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LITERATURA

Max da Fonseca, o novíssimo poeta baiano

Confira a entrevista com o jovem autor soteropolitano que acaba de ganhar o IV Prêmio Literário Canon de Poesia

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22/09/2011 às 19:00 • Atualizada em 27/08/2022 às 6:03 - há XX semanas
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Nessa semana, a empresa japonesa Canon divulgou o resultado do “IV Prêmio Literário Canon de Poesia”, que contempla 50 novos autores brasileiros e tem por objetivo descobrir talentos a partir de 16 anos, promover a literatura e difundir a impressão digital de livros no Brasil; e entre os vencedores estava o poeta soteropolitano Max da Fonseca, com sua poesia "Covil". Apaixonado por mídias sociais e cibercultura, Max da Fonseca é estudante de jornalismo da Unime (União Metropolitana de Educação e Cultura) e tem uma empresa em marketing digital em Salvador. Foi co-editor da revista Na Borda da Xícara (2008) e, como muitos adeptos das Letras, alimenta seu "oásis pessoal", um blog de poesias. Para conhecer melhor este talento da terra, o iBahia bateu um papo com Max, na tarde desta quinta-feira (22). Confira a entrevista!- Há quanto tempo você escreve poesias? Escrevo poesia há seis anos. Tenho dois grandes amigos que foram responsáveis pelo meu interesse na arte: Fabrício de Queiroz e Lucas Matos. Juntos, nos encontrávamos toda noite para mostrar uns aos outros os novos escritos e discutir poemas nossos e de outros autores. Morávamos em Cajazeiras 11 e esse encontro era, antes de tudo, uma desculpa pra reunir os amigos e tomar café na casa um do outro. (risos)
Max da Fonseca começou a escrever com os amigos
- Já publicou algum livro ou participou de alguma antologia, antes do IV Prêmio Literário de Poesia? Nunca publiquei nenhum livro, nem participei de antologias. As páginas para os meus poemas sempre foram as do meu blog e, eventualmente, algumas comunidades virtuais como o Orkut, o Overmundo, o Poetas del Mundo etc. Tive algumas experiências na adolescência com revistas literárias. Em 2008, organizei, junto a Fabrício de Queiroz e Darlan Machado, a Na Borda da Xícara. Tratava-se de uma revista literária com pessoas da Bahia e de vários outros estados. Não tínhamos um real no bolso, éramos todos estudantes. Conseguimos levantar quase toda a verba para a impressão através de uma comunidade do Orkut chamada Navegante das Estrelas e com a ajuda de amigos e familiares. Depois de impressa, enviamos quantidade da revista para todos os participantes e começamos a jornada de vendas para pagar a dívida da gráfica; vendia muitas na Jam do Mam, aos sábados. - É a primeira vez que você inscreve um texto em um prêmio literário? Sim. Não sou muito fã desses concursos. Primeiro porque os acho extremamente burocráticos e não levo jeito pra essas coisas. Me inscrevi no Canon por acaso, eu fotografo por hobbie e estava pesquisando informações sobre uma câmera nova quando vi um anúncio do concurso e a ficha de inscrição era tão objetiva que topei. - O que a poesia representa na sua vida?A poesia funciona pra mim como uma forma de guardar memórias. Cada uma tem uma história que me causou grande entusiasmo emocional e eu vou contando, ao passo que exercito minha subjetividade. É uma forma de externar grandes cargas também; costumo escrever quando estou transbordando algum sentimento, bom ou ruim.
— A poesia funciona pra mim como uma forma de guardar memórias
Covil foi um poema que escrevi para Fabrício quando ele terminou um relacionamento. Tem várias particularidades dele e de sua ex-namorada no poema. Na época, eu também passava por dificuldades com uma ex-namorada e foi uma forma de aliviar as coisas. Funcionou por um tempo.
COVIL A Fabrício de Queiroz Venâncio. "O difícil é aguentar até que a morte chegue". (Ruy Espinheira Filho) O cheiro ficou no lençol. Cabelos e pó pelo chão do quarto. Vazios, os armários, as gavetas; Paira uma saudade embrutecida pelas tormentas matutinas. Deverias me deixar ao anoitecer. Ninguém se vai ao meio-dia. Sombrios, os espelhos, as cortinas; A poltrona ainda mira sua chegada e a espera descansa em nosso lar. A vodka ainda lembra você, não bebo. O cinzeiro não me aguenta mais. Manchados, os retratos, o carpete; Escrevi poemas em seu nome e me dediquei por cortesia. Alívio tolo; consolo inútil. Tudo passa; passarás. (Max da Fonseca)
- Nesse mundo corrido de hoje, imagina-se que as pessoas não têm muito tempo para a leitura de poesias/poemas, apesar de que, com a democratização da internet e a chegada dos blogs, sites, etc, nunca se publicou tanto. Como vc avalia esse cenário? Eu acho que quem escreve hoje é porque realmente gosta e precisa. Não existe prestígio, como em outras épocas, e quem faz, não o faz por vaidade. Considero o cenário literário baiano extremamente fechado nos seus cânones. Recentemente, José Inácio Vieira de Melo reuniu alguns poetas baianos na coletânea Sangue Novo. Foi plausível, mas ele é um dos poucos que agitam o cenário por aqui.No geral, não é fácil publicar impressos. A própria revista que editorei só durou uma edição. Esperávamos conseguir apoio dos editais, mas, infelizmente, não rolou. E a internet vem para democratizar essas relações. É um espaço onde todos podem manifestar a sua arte sem precisar desembolsar nada para isso. Tem muita gente boa na rede, postando e postando, diariamente, sem esperar muita coisa em troca – no máximo alguns comentários.
— Considero o cenário literário baiano extremamente fechado nos seus cânones
- Tem pretensões maiores no mercado editorial? Algum trabalho em andamento? Qual? Ultimamente, tenho pensado muito em retomar a Na Borda da Xícara, isso porque a poesia rendeu muitas coisas boas em minha vida; sobretudo, amigos. E foi uma experiência incrível. Não é uma pretensão comercial, é pelo puro prazer de me relacionar com as pessoas da área, descobrir novos escritores, ler mais... Enfim, estou estudando formas de viabilizar isso.

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