Muito pouca gente já ouviu falar do Villa Rio Esporte Clube, da terceira divisão do futebol carioca, fundado em 2004 e sem qualquer título ou façanha relevante no esporte. Mas a lista de jogadores que o Villa Rio já teve sob contrato sem nunca ter vestido a camisa do clube é bastante curiosa. Tiveram - ou ainda têm - vínculo com o clube o zagueiro Diego Morais, que jogou no Hansa Rostok, da Alemanha; o lateral Luciano Amaral, que passou pelo Vitória de Guimarães, de Portugal, e agora está no Marítimo; o atacante Marcelo de Farias que passou duas temporadas em Portugal e agora está na Grécia. Jogadores conhecidos do futebol baiano também foram do Villa Rio como os volantes Danilo Rios, revelado pelo Bahia, Alberoni, que jogou no tricolor, e o lateral Marcelo Cordeiro, que jogou pelo Vitória em 2008.
O Villa Rio faz parte de uma tendência recente do futebol brasileiro - clubes criados por agentes de jogadores apenas para manter sob contrato seus representados, sem qualquer pretensão esportiva maior. O clube é controlado pela Ability Sports, do empresário Fred Souza, que representa jogadores como o atacante Wellington Paulista, do Cruzeiro, o volante Diguinho, do Fluminense, o zagueiro Dedé, do Vasco, e o meia Elias, ex-Bahia, que está no México. O clube não chega a ser uma fachada porque participa de campeonatos. Mas serve principalmente aos negócios do agente e de seus agenciados. A lei brasileira não permite que empresários sejam donos de jogadores. Para garantir um vínculo maior com o atleta, os agentes criam esses clubes, o que garante fatia ainda maior nas negociações.
Não há ilegal na criação desses clubes e os jogadores são livres para decidir se querem ou não estar sob contrato do clube de seu agente. E sempre é bom lembrar que os atletas estão em melhor situação agora do que antes da Lei Pelé - quando tinham seus passes presos aos clubes, mesmo após o fim dos contratos. Os agentes fazem parte do profissionalismo - eles existem no mundo inteiro. São os clubes do Brasil e seus dirigentes que ainda não chegaram ao profissionalismo - faltam planejamento a longo prazo, organização, prestação de contas e transparência.
Usei o Villa Rio como exemplo, mas há outros como o Desportivo Brasil, de São Paulo, e o Nova Iguaçu, do Rio, ambos ligados à Traffic, conhecida empresa de negócios no mundo esportivo, e o paranaense Astral, propriedade do Grupo Massa, do apresentador Ratinho. Escolhi o Villa Rio porque o Vitória está em negociações com o zagueiro e lateral Eduardo, que tem vínculo exatamente com o time carioca e veio de mal-sucedida e tumultuada passagem pelo futebol português. Para o jogador, é um ótimo negócio. Para o Leão, veremos.
*Oscar Valporto é editor executivo e escreve às terças-feiras no Correio* - coluna publicada na versão impressa do Jornal do dia 11 de janeiro de 2011
Veja também:
Leia também:
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!