Clássicos, partidas decisivas, os melhores times do Brasil em campo. Na teoria, era para ser um fim de semana glorioso para o futebol nacional; na prática, tivemos uma fieira de partidas sem brilho, numa mostra do desequilíbrio entre as equipes nos estaduais e a escassez de talento que aflige a maioria dos times, mesmo finalistas em seus campeonatos.
São Paulo gastou três meses e quase 200 jogos para chegar à óbvia conclusão de que Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Santos são os times qualificados para chegar ao título. Em joguinhos com alguma emoção, mas nenhum brilho, os grandes paulistas eliminaram seus limitados desafiantes. Era uma disputa desigual: times que podem disputar o título do Brasileiro da Série A, contra fregueses antigos da Série B nacional (Ponte Preta e Portuguesa) ou aspirantes à Série D (Mirassol e Oeste).
Esse desequilíbrio mostra como é ruim a situação do Botafogo carioca que nem chegou às semifinais do estadual e está fora da Copa do Brasil. No Fla-Flu que decidiu o adversário do Vasco na final da Taça Rio, o segundo turno por lá, teve emoção na disputa de pênaltis, mas o jogo mesmo foi de baixa qualidade. Pelo menos, em São Paulo e no Rio, há mais de dois times capazes de disputar o título. No Rio Grande do Sul, Inter e Grêmio, que já ganhou o primeiro turno, vão decidir o segundo e, portanto, o campeonato. Mas os dois times estão preocupados mesmo é com a Libertadores.
Em Minas, está tudo encaminhado para termos mais um Cruzeiro x Atlético. O Cruzeiro - time de melhor campanha na Libertadores - foi até Teófilo Otoni e fez 8x1 no América local. E era jogo pela semifinal do Mineiro: um desequilíbrio absurdo. Quase tão absurdo como o público dessas semifinais: 3.389 pagantes em Teófilo Otoni, 2.818 no jogo entre América e Atlético.
Nos outros estados, mesmo com clássicos e decisões, as maiores plateias estiveram na casa de 20 mil, como no Ba-Vi, no Fla-Flu, e na partida entre Sport x Náutico. O Coritiba sagrou-se campeão paranaense invicto, com a marca espetacular de 21 vitórias consecutivas, diante de um modesto público de 19 mil pagantes.
A decisão antecipada no Paraná manda uma preocupante mensagem para o futebol baiano. O Atlético Paranaense, que eliminou o Bahia da Copa do Brasil com uma impiedosa goleada de 5x0, tomou de 3x0 do Coritiba, que está evidentemente mais preparado do que o adversário para a Série A que se aproxima. O Bahia, bom lembrar, suou para eliminar o Paysandu, que está na Série C desde 2006. A péssima situação tricolor deve servir de alerta também para o Vitória que, no Ba-Vi, chegou a levar um calor do combalido rival que tinha um jogador a menos. Abram o olho porque o Brasileiro vem aí.
Oscar Valporto é editor executivo e escreve às terças-feiras. Coluna
publicada na edição impressa do jornal Correio* do dia 26 de abril de
2011
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