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FERVO DAS CORES

‘Me sinto uma ferramenta de construção social’, ressalta Majur sobre ser uma representatividade trans

Artista cresceu no Uruguai, em Salvador, e segue ganhando o mundo com a música

Elson Barbosa • 01/01/2023 às 9:00 • Atualizada em 02/01/2023 às 15:49 - há XX semanas

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Majur dos Santos Conceição, ou simplesmente Majur. Mulher trans, cantora, compositora e baiana, ela cresceu no bairro do Uruguai, em Salvador, e atualmente segue ganhando o mundo com uma voz única e uma representatividade que serve de inspiração para muitos. 

Nos últimos anos, o nome de Majur ficou ainda mais em evidência, estampando a capa da Vogue, fechando parcerias com diversas marcas internacionais, no entanto, a trajetória da artista é antiga. Aos 5 anos de idade, começou a cantar no coral da Orquestra Sinfônica da Juventude de Salvador e, desde então, nunca mais parou.

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Em 2019, Majur, pela primeira vez, fez várias participações no Carnaval da capital baiana, ao lado de Daniela Mercury, Psirico, Marcia Castro e Preta Gil. Em entrevista ao Fervo das Cores, do portal iBahia, a cantora relembrou que, nessa época, não imaginava a proporção que a carreira iria tomar e destacou que houve uma compreensão dos artistas de entender que estava havendo uma mudança na sociedade.

“Existiu uma força muito grande dos cantores, no sentido de entender que havia, sim, a necessidade de uma mudança social. Quando eles fizeram esse movimento, e isso inclui o fato de Caetano Veloso me chamar para cantar na casa dele no dia 2 de fevereiro de 2019, eu ainda não estava entendendo o que estava acontecendo. Para mim, era a realização de um sonho como cantora, porém aquilo gerou uma força muito grande”, contou.


				
					‘Me sinto uma ferramenta de construção social’, ressalta Majur sobre ser uma representatividade trans

Naquele mesmo ano, Majur bombou na internet após gravar a canção AmarElo, ao lado de Emicida e Pabllo Vittar. “Quando eu chego, para todo o Brasil, e começo a cantar ‘Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro’, com essa imagem, com a representatividade que eu tenho, de fato isso gera uma explosão enorme, onde milhares de pessoas também começam a se identificar”.

Ela pontuou, ainda, que o crescimento na carreira também favoreceu para que ela começasse a entender a importância da representatividade nos espaços. “Eu fui compreendendo que esse processo era transformador para outras pessoas e isso, consequentemente, também iria me transformando”.

Revolução

Contar a história de Majur também significa falar da trajetória de muitas pessoas LGBTQIAPN+. “Isso é revolução”, enfatizou a artista, que complementou: “Tudo que eu fiz até hoje foi revolucionar. Eu sou a primeira artista trans a ser repostada pelas redes sociais da Gucci, já fiz feat com grandes artistas do país, casei. Isso são marcadores que parecem ser artísticos, mas tem muito mais do que isso. É uma construção para daqui a 10 anos a gente conversar e estarmos em um outro patamar.  E eu me sinto muito honrada de ser o caminho disso e de ser uma ferramenta de construção”. 


				
					‘Me sinto uma ferramenta de construção social’, ressalta Majur sobre ser uma representatividade trans

Apesar de todas as conquistas, Majur afirmou que, infelizmente, precisou sair de Salvador para ser quem realmente era, já que não conseguia ter a aceitação capaz de propiciar um crescimento na carreira.

“Eu saí de Salvador porque a cidade não iria abraçar uma trans no palco e dizer ‘É um Réveillon da cidade com Majur’. Eu ainda estou no caminho. Eu saio da minha cidade e sou abraçada no Brasil inteiro. No entanto, em Salvador ainda há muitos estereótipos, que limitam o espaço de onde consigo chegar. Não é à toa que meus fãs sempre me perguntam porque eu não estou na lineup da cidade”, pontuou.

O Casamento


				
					‘Me sinto uma ferramenta de construção social’, ressalta Majur sobre ser uma representatividade trans

Em setembro de 2022, a compositora foi mais uma vez exemplo de inspiração para muitas pessoas trans. À beira da praia, na cidade de origem, ela realizou a cerimônia de casamento com o coreógrafo Josué Amazonas. Ter esse sonho realizado também foi um marco para a comunidade LGBTQIAP+.

“Fazendo uma análise, eu acredito que esse é um indício de que temos um futuro muito melhor. Inicialmente, a ideia de casar em Salvador foi pelo fato da proximidade com a nossa família, mas, quando percebi que nunca tinha acontecido de uma travesti se casar no estado, vi o quanto que isso era potente”, reforçou.

E seguiu dizendo: “Isso marca a vida de muitas meninas trans que vivem na prostituição, que veem esse como o único lugar para se trabalhar, pois não se dá um outro espaço para elas. Hoje em dia podemos ver mulheres trans trabalhando em lojas e salões de beleza. Isso faz parte de uma evolução. Então, o casamento também possibilitou criar no imaginário delas o fato de que é possível ser amada”.

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