com a apresentação de grandes nomes já consagrados na Bahia como o trio Armandinho, Dodô e Osmar e revelou outros como Amanda Santiago e Ju Moraes.
Diferente do dia 8, em que ocorreu o pré carnaval no circuito Barra/Ondina, o Furdunço de ontem ocupou as ruas do Campo Grande e Avenida Sete, finalizando na Praça Castro Alves, onde o poeta, de longe, deu o seu aval para a nova proposta. As pessoas, dessa vez com perfis misturados, já que no circuito Osmar a interação com bairros populares é maior, ficaram dispersas, transitando entre os trios e reunindo-se apenas em alguns mais específicos.
Antônia Campos é residente de Salvador e afirma ter mais de quarenta carnavais nas costas. Ela, que sempre curtiu a festa pagã, revelou estar muito feliz com a volta dos blocos sem corda. “O Furdunço lembra muitos os antigos carnavais, onde todo mundo brincava junto e de maneira igualitária, mas traz o novo, que são as novas atrações que tocam os mais diversos tipos de música. Desde o ano passado que eu venho acompanhando essa ideia. O Furdunço pra mim já é o dendê do carnaval baiano, o ingrediente popular que dá sabor pra festa”. Comenta. No entanto, mais uma vez, o grande protagonista da noite foi o grupo Baiana System. Trazendo convidados como o músico B. Negão e a cantora Flora Mattos, o Baiana (como é chamado carinhosamente pelos fãs) literalmente causou uma onda de calor em todo o circuito devido a dança frenética dos foliões. Foliões esses, extremamente fiéis, já que esperaram por mais de uma hora a entrada do trio na avenida, quando o mesmo se encontrou com problemas no gerador e ficou enguiçado. O Vocalista da banda, Russo Passapusso, agradeceu de maneira veemente a presença e paciência de cada um dos presentes. “Vocês são foda. Máximo respeito a cada um. Hoje a gente vai mostrar como é que se faz carnaval, sem violência, respeitando as mulheres e com muita alegria”.Veja também Onde Está Meu Trio? Baixe o aplicativo e não tome um perdido Clique aqui e acompanhe nossa cobertura completa do Carnaval Veja a programação dos principais circuitos da folia momesca Será que vai chover? Ou fará sol? Confira a previsão do tempo Antes de sair de casa, veja como está o trânsito nas ruas da cidade Que tal pegar um cineminha? Veja quais filmes estão em cartaz Relaxa que é verão! Curta com a gente a melhor estação do ano Mais de três mil pessoas seguiram o Baiana System, que, em determinados momentos, virou espaço de consciência como o instante em que Russo pediu para que todos os presentes levantassem as mãos e mandassem boas energias para o Cabula, bairro onde, recentemente, aconteceu uma chacina gerando a morte de quinze jovens. Lara Amorim, foliã e também integrante dos movimentos sociais refletiu sobre a problemática da inserção da juventude negra dentro do carnaval e afirmou que “o carnaval baiano ainda é exclusivista dentro da perspectiva dos blocos com corda e dos camarotes. A juventude negra infelizmente ainda se utiliza do carnaval como espaço de trabalho do que de folia. Então é segregador, além de ser violento. Violento com essa parcela da população que, nesse e em vários outros processos é sempre excluída e marginalizada”. O Furdunço se deu de maneira alegre e festiva, se configurando como a grande e nova fórmula para o carnaval de Salvador. A perspectiva é que, no ano que vem, a proposta possa se estender e sair mais dias tanto na Avenida, como no circuito Barra/Ondina. *Mariana Kaoos é repórter e colaboradora do iBahia no Carnaval 2015
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