Compositor de destinos, o tempo passa e reúne numa tarde de domingo pela TV os heróis da última grande conquista da nossa Seleção. Nove anos. Para Ronaldo, o tempo parece ter sido pesado. É contra ele que luta o Fenômeno de 2002, o artilheiro da Copa do Mundo na Ásia. Mas a primeira etapa do jogo contra a Portuguesa passa pouco da metade quando Ronaldo recolhe a bola e enfia mansamente entre as pernas do zagueiro. Um lampejo da velha mágica, uma esperança de que veremos mais até ele dizer o adeus prometido para o fim do ano.
Tempo, tempo, tempo, tempo: para Roberto Carlos, ele parece revigorante. No mesmo jogo contra a Portuguesa, o lateral, titular em três mundiais, começa a jogada do primeiro gol com um passe de curva, que vai encontrar Bruno Cesar dentro da área para que ele ajeite a bola para a bomba de Paulinho. E do veterano de 37 anos, 38 em abril, a jogada do fim de semana no futebol brasileiro: um gol olímpico, com chute de trivela, batendo um córner na esquerda, de canhota, quase rasteiro. Um gol olímpico diferente de todos os outros, uma marca do reencontro do lateral com a alegria de jogar futebol.
Com o mesmo físico de atleta de seu auge no Real Madrid, Roberto Carlos serve de exemplo para a garotada que sofre para entrar em forma neste começo de temporada no Brasil. Tambor de todos os ritmos, o tempo traz outros dois craques para os estádios do Brasil. Em Londrina, sem tocar na bola, Ronaldinho dá o tom da vitória do Flamengo. No banco, o sorriso aberto, as brincadeiras com os companheiros, a simpatia com os torcedores. O carisma faz parte do estilo do craque de talento exuberante, que faz qualquer torcedor sonhar. Os incrédulos acham que o gaúcho está derrotado pelo tempo: não perdem por esperar.
Ronaldinho ainda não completou 31 anos e, se não está no auge da carreira, ainda tem muitas jogadas a exibir, do seu infinito e inigualável repertório. Tempo, tempo, tempo, tempo: no rosto fino e no corpo magro, Rivaldo mostra poucas marcas dos seus 38 anos. De um camarote, o melhor jogador do Brasil na Copa da França, o melhor jogador da Copa do Mundo de 2002, vê o São Paulo vencer o seu Mogi, time do qual é presidente, dono e futuro camisa 10.
As entrevistas são curtas, os gestos contidos: o pernambucano mostra agora a mesma timidez que atrapalhou o reconhecimento pleno de seu talento fora de série. Após conquistaremtodos os títulos e aplausos na Europa, os campeões de 2002 vão iluminar mais um pouco os gramados do Brasil. Que o tempo e os deuses do futebol sejam generosos com sua arte.
Horror - Em deferência a craques e torcidas, poupo-me de comentar a estreia da dupla Ba-Vi no Baiano 2011.
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