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Em busca do ouro, baiano Ricardo fala por que deixou Salvador

Tranquilão e com voz mansa, Ricardo, eleito Herói Olímpico pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), em 2004, concedeu entrevista

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31/07/2012 às 17:00 • Atualizada em 29/08/2022 às 8:18 - há XX semanas
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Alison já conquistou três medalhas em Olimpíadas
Ainda sujo de areia após a vitória contra os britânicos Grotowski e Garcia-Thompson, por 2 a 0, segunda, o baiano Ricardo falou com exclusividade ao CORREIO.Tranquilão e com voz mansa, Ricardo, eleito Herói Olímpico pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), em 2004, explicou como a falta de apoio o fez deixar a Bahia, apesar de ser o maior medalhista do estado (ouro em Atenas 2004, prata em Sydney 2000 e bronze em Pequim 2008) – e por que não pensa em voltar.O depoimento expõe as fragilidades do incentivo baiano ao esporte, perdendo importância inclusive no Nordeste, ilustrado pelo caso da judoca Sarah Menezes, que garantiu continuar no Piauí depois de faturar o ouro em Londres. Como você, que já tem três medalhas, chega para Londres? Chego bem motivado porque estou coma parceria nova com Pedro, estamos muito bem preparados e focamos nisso esse ano. Venho com uma bagagem maior de Jogos Olímpicos, tenho as três conquistas que pode existir, então sei o que cada uma representa. Mas quero voltar a ter medalha, isso vem como inspiração, como o ponto maior. Estou muito confiante.Após duas vitórias, o que esperar dos canadenses? A gente jogou contra eles uma vez só, esse ano, em Praga. Foi duro: dois a um. É time novo, como o nosso, mas que quer mostrar que quer crescer. Cada jogo vai sendo mais difícil porque você pega o ritmo da competição. Eles vêm querendo vencer de qualquer maneira porque perderam para a Noruega. Nosso desafio é ganhar para sair tranquilo em primeiro do grupo. A dupla com Pedro Cunha, formada no meio de 2011, está 100% afinada? A gente vai crescendo durante os jogos. No primeiro jogo, fizemos mais pontos de bloqueio, agora foi mais o saque. Cada jogo a gente vai descobrindo algo novo para fortalecer o nosso time. Você é especialista em bloqueio e ataque, já Pedro, em defesa, mas é muito exigido no ataque, pois sacam mais nele. Qual a dica que você dá pra ele? Apesar de ser mais novo (28), ele é muito rodado, porque começou cedo. Foi bicampeão mundial júnior, então é muito experiente e já controla bem a pressão. Prefiro deixá-lo muito à vontade e vou tentando informar como o adversário está se postando para que, nas jogadas seguintes, ele tenha mais facilidade na virada de bola. E sempre conversamos para ajeitar a parte defensiva. Temos uma comunicação muito boa entre bloqueio, defesa e virada de bola e isso é muito bom.Alison e Emanuel são os principais rivais? Temos que tê-los como aliados, não como rivais. São Brasil também. Tem Estados Unidos, Alemanha, China, Holanda: esses são os adversários. Só pensamos neles como adversários se tivermos um cruzamento. Mas, enquanto isso, estamos torcendo pelo nosso país.Você treinou muito no Jardim de Alah. Qual a importância de sua formação ali até a chegada aqui, no jardim da Rainha? De um jardim pro outro (risos). Comecei no Porto da Barra, treinei dois anos lá e depois fui para o Jardim de Alah porque no Porto a maré subia e estragava a quadra. Mas a gente sempre tentava treinar nos dois lugares porque são areias diferentes. Só tenho boas lembranças do começo, de superação, dos amigos que iam prestigiar.E agora? Estou em João Pessoa há 14 anos, saí (de Salvador) por falta de apoio. Todo mundo sai da Bahia por isso. Pode aparecer novos atletas, mas eles estarão sempre buscando algo novo. Pode ser que um ou outro fique, mas a falta de apoio ainda é crucial para que atletas deixem o estado. E eu consegui (apoio) na Paraíba, do governo e da prefeitura. Depois das medalhas olímpicas, chegou a tentar voltar? Criei uma estrutura muito boa em João Pessoa e continuei com apoio. Seria muito difícil voltar e partir do zero. Está muito tranquilo lá. É uma cidade com qualidade de vida muito boa, tranquila para se viver, segura. Às vezes que volto para visitar parentes e amigos, sempre fico assustado coma violência que está no nosso estado e isso tira um pouquinho do brilho de um dia tentar regressar.E vai encarar o Rio 2016? Faço a preparação a cada ciclo. Vou esperar acabar esse pra colocar as cartas na mesa e ver minhas condições, se vale a pena brigar mais quatro anos. Não tenho problema de lesão, isso pode ser que me ajude a pensar em novo ciclo. Mas agora penso até o final do ano e principalmente aqui. Estou com 37, mas aqui tem jogadores mais velhos. No circuito, tem jogador de 45. A vida no vôlei de praia é mais longa porque não tem impacto e, por isso, poucas lesões.Emanuel falou que, após Pequim e bronze de vocês, pensou em parar. Você também? Eu não (sorri). Pelo contrário, o sonho de uma medalha olímpica sempre revive a cada novo ciclo.

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