Ele foi criado na França, mas não só ganhou adeptos no Brasil como já é praticado em solo soteropolitano. Aos olhos curiosos, o Parkour pode parecer estranho, mas os praticantes dizem saber bem o que estão fazendo e onde querem chegar com os saltos cheios de ousadia e agilidade.
Confira galeria de fotos do treino do grupo
É um esporte? Quem dá a resposta a essa pergunta é um dos veteranos do Parkour em Salvador. Vinícius Alcântara, o Fallux, 22 anos, é um dos principais articuladores de um grupo de jovens que se reúne para colocar em prática a arte do deslocamento, em diferentes espaços da cidade. Para Fallux, "não dá para classificar o Parkour como esporte, é uma espécie de disciplina".
Mesmo não sendo colocado na mesma categoria, o Parkour divide com as atividades esportivas algumas características. Antes e depois de conseguir aprimorar a técnica, o corpo é exigido em todas as partes. Com tantas corridas, saltos e escaladas, braços e pernas passam a adquirir resistência e haja fôlego para aguentar as sequências de cada treino.
Além dos benefícios corporais, os jovens garantem que o Parkour também é um exercício para a mente. "Existe uma relação com o medo. Para conseguir avançar,a pessoa tem que se confrontar com o medo pessoal", disse Gustavo Damasceno, de 20 anos, cinco deles treinando Parkour. Além de desafiar os próprios medos, entre um corrida e outra a mente do praticante é trabalhada de outras maneiras. "As pessoas são educadas a perceber melhor o ambiente onde estão", afirmou Gustavo, completando que só assim o treino pode funcionar.
Nômades da arte do deslocamento
Reunidos desta vez na Praça da Lapinha, na Liberdade, o grupo não tem terreno fixo para a prática, e a cada semana escolhe um local diferente da capital para treinar. O lugar escolhido se torna o ponto semanal de encontro dos amantes do Parkour que estão espalhados por bairros de Salvador, como Itapuã, Brotas, Costa Azul, Imbuí, e assim por diante.
A internet tem participação especial no nascimento e crescimento do Parkour em Salvador. Foi através de uma comunidade no orkut que os jovens se conheceram e hoje usam a rede social para dividir as experiências com a atividade. Por lá eles recebem novos integrantes e se articulam com o mais experientes para saber mais sobre a técnica e história da prática.
"Não é uma coisa só para homem"
Ana Antar tem 23 anos e não se sentia nada intimidada em ser a única mulher em meio a tantos rapazes na Praça da Lapinha. Há cerca de um ano, ela treina parkour com o grupo e afirma com segurança que esta também é uma atividade para mulheres. "É uma coisa como qualquer outra. Os homens podem ter algumas facilidades a mais, mas isso não quer dizer que mulheres não possam fazer", argumentou Ana.
Acostumada ao teatro, a jovem estava em busca de algo que colaborasse com o desempenho nos palcos e diz ter encontrado este parceiro no Parkour. "Não faço só pelo teatro, mas isso ajudou muito. Já fiz um espetáculo inteiro baseado no Parkour", disse ela.
As quedas e tropeços também fazem parte
No Parkour quanto mais perto da naturalidade estiver a prática, melhor, afirmam os adeptos. Isso pode justificar o fato de apenas tênis e roupas leves serem suficientes para começar na atividade. "A gente procura treinar com o mínimo de facilitadores, até porque não temos um botão que nos 'liga' para o Parkour, é a qualquer hora", explicou o veterano Fallux.
Alguns riscos fazem parte da rotina. Quem se aventura nessa está sujeito a algumas topadas, arranhões e outros machucados leves, resultantes do contato com os obstáculos, mas o grupo garante que entre eles nunca aconteceu nada mais grave. Para eles, assumir os riscos também faz com que o cuidado seja maior, sem perder a naturalidade.
Serviço - Aos novos interessados no Parkour, basta visitar a comunidade do orkut e integrar a galera dos artistas da arte do deslocamento.
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