Os primeiros dois gols do Gladiador como profissional encheram o torcedor do Bahia de orgulho. A sensação é nova. Afinal, quando é que um menino da base tricolor desponta no time júnior e logo depois é alçado ao profissional, direto pro time titular? Quase nunca.
Pois Rafael tem estrela. Do elenco atual, Ávine, Marcone e Ananias penaram no mínimo quatro anos e suportaram toda a impaciência da torcida por causa da situação do clube, sempre imerso numa Série B ou C da vida. Rafael não. Seis gols em sete jogos na campanha do vice da Copa São Paulo, torcida feliz pela volta à primeira divisão - apesar da má campanha no Baiano - e ainda o destino a favor dele. Primeiro foi o murro de Jael, depois a lesão de Souza, a não regularização de Robert, e quem sobra? O Gladiador, prontinho para estrear. Logo de cara, um Ba-Vi.
Rafael jogou mal o clássico, mas o Bahia ganhou e ele se deu bem. Do contrário, provavelmente sairia queimado, como já aconteceu com muitas outras promessas da base. Jajá se queimou por tentar fazer um gol de letra na Fonte Nova. Ancelmo, um meia baixinho que arrebentava na base na mesma época (2004-2005), está agora no CSA de Alagoas. O outro vértice dessa promissora trinca chama-se Neto Potiguar e joga na Caldense de Minas Gerais.
Mas voltemos a Rafael. Um gol de direita, aproveitando rebote, outro de esquerda, controlando a bola na cabeça, e o Gladiador correu para a multidão na arena lotada. Opa! Cadê a multidão? Arena lotada? Sempre campeão nesse quesito, a média de público do Bahia em 2011 está mais para Bahia de Feira: 7.036 torcedores por jogo (foram cinco como mandante até agora). Em contraste com toda a euforia que toma conta dos tricolores neste Verão, o recorde do ano em Pituaçu são os 14.149 pagantes do Ba-Vi de domingo. O segundo maior público foi 7.754 contra o São Domingos.
A diretoria capricha nas ações pontuais de marketing. Camisa retrô de 1931, retrô de Raudinei. Só falta fazer um retrô no preço do ingresso. Não precisa ser os R$ 10 da saudosa Fonte Nova, mas manter essa herança de preço alto que começou a ser posta em prática desde a reinauguração de Pituaçu, em 2009, e sob a gestão de Paulo Carneiro no futebol, é completamente fora da realidade local. Se R$ 50 para ver Bahia x Feirense era um acinte, R$ 30 como o menor preço continua caro e excludente.
*Herbem Gramacho é sub-editor de Esporte e escreve durante as férias
do editor Eduardo Rocha. Coluna publicada na edição imprensa do
Correio* do dia 25 de fevereiro de 2011
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