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Tite explica os problemas que tem que resolver até a Copa América

Técnico expõe dificuldade com Coutinho e admite que laterais não têm sucessores prontos

Redação iBahia • 06/12/2018 às 14:12 • Atualizada em 29/08/2022 às 23:28 - há XX semanas

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Eliminação nas quartas de final da Copa de 2018 digerida, Tite começou um novo ciclo à frente da seleção com um objetivo inicial claro: iniciar a transição sem provocar rupturas a fim de ter um time pronto para conquistar a Copa América do ano que vem. Ele detalha como pretende resolver os problemas da seleção até o torneio, que começa em junho.

(Foto: Pedro Martins / MoWa Press)

Desde a Copa, que prioridades estabeleceu para o trabalho?

Primeiro, dar oportunidade a novos atletas, mas manter uma estrutura que permitisse ter desempenho e resultado. Hoje temos 20 atletas que não estiveram na Copa, e alguns me surpreenderam. Ouvia o Abel (Braga) falar bem pra caramba do Richarlison. Mas é diferente ver como ele reage na seleção.

O Arthur já vinha amadurecendo. Paquetá eu queria ver mais, joga numa posição em que estamos carentes. Nosso meio-campo perdeu luz e criatividade, sem Coutinho e Paquetá. Mas precisei ser coerente com necessidades do Flamengo e não o chamei. Allan (do Napoli) foi uma surpresa. E não queria descartar o que foi feito de bom lá atrás, na Copa. Atletas que produziram bem, que podem estar na Copa América, que passa a ser agora o primeiro plano. Ainda que não cheguem ao Mundial (de 2022).

Então não haverá novidades na Copa América?

Preciso estar aberto ao que surgir. Veja o Weverton, do Palmeiras, que cresceu muito. Eu vinha convocando dois goleiros e um mais moleque, agora não será mais assim. Bruno Henrique fez grande campeonato, Dudu. Vão concorrer: Dudu com Richarlison, Éverton...

Essa transição gradativa tem a ver com a pressão por resultado na Copa América?

Não sou ingênuo, sei que preciso do resultado, mas em primeiro lugar está meu objetivo. Uma transição precisa ser feita assim, não se muda tudo num estalo. Do contrário, a dupla de zaga seria Thiago Silva e Miranda, que jogaram muito a Copa do Mundo. Mas em todos os jogos (a dupla) foi Marquinhos e mais um. Porque é difícil ter os dois em 2022, mas o Marquinhos eu vou ter.

Você acha que boas atuações sem resultado sustentam você até o Qatar?

É muito difícil pela cultura que temos. Fala-se muito, mas, na hora de comportar-se desta forma, não é por aí. Precisa haver uma conscientização por parte de dirigentes, imprensa, técnicos. A classe diretiva precisa melhorar em conhecimento de futebol. Há vaidades na hora de delegar para executivos, vaidades em relação ao técnico aparecer demais na mídia, o que ofusca e gera incompatibilidades.

Mas a sensação é que só uma catástrofe na Copa América tiraria você...

Vejo você muito otimista. Tomara que essa realidade chegue.

Em 2016, você assumiu e o time encaixou de primeira. Está mais difícil agora?

Não é normal acertar na primeira, mas às vezes acontece. Você traz o Coutinho para o lado, coloca o Renato Augusto e pronto!, o time se mostra. Agora o problema está ligado fundamentalmente à organização do meio. Coutinho é o melhor meia criativo que há.

Você o vê como meia central? Não como meia-atacante que parte do lado do campo?

Ele pode fazer ambas, mas não necessariamente precisa jogar pelo lado como antes. Li uma matéria (do jornal “El País") dizendo que o Liverpool teria entendido que, por questões físicas, ele não podia jogar ali (no meio). Tenho restrições (à matéria), não sei até que ponto é fake. Acabou virando verdade. Pedi ao (preparador físico) Fabio Mahseredjian um estudo das características físicas do Coutinho. Ele fez e falou: “Ele pode te dar as ações de qualidade, intensidade, todos movimentos de meio-campista. Pode usar". Eu queria estudar, ainda mais vindo do Jürgen Klopp. Após a Copa, pedi um estudo de Pogba, Modric, Quintero, Matuidi e Coutinho. São posições e funções parecidas. Todos os índices mostram que o Coutinho tem capacidade de execução física igual ou superior.

E como compor o meio?

A ideia agora é Firmino, partindo do centro do ataque, fazer o que o Coutinho fazia partindo do lado (compor o meio-campo). Ter o Coutinho como meia central, um primeiro volante como Casemiro, Fernandinho ou Walace, e mais um articulador do lado. Pode ser o Arthur, pode ser o Renato Augusto, para ser mais criativo.

Talvez até Fernandinho com Casemiro, para dar liberdade ao Coutinho. Ter Firmino para buscar e duas flechas pelos lados. Neymar voltou a jogar mais pelo lado no PSG. Ele pode jogar pelo meio porque é muito criativo, mas ele é mortal quando sai da primeira pressão do adversário e arranca, ninguém pega. Mas esta busca tem sido muito mais difícil.

Antes, Jesus era um centroavante que dava opção em profundidade. Firmino é um 9 que vem buscar a bola.

Sim, é preciso sincronizar movimentos. Quem é leigo diz que é a mesma coisa. Mas não é. Firmino faz movimento de frente para trás. Gabriel Jesus fazia de ruptura, infiltração. E entrava muito em impedimento, porque queria sempre a bola. Contra o Uruguai, em um momento Neymar veio falar com Firmino. Vi que estava combinando de ficar aberto, para infiltrar no pivô. Logo veio a jogada de combinação, com Firmino lançando Neymar.

Ter Coutinho como meia exige compensações defensivas?

O movimento dos laterais por dentro é básico conosco desde o início. Eles são construtores por dentro, a amplitude é dos externos. Aí você tem Dani Alves que constrói, Marcelo, Filipe Luís... Danilo nem tanto, mas tem o código genético do Manchester City, fica ali com facilidade.

Mas não é simples que eles cheguem a 2022. Você vê laterais surgindo com esta característica?

A gente monitora. Tomara que Jorge (Monaco) vingue, Wendell (Leverkusen), Renan Lodi (Atlético-PR) tem qualidade técnica. Mas voltando ao meio, não posso ter Paulinho e Coutinho alinhados. Preciso ter Paulinho mais atrás, como no Corinthians, para dar sustentação e equilíbrio, deixando o Coutinho mais agressivo, que é o natural dele. Esse é o desafio desse equilíbrio. Arthur pode fazer o papel do Paulinho, Renato Augusto também, com Firmino saindo mais para jogar.

Com Firmino saindo da área, sem Paulinho, com Neymar vindo buscar a bola. A seleção perdeu pisada na área?

Isso ficou nítido nos últimos jogos. Não adianta cobrar criatividade se não escolhermos jogador com característica de criar e finalizar. Quando a jogada está do lado oposto, Douglas Costa tem dificuldade em infiltrar. Ele finaliza muito quando está aberto e traz a bola para dentro. Richarlison infiltra, quer gol, não quer construir. Éverton tem uma capacidade de rapidez de execução impressionante, e é goleador. Essa construção tem sido mais custosa. Por isso lamentei quando Coutinho machucou, e eu já não tinha Paquetá: fiquei sem criatividade. Allan vai vir como segundo homem, um pouco mais de trás. Ele vai à área, mas com frequência eventual.

Onde você quer o Neymar? Ele tem feito jogos como meia.

O PSG tem Mbappé e Cavani no ataque, mas não tem tantos meias armadores. Então ele (o técnico Thomas Tuchel) tem trazido Neymar para o meio. Contra o Liverpool ele usou a melhor maneira de explorar Mbappé, Cavani e Neymar, que é deixar Neymar aberto na segunda linha de quatro. Por dentro ele fica presa mais fácil. Faz assistências, mas não chega na área, não fica tão decisivo. Não é dizer que ele não pode, é onde rende mais. Ninguém sofreu mais contra o Neymar do que eu (pelo Corinthians). Uma vez o Santos mudou a posição dele e o colocou por dentro, onde tínhamos o Ralf. Eu falei: "Deixa ele. Ralfa vai engolir." Porque ele ia ficar de costas, teria mais contato físico. Quando vem de fora para dentro, leve, é muito mais difícil. Pra mim, prefiro a versão Santos, Barcelona e seleção. Até corrigi um pouquinho, que estava vindo muito: “Preciso ter você decisivo, na penúltima jogada. Se tiver você aqui atrás não vou ter lá na frente.” Ele disse que era o hábito do PSG.

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