Mesmo em campeonato sem grande nível técnico, como o Baiano, dá pra tirar coisa boa. Aquele zagueiro perna de pau, que também chamam de terceiro-zagueiro ou volante-zagueiro, por exemplo, está em extinção. Dos oito times que buscam vaga na semifinal, só o Camaçari é fã do 3-5-2, 3-6-1, etc. Os demais times são diferentes, além da qualidade dos atletas, pelo apoio dos laterais, no posicionamento tático do meio para frente ou onde começa a marcação. Por hora, aquele office boy do lateral ou dos outros zagueiros sumiu.
Defesa menos vazada, o Vitória tem Alison e Leo Fortunato. Os volantes Uelliton e Esdras atuam em linha; cada um protege um lado. Ambos são de combate, de caçar a bola. Uelliton, contudo, prefere passes curtos e gosta de sair jogando, enquanto Esdras usa o passe longo. A maioria, no entanto, como os dois Bahia, Atlético e Vitória da Conquista usa três volantes e um meia. Serrano e Feirense têm dupla personalidade: usam o boy quando pegam a dupla Ba-Vi e descartam nos jogos pelo interior.
Como os três volantes geralmente têm característica parecida, mais de marcação, os times terminam defensivos e com dificuldade de manter a bola no ataque. Acabam reféns dos jogadores de velocidade na frente, do apoio dos laterais, da bola parada ou do chutão para a área. Os técnicos destes times deveriam, ao invés de usar volantes pelos lados, escalar quem tem bom passe e mobilidade, dando ritmo de jogo e valorizando a posse de bola. Para compensar a perda na marcação, seria preciso adiantar o time e povoar o campo adversário atrapalhando a saída de bola. Quando tomassem a bola, estariam mais perto do gol e com talento para resolver.
No Bahia, por algumas rodadas, Benazzi usou Marcone centralizado, Ramon pela direita e Hélder na esquerda. Mas o time marcava no próprio campo. Ramon recuava demais. Na hora do passe, estava longe do gol e dos atacantes. Tressor ficava só. Já tem quem diga que os dois não podem jogar juntos. É justamente quem vai dizer que o Bahia cria pouco, finaliza mal e é previsível.
Às vezes, para aliviar a pressão lá atrás, alguns técnicos mandam o time apertar a saída de bola, mas não avançam os zagueiros. É ainda pior. Abre-se um buraco no campo e a defesa termina mais desprotegida. Muitos gols no 2º tempo nascem a partir desta bagunça. Tem também o técnico sempre precavido. Aquele que morre de medo de ousar um futebol mais aberto, errar e ser criticado. Prefere se omitir. Nunca escuta um elogio. Aqui pelos menos sumiram com o zagueiro perna de pau.
Marcelo Sant´Ana é repórter especial do jornal Correio* e escreve quinta e domingo. Coluna publicada na edição impressa do dia 31 de março de 2011
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