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Governo argentino impõe restrições à compra de moeda estrangeira

O argentino que quiser comprar qualquer outra moeda, para viajar ao exterior, terá que pedir autorização à Receita Federal da Argentina

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28/05/2012 às 23:11 • Atualizada em 30/08/2022 às 0:08 - há XX semanas
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O governo argentino reforçou nesta segunda-feira (28) os mecanismos de controle de câmbio, que vinha implementando desde novembro do ano passado, para evitar a fuga de divisas estrangeiras no país. A partir de hoje, o argentino que quiser comprar dólares, euros, reais ou qualquer outra moeda, para viajar ao exterior, terá que pedir autorização à Receita Federal da Argentina, conhecida como Afip. Para isso, ele deverá informar o destino, a data da viagem e o motivo. Caso contrário, a única opção será comprar divisas no mercado paralelo – o chamado “dólar blue” – pagando 32% a mais e correndo o risco de ir preso. O governo impôs os primeiros limites à compra de dólares e de qualquer moeda estrangeira, por parte de pessoas físicas, em novembro passado. Os argentinos que quisessem fazer uma operação de câmbio teriam que pedir autorização prévia à Afip e demonstrar que tinham suficientes pesos declarados para trocar. “O governo queria evitar a fuga de capitais. Em 2011, US$ 11 bilhões saíram do país”, explicou o economista Fausto Spotorno. Segundo Spotorno, a saída de dólares tornou-se preocupante porque o saldo das transações correntes da Argentina (tudo que o país arrecada e gasta) vem diminuindo, tendo reduzido de US$ 11 bilhões em 2009 para US$ 4 bilhões em 2010 e apenas US$ 17 milhões no ano passado. Um dos motivos para a falta de dinheiro é o aumento nos gastos de importação de energia, para suprir a crescente demanda do país. No ano passado, o governo gastou US$ 10 bilhões, soma equivalente ao saldo de sua balança comercial, na compra de petróleo e gás. Este ano, segundo Spotorno, a Argentina terá que importar US$ 16 bilhões em energia. “A diferença é que, agora, vamos sentir os efeitos da crise, que já provocou uma desaceleração no crescimento do Brasil, nosso maior parceiro comercial”, disse o economista. Além de limitar a venda de divisas estrangeiras às pessoas físicas, o governo também proibiu a utilização de cartões de débito de bancos argentinos no exterior. Quem tiver conta em pesos, na Argentina, não pode usar seu cartão de débito para sacar reais no Brasil, por exemplo. A mais nova restrição entrou em vigor nesta segunda-feira e afetou, principalmente, as agências de viagens que vendem pacotes ao exterior. “Tivemos vários cancelamentos de famílias, que tinham organizado viagens aos Estados Unidos, nas férias de julho”, contou a agente de viagens Ana Catolino. “As passagens são compradas em pesos e em quotas. Mas os pacotes terrestres, como aluguel de carro ou entradas para parques de diversões, são comprados em dólares porque não aceitam pesos nos Estados Unidos. E se o turista daqui for comprar o dólar no paralelo sai muito mais caro do que no dólar oficial”, disse. Com o mesmo propósito de manter o equilíbrio das contas, o governo também está controlando as importações. “A curto prazo, as medidas podem assegurar um superávit comercial de US$ 10 bilhões para este ano, como o governo quer. Mas o problema é que pode levar a economia argentina a uma recessão”, calcula Spotorno. Muitas indústrias argentinas dependem de insumos importados para produzir e exportar.

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