Tendo como base uma pesquisa de cinco anos atrás, que recolheu informações apenas sobre orientação sexual, a Bahia chega em 2024 com um número incerto da população LGBTQIAPN+. É o que aponta um levantamento feito pelo iBahia, com base em informações compartilhadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo Censo no Brasil.
Veja mais:
- Shoppings oferecem serviços gratuitos para comunidade LGBT na Bahia
- Salvador recebe ritual performático sobre ancestralidade LGBTQIAPN+
De acordo a entidade, a previsão é de que novos dados sobre o tema só saiam em 2025, com o resultado da Pesquisa Nacional de Saúde e Demografia (PNDS), que renova a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). Feito em parceria com o Ministério da Saúde, o levantamento, que teve coleta finalizada em fevereiro deste ano, deve avançar com números de identidade de gênero.
Leia também:
Até lá, o que se sabe é que 204 mil pessoas se autoidentificavam homossexuais (gays e lésbicas) ou bissexuais na Bahia em 2019. O número corresponde a 1,8% da população com 18 anos ou mais na época, proporção menor que da parcela de pessoas que não souberam ou não quiseram responder à pesquisa: 3,8%. Pessoas trans, intersexo, assexuais, pansexuais e não-binárias não foram contabilizadas.
GGB aponta problemas para LGBTs
Para Marcelo Cerqueira, coordenador municipal da Política de Cidadania LGBT e ativista do Grupo Gay da Bahia (GGB), o déficit representa um prejuízo para a comunidade, sobretudo em momentos de criação de políticas públicas.
"Falta de dados atualizados dificulta a compreensão das necessidades emergentes da comunidade LGBT+, como questões de saúde, educação, segurança e emprego. Sem informações precisas e atuais, é impossível planejar e implementar políticas que realmente atendam a essas necessidades. É curioso notar que muitas pessoas nunca foram entrevistadas para esses levantamentos, o que pode indicar uma falha na abrangência da pesquisa", disse.
O baiano contou que defende uma estimativa construída com base em pesquisas e dados disponíveis em outras regiões, como um estudo realizado nos Estados Unidos pelo médico Alfred Kinsey na década de 1940. Os dados levam em conta que cerca de 10% da população americana se identificava como homossexual.
"Aplicando essa mesma proporção à população de Salvador, que é de aproximadamente 2.417.000 pessoas, podemos estimar que cerca de 241.700 pessoas se identificariam como LGBT+ [muito maior que o de toda a Bahia em 2019]", pontuou Marcelo.
Em entrevista, Marcelo sugeriu ainda que o IBGE contrate LGBT+ para a realização das perguntas sobre os temas, além de fazer inclusão de questões sobre orientação sexual e identidade de gênero. "Contratar pessoas LGBT+ das localidades para atuar como recenseadores pode facilitar a identificação e aumentar o conforto dos entrevistados ao fornecer informações sensíveis".
O que diz o IBGE sobre as pesquisas
Em contato com o portal, a superintendente de informações do IBGE, Mariana Viveiros, pontuou desafios para a realização desse tipo de pesquisa.
"Existem alguns desafios metodológicos para produzir estatísticas nacionais sobre essa temática, nos moldes e seguindo os padrões internacionais aos quais o IBGE precisa atender, que envolvem sobretudo o caráter pessoal e individual da resposta. Ou seja, a necessidade de que a própria pessoa informe sobre sua identidade, sentindo-se respeitada, confortável e segura para fazê-lo".
Ainda segundo Mariana Viveiros, apesar disso, a questão já foi incorporada definitivamente ao escopo do levantamento. "Vai ganhar espaço, profundidade e frequência na medida em que os avanços conceituais, metodológicos forem ocorrendo", pontuou.
Alan Oliveira
Alan Oliveira
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!