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Campeão mundial de boxe, Everton Lopes é esperança de ouro da Bahia no pan

Lutador baiano enfrenta, às 21h deste domingo (23), o porto-riquenho Antonio Ortiz, valendo vaga na semifinal

• 23/10/2011 às 14:54 • Atualizada em 08/09/2022 às 4:03 - há XX semanas

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Lopes conquistou título inédito para o boxe brasileiro no mundial
A Bahia também tem um Ronaldinho Gaúcho. Só que o craque com dendê na veia não ficou famoso no gramado e sim no ringue. É dentro dele que o pugilista soteropolitano Everton Lopes, 23 anos, mostra sua habilidade e representa o Brasil no Pan-Americano de Guadalajara, no México. "Ele tem um dom natural de assimilar técnicas, um pensamento tático e uma velocidade de raciocínio que não é normal em qualquer atleta. É acima do normal. Tem uma habilidade natural, como se vê no futebol num Ronaldinho Gaúcho", compara o técnico baiano Luiz Dórea, que revelou o atleta e a quem Everton Lopes chama de pai e toma a bênção. Everton disputa a categoria meio médio ligeiro (até 64 kg) no Pan. Estreou sexta vencendo por nocaute técnico o dominicano Ricardo Tejeda e neste domingo (23), às 21h, luta contra o porto-riquenho Antonio Ortiz, valendo vaga na semifinal. "Em 2007, o ouro bateu na trave. Estou engasgado com isso. Venho em busca do primeiro lugar", declarou Everton à Agência Estado. O baiano é mesmo o favorito à medalha de ouro. No dia 8, em Baku, no Azerbaijão, ele conquistou um título inédito. Pela primeira vez, um brasileiro foi campeão mundial na categoria meio médio ligeiro. Fez história, mas não teve tempo de vir a Salvador mostrar a medalha para a família e os amigos. Dona Cláudia, mãe de Everton, não aguentou de tanta saudade. Precisava dar um beijo no campeão. Antes dele embarcar para Guadalajara, ela pegou um avião e deu uma passadinha no alojamento da seleção brasileira, em São Paulo, onde o filho vive hoje. "Foi uma alegria tão grande, um filho entrar pra história é emocionante", conta, radiante. Lavador de carro - Aquele momento fez valer todos os sacrifícios. Hoje servidora pública, Cláudia passou 19 anos desempregada. Não foram poucos os bicos que fez pra conseguir sustentar o filho. "Não gosto nem de lembrar, foi muito sofrimento pra manter custos. Passamos por muita dificuldade", recorda, em meio a lágrimas. Antes de se tornar atleta, Everton também se virava. Trabalhou como lavador de carros e ajudante de obra pra pagar a academia onde começou a lutar boxe com os amigos. Depois que começou a treinar com Dórea, só calejou as mãos pra dar socos. O pagamento pelas aulas era o suor que deixava no ringue. Quando começou no esporte, o pugilista recebia uma ajuda de custo de R$ 200 por mês. Hoje, somando patrocínio da Petrobras, Bolsa Atleta e salário da Marinha, a qual se alistou para participar dos Jogos Militares deste ano, recebe R$ 7.400. A renda já permite que dona Cláudia comece a procurar uma casa em Lauro de Freitas. O maior sonho de Everton é dar uma novinha a ela. "Ele quer me dar um futuro melhor", orgulha-se a mãe, que vive de aluguel.
Sonho de Everton Lopes é dar uma casa para mãe Cláudia
Concentrado, Everton só quer dar entrevista após colocar a medalha do Pan no peito. Só Cláudia e Dórea mantêm contato com ele durante a competição no México. Mas não são os únicos orgulhosos. Everton é herói na Vila São Cosme, no Vale do Ogunjá, onde cresceu. "É menino nosso, um orgulho, sempre foi muito respeitador e merece o que está acontecendo", diz Ruben Cézar Oliveira, dono do bar onde os vizinhos se reúnem para ver as lutas. "Vem muita gente aqui pra vê-lo, toda vez que ele participa, a comunidade participa junto", comenta. Com o coração apertado, dona Cláudia é a única que não olha para a televisão. Prefere acompanhar de costas, só escutando o narrador. Já Flávio, de apenas 12 anos, fica vidrado na telinha e não perde uma luta sequer do primo. "Ele é importante pra nós. Eu chorei e gritei muito quando ele ganhou o Mundial", vibra. Bola nos pés - A madrinha Simone ajudou a criar o lutador e conta que a determinação de Everton pra alcançar os objetivos vem desde a infância. "Ele fazia muita traquinagem, era muito levado, teimoso e quando queria uma coisa...", diverte-se Simone, ao lembrar dos puxões de orelha que já deu no campeão. Antes de se dedicar ao boxe, o pugilista aprontou das suas nos campos também. Assim como a maioria dos meninos brasileiros, Everton sonhava em ser jogador de futebol. O canhoto também trabalha certo com as pernas. "Ele sempre teve habilidade. Quando tinha 2 anos, botei numa escolinha. Quando fez 7, o professor convidou ele pra fazer um teste no Santos. Não deixei ir porque era muito criança", conta a mãe. Aos 14 anos, Everton foi reprovado em testes na base do Vitória e do Bahia, time do coração. Decepcionado, desistiu do mundo da bola e decidiu se dedicar ao boxe, esporte que os amigos praticavam. Em princípio, Dona Cláudia foi contra, mas logo apoiou o filho. E não se arrependeu.

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