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Com paralisia inesperada, Renê conta como deu a volta por cima

Formado em medicina, o atleta paralímpico admite: "não imaginava o que era estar na pele do paciente"

Redação iBahia • 06/09/2016 às 9:10 • Atualizada em 30/08/2022 às 22:27 - há XX semanas

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Tudo na vida é questão de perspectiva. Renê Pereira, hoje com 36 anos, ainda estudava Medicina quando um abscesso no canal medular comprometeu as células neurológicas e tirou os movimentos das pernas do baiano, tudo de forma repentina. Um baque. Por ser da área de saúde, tinha consciência da complexidade e da incerteza do seu quadro. Foi um golpe duro da vida que deixou marcas, mas Renê tinha duas opções: seguir em frente ou desistir. A segunda nem era uma opção para ele. “O fato de ser médico me ajudou e me atrapalhou muito também. Por mais que eu tivesse feito faculdade, eu sequer imaginava o que era estar na pele do paciente. Quando fui diagnosticado (2006), eu não tive as respostas que buscava. A lesão neuromedular tem um prognóstico duvidoso. Normalmente é bem ruim, porque deixa sequelas, mas eu não sabia se teria, quais seriam. Eu perguntava e os médicos faziam cara de não saber o que fazer. Fiquei ansioso, porque sabia exatamente o que podia acontecer. Por outro lado, por conhecer meu corpo, pude ver como o esporte seria bom”, lembra. Um dos grandes obstáculos a ser superado era exatamente esse. Renê amava esportes, tinha uma paixão especial pelo baba com os amigos e sabia que nunca mais voltaria a jogar bola. Só que desistir fácil nunca foi a alternativa dele. Jogou os lamentos pra escanteio e foi em busca de outros esportes. Passou pela natação, até que encontrou o remo, esporte que passou a praticar profissionalmente. Levou tão a sério que garantiu vaga para representar o Brasil na Paralimpíada do Rio 2016 na categoria ASM, skiff de 1.000m, nos dias 9, 10 e 11. E tem chance de medalha, já que ficou em quinto lugar no Mundial disputado em junho, na Polônia.

				
					Com paralisia inesperada, Renê conta como deu a volta por cima
Renê Pereira quer mudar cenário do remo na Paralimpíada e luta para conquistar a segunda medalha da história do Brasil na modalidade; até hoje, o país só tem um bronze (Foto: Fotos: Elói Corrêa/GOVBA)
Foi uma escolha. Renê buscou enxergar o lado bom da vida. “Procuro achar um lado bom em tudo, sempre. Em virtude da lesão, estou prestes a realizar meu grande sonho. Querendo ou não, foi graças a ela que entrei no remo e me tornei atleta. Não foi o futebol que eu tanto amava, mas foi o remo. Depois da lesão, chegou um momento que, por mais que eu levasse a minha vida, percebia que não tinha nada mais importante que o esporte”, analisa ele, que está ansioso para conquistar sua primeira medalha paralímpica. “Todos os ingressos da final do remo já foram vendidos. Gosto de torcida, seja contra ou a favor, porque estimula. Imagino que seja um sentimento interessante ouvir todo mundo gritando seu nome e torcendo por você. É muita adrenalina. Já existe a ansiedade inerente do esporte. O remo leva corpo e mente ao máximo, então eu vou estar uma pilha, ansioso”, brinca. Remo ou canoa? O sucesso dos canoístas baianos Isaquias Queiroz, que conquistou três medalhas olímpicas no Rio 20916, e Erlon de Souza, que conquistou uma, ajudou a esgotar os ingressos para o remo. Segundo Renê, muita gente ainda confunde canoagem e remo. “Quando eu falava que remava, o pessoal já perguntava se eu nadava com Fernando Fernandes, que foi do Big Brother e hoje é canoísta paralímpico (risos). Ele é canoa, eu sou caiaque. Não é a mesma coisa. Cada esporte tem uma peculiaridade”. “Com Isaquias, o esporte aquático se tornou mais popular. O remo é mais antigo. O Vitória e os clubes do Rio têm muito tempo nisso, porém nunca tivemos uma Olimpíada com resultado expressivo. A única medalha brasileira no remo foi conquistada em Pequim 2008. Foi um bronze”, completa. A medalha foi conquistada no double skiff TA misto, com a dupla Josiane Lima e Elton Santana. Inspiração Se hoje Renê Pereira é atleta paralímpico, é também graças a Verônica Almeida. E quem conta essa história é a nadadora. “Renê sempre fala que começou mesmo no esporte por causa de mim. É um orgulho. Hoje, ele é referência”, diz Verônica. Ele fala dela com carinho. “Uma vez encontrei ela na piscina da Fonte Nova, logo quando ela voltou com o bronze de Pequim. Quando toquei naquela medalha, decidi que queria uma. Ela me fez querer ser atleta profissional”, explica Renê, que trocou a natação pelo remo por causa do seu biotipo.

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