“Não adianta, meu santo é forte! Sabia que o fato de eu estar completando 70 anos tinha muito olho gordo. Tenho 46 anos de trio elétrico, sou o primeiro cantor do trio e o Carnaval começa agora!”, anunciou o cantor Moraes Moreira, diante de um público inquieto e ansioso por pular atrás do trio, que saiu com duas horas e meia de atraso.
O motivo do atraso foi um problema na embreagem do trio que só foi resolvido com a troca da cabine do caminhão. “Isso é uma sacanagem comigo e com o povo da Bahia! Se esse caminhão não funcionar, vou fazer que nem Dodô e Osmar fizeram: se quebrar, vamos empurrar essa porr*!”, disse o cantor que também faz parte do grupo Os Novos Baianos, arrancando gritos de aprovação do público.
A auxiliar de cozinha Larissa de Araújo, 23, não arredou o pé do Farol da Barra com os amigos. Mesmo vendo todos os trios passando na frente da pipoca de Moraes, Larissa não hesitou: “A gente não sai daqui enquanto Moraes não tocar”. O amigo de Larissa, o hoteleiro Renan Campos, 33, concordou. “Sou fã de Moraes e d’Os Novos Baianos”, justificou. Mineiro e morando em Salvador há quatro anos, Renan logo mostrou a tatuagem que tem estampada no peito com a frase “Minha carne é de Carnaval”, em referência à música Swing do Campo Grande, d’Os Novos Baianos.
Outra fã que garantiu que não abandonaria o ídolo foi a engenheira civil Flora Seixas, 25. “Eu estou esperando Moraes desde 19h”, explicou. “Mas na verdade estou na rua desde 13h, porque acompanhei a pipoca de Saulo, fui no Pelourinho, voltei para o Campo Grande, vi a BaianaSystem, a Timbalada, descemos a ladeira da Barra, vi o bloco Balada... São 20 horas de folia! Mas o objetivo sempre foi Moraes”, garantiu Flora, enquanto aguardava o artista que estava previsto para sair às 22h15 e finalmente saiu às 0h45. “Moraes e Os Novos Baianos fazem parte da minha vida! É sensacional pra mim”, completou a fã.
Aos poucos o trio de Moraes saiu pelo Farol da Barra, depois de enfrentar o problema na embreagem. Assim que o trio começou a andar, o anfitrião deu os primeiros acordes da música Chame Gente e pediu proteção. “Baby já fez a oração dela, agora faço a minha que é sagrada e profana”, comparando a música que estava cantando na hora com o Pai Nosso rezado por Baby do Brasil minutos antes, em outro trio.
A pedagoga Cristina Oliveira, 55, é fã declarada de Moraes. Junto com a família e amigos, ela foi curtir mais um Carnaval porque “jamais perderia um!”. “Amo Moraes! Venho desde os 15 anos, desde quando ele começou ‘descendo a ladeira’. Sou apaixonada, porque me lembra minha época de maior felicidade!”, revelou sorridente e citando a música Lá Vem o Brasil Descendo a Ladeira, d’Os Novos Baianos.
Ao lado de outras músicas famosas na voz de Moraes, como Chão da Praça, Eu Sou o Carnaval e Vassourinha, Lá Vem o Brasil fez parte do repertório do artista que passeou pelo repertório desses 46 anos de carnavais. “Que prazer estar aqui com vocês! Agora a Bahia está devolvendo a festa do folião pipoca!”, agradeceu Moraes, primeiro cantor do trio elétrico, ao ver a pipoca cantando em coro as suas letras.
“São 40 e tantos anos de trio, 70 anos de vida e eu estou aqui, com Davi, meu filho, com essa banda maravilhosa e com essa galera da Bahia que me ama, graças a Deus. Estou muito feliz pela homenagem, por tudo”, disse Moraes ao CORREIO. Sobre o resgate da pipoca, que esse ano contou com um número maior de artistas, Moraes comemorou, sem modéstia: “Eu sou o pioneiro disso, eu Dodô e Osmar. A Bahia está dando de volta ao seu povo o que sempre foi do seu povo”.
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Redação iBahia
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