No dia 02 de agosto, João W. Nery, conhecido como primeiro 'transhomem' brasileiro, chega a Salvador para lançar o livro 'Viagem Solitária - Memórias de um Transexual 30 anos depois' (Editora Leya). A autobiografia será apresentada aos soteropolitanos durante o VI Congresso Internacional de Estudos sobre a Diversidade Sexual e de Gênero da Associação Brasileira de Estudos da Homocultura (ABEH) às 18h30.
Em entrevista ao Programa do Jô, da Rede Globo, que foi ao ar em abril deste ano, João revelou fatos de sua infância. "Eu me sinto menino desde que eu me entendo por gente, desde uns três, quatro anos de idade. Eu achava que eu estava certo e que o mundo é que estava trocado". Nascido Joana, ele falou ainda das dificuldades que enfrentou na puberdade: "Quando meus seios começaram a crescer, eu os esmurrava para que entrasse. Aquilo não tinha nada a ver comigo e cada vez meu corpo depunha mais contra mim mesmo".
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Mas, aos 27 anos, João decidiu se submeter a procedimentos cirúrgicos que o permitiriam viver como homem. Mas esse foi apenas o primeiro desafio. Em pleno regime militar, 1977, a transexualidade era ignorada e as cirurgias de redesignação sexual consideradas ilegais.
Com a cirurgia Joana, deu lugar a João, um novo brasileiro sem escolaridade, sem histórico profissional. "Deixei de ser psicólogo, professor universitário, mestrando, fechei meu consultório e passei a ser um analfabeto. Para sobreviver acabei sendo pedreiro, vendedor, massagista de shiatsu, artesão e chofer de taxi etc", conta.
Em 'Viagem Solitária', o escritor relata, além dessas transformações, seus relacionamentos, a amizade com Darcy Ribeiro e sua experiência de paternidade. Além do lançamento, a história também estará em pauta durante a Mesa "Expressões e rumos da diversidade sexual na literatura: autores, obras e críticas", coordenada pela ABEH e FUNCEB.
Veja na íntegra a entrevista de João W. Nery no Programa do Jô:
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