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Diário de bordo, dia 4: "estive especialmente perto de Deus. Um dia para não esquecer. Jamais"

Repórter do iBahia na cobertura da Brasil Ride relata sensações ao visitar a Cachoeira do Buracão, em Ibicoara

• 27/10/2011 às 0:51 • Atualizada em 09/09/2022 às 5:30 - há XX semanas

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Cachoeira vista de cima e canyon na parte de baixo
Tenho uma missão quase impossível para escrever o diário de bordo de hoje. Mas, por favor, me acompanhem. Vou fazer o possível pra que vocês tenham ideia do que foi, para mim, a quarta-feira, 26 de outubro de 2011. E é apenas ter ideia mesmo, porque só vivendo isso pra saber o que significa.Despertar às 6h, café da manhã no grande restaurante do evento, olho na largada do dia... até aí tudo normal, como nos outros da Brasil Ride. Só até aí. Enquanto os ciclistas partiram para mais uma aventura, eu estava saindo para viver, sem dúvidas, alguns dos momentos mais espetaculares de minha vida.Eu e mais três colegas da imprensa pegamos um dos carros da organização, que foi disponibilizado para os jornalistas, e fomos rumo à cidade de Ibicoara para visitar uma das cachoeiras da cidade. Chegamos lá e recebemos uma má notícia: não seria possível visitar a cachoeira que planejamos. Para chegar lá seriam três horas de carro, mais três horas de caminhada. Somando ida e volta, precisariamos passar a noite lá. Impossível para quem tinha que voltar a Rio de Contas no mesmo dia.A sugestão oferecida pelo secretário de Turismo de Ibicoara foi que visitássemos outro lugar. A Cachoeira do Buracão. Mesmo desapontados, resolvemos ir onde não haviamos planejado. Mas graças a Deus que o planejado não deu certo. Logo entederão porquê. Um jovem guia chamado Léo nos levaria até o destino, um cara apaixonado pelo que faz. Fomos. Uma hora de carro, mais uma hora de caminhada. Primeiro iriamos ver a queda d'água de cima, depois desceríamos pra ver por baixo. Começou a surpresa. A cachoeira do Buracão tem espetaculares 85 metros, e daqui para frente me perdoem pelo uso excessivo de adjetivos.Léo aconselhou nos deitarmos na pedra pra conseguir olhar para baixo. Na primeira tentativa, deitei, rastejei até a ponta, foi procurando o fim da cachoeira, lá embaixo... mas o olho não alcançava. Bateu a vertigem, desisti. Só na segunda vez houve coragem pra chegar mais perto e perder o fôlego de ver a que altura eu estava do final daquela cortina de água.Já estava suficientemente impressionado. Mas não sabia que ali tinha sido um simples começo perto do que viria. Descemos para literalmente ir até o buracão. Por baixo, para chegar até a queda d'água, era preciso atravessar um canyon estreito, escorregadio e do qual um deslize levaria direto pra água totalmente escura e gelada. Isto se antes da água não acertássemos alguma parte do paredão de pedra, que poderia fazer um estrago considerável.
Deixamos todo o material que carregávamos. Câmeras, tripés, mochilas, até as roupas... seria impossível atravessar com qualquer coisa na mão. E ainda que fossem, elas ficariam completamente molhadas pelo spray que vinha muito além do local onde a água caia. Tudo que levamos foi a expectativa e um colete salva-vidas preso ao corpo. Só a memória registraria o que vimos dali em diante. Apesar de ainda ser 15h30, no horário de verão, a luminosidade lá embaixo parecia do começo de uma noite.E a coragem para atravessar por um pedaço de madeira para ir de um lado a outro do canyon? Não sei onde encontrei, mas passei. Depois, vivi momentos de alpinista dando passos curtos no paredão escorregadio. Enfim, na chegada à grande fenda redonda, uma das cenas mais bonitas que já presenciei nestes 22 anos de vida.Olhar para cima e ver aquela infinidade de água caindo e formando um imenso véu sobre nós cinco foi simplesmente inexplicável. Tudo o que conseguimos fazer foi soltar o grito. E não tenho problemas em dizer: sabendo que estavamos vivendo algo fantástico, os cinco "marmanjos", com todo respeito, deixaram o olho encher de lágrima. A natureza estava ali, dando uma mostra do que ela é capaz. Ao mesmo tempo me sentia muito pequeno diante do que via e muito grande por ter conseguido viver aquilo. Não dá pra explicar.Passados muitos minutos de contemplação. Hora de achar coragem novamente. Desta vez para se jogar na água escura e confiar no colete para voltar até o lugar de onde deixamos nossas coisas. Não foi tão difícil. Pior foi ter que deixar aquilo tudo para trás. Mais uma dúzia de parágrafos não seria capaz de transmitir a emoção de hoje. Estive especialmente perto de Deus. Um dia para não esquecer. Jamais.*Repórter enviado a convite da organização da Brasil RideAcompanheDiário de bordo, dia 1: saiba como estão sendo os dias do repórter do iBahia que está na ChapadaDiário de bordo, dia 2: repórter do iBahia na Brasil Ride toma susto depois de chuva em acampamento Diário de bordo, dia 3: "deu pra ver de muito perto o que é poder de superação"

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