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Em três anos, mais de 380 bancos quebraram nos EUA, segundo FDIC

Consequências não foram graves por serem bancos comerciais regionais. Nos EUA, há cerca de 6.500 bancos; no Brasil, número não chega a 160

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15/09/2011 às 13:19 • Atualizada em 30/08/2022 às 2:53 - há XX semanas
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Bancos falidos nos EUA entre 2001 e 2011
Nos últimos três anos, desde a quebra do Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008, mais de 380 bancos comerciais fecharam as portas nos Estados Unidos – sem que isso tenha causado qualquer abalo à economia mundial. Os dados são do Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), órgão do governo norte-americano cuja atuação é similar à do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) no Brasil, oferecendo garantias aos investidores. Um dos motivos para tamanha diferença entre as consequências da quebra do Lehman Brothers e dessas mais de 380 instituições é o tipo do banco. O Lehman Brothers era um banco de investimentos; já a lista do FDIC refere-se apenas a bancos comerciais, que, nos Estados Unidos, têm forte vocação regional. “Quando um banco de investimento quebra, uma vantagem é que não tem correntista, não tem aquela ideia da fila de pessoas na porta do banco querendo sacar o dinheiro. Mas o problema do banco de investimento é que como não tem esse tipo de captação [dinheiro de correntistas], a forma de captar recursos é através de operações compromissadas – tem muito mais interligações, muito mais contrapartes que o banco comercial”, explica Luis Otávio Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil. “O Lehman Brothers era o quinto maior banco de investimentos dos Estados Unidos. As operações estavam alavancadas em 50 vezes (o que significa que o banco devia 50 vezes o que valia). É como um castelo de cartas – cada carta deste castelo era uma operação que estava ligada a outra instituição financeira, e numa escala global. O Lehman tinha uma interligação de operações monstruosa e global.” DiferençasA falência de quase quatro centenas de bancos nos Estados Unidos no curto espaço de tempo de três anos pode causar espanto aos brasileiros, mas não chega a ser motivo de insônia para os norte-americanos. Isso porque os sistemas bancários dos Estados Unidos e do Brasil têm profundas diferenças. O Lehman Brothers era o quinto maior banco de investimentos dos Estados Unidos. Ele tinha uma interligação de operações monstruosa e global" Luis Otávio Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil Atualmente, existem cerca de 6.500 bancos comerciais nos Estados Unidos. No Brasil, eles não chegam a 160. “O sistema bancário brasileiro é muito mais concentrado que o americano”, destaca Leal. Nos Estados Unidos, a maior parte dos bancos tem atuação regional. “Existem 865 bancos com problemas, que podem falir a qualquer momento. Toda semana, tem dois ou três bancos quebrando. É um processo de seleção natural lá.” O economista-chefe do ABC Brasil lembra que, mesmo nos momentos em que não havia crise, cerca de 50 a 60 bancos se viam às voltas com problemas internos. “Obviamente que a proporção cresceu após a crise, mas esse processo não é algo que nos Estados Unidos tenha um apelo tão grande quanto no Brasil.” Ricardo Mollo, professor de Finanças do Insper, diz que em 1990, havia 12.300 bancos comerciais nos Estados Unidos, praticamente o dobro do número atual. “Na década de 90 já veio havendo uma consolidação.” O mesmo fenômeno ocorreu no Brasil. “Em 1999, tínhamos 193 bancos no país. Em 2010, eram 159.” Mollo destaca mais uma diferença entre os sistemas bancários dos dois países: a concentração de ativos, que, no Brasil, segundo ele, é “enorme”. “Em 2009, os dez principais bancos tinham 80% dos ativos de crédito. Os bancos no Brasil são muito importantes, com atuação nacional.” Por isso, a falência de mais de 380 bancos nos Estados Unidos pode não ser considerada tão grave. “A quantidade parece muito grande, mas se for pegar a quantidade de ativos não é tão significante assim, não é nada relevante”, diz o professor do Insper. ConsolidaçãoPara Mollo, a consolidação do sistema bancário é uma tendência mundial. “Na Inglaterra, tem quatro grandes bancos; na Itália, tem três; e, na Alemanha, há dez bancos, mas alguns são estatais que estão quebrando.” Mas o fenômeno traz seus riscos. “Diminuindo a competição pode ser que as taxas fiquem altas. No Brasil, o mercado ainda é muito competitivo, apesar de dez bancos concentrarem as operações”, fala Mollo. “Nos Estados Unidos, por ser uma economia muito maior, mais pujante, naturalmente o sistema bancário acabou ficando maior”, fala Leal, do ABC Brasil. Para ele, a forte presença de bancos estatais, como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, além de instituições como o Banco do Nordeste, da Amazônia, por exemplo, “pode ter inibido um desenvolvimento maior do sistema”. “No Brasil, o sistema era muito estatizado até bem pouco tempo atrás”, diz. Prós e contrasPara Leal, um sistema bancário com muitas instituições faz com que o mercado financeiro seja mais desenvolvido. “Tem muito mais opção de investimento”, diz. Para o economista-chefe do ABC, mais do que o fato de ter menos instituições financeiras, o que faz o sistema brasileiro ser mais seguro e estável é a “supervisão bancária considerada padrão para o mundo”. Ricardo Mollo, do Insper, também acredita que os bancos brasileiros “são mais rigorosos”. “Nossos bancos sabem dar crédito, as carteiras de crédito são bastante saudáveis. É uma diferença bastante relevante ao que acontece nos Estados Unidos e na Europa.”

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