Tumultos e violência gerada por jovens usando capuzes para esconder o rosto se espalharam por Londres na terceira noite de protestos registrados na cidade. Os conflitos antes mais restritos a áreas do subúrbio da cidade já são registrados em bairros mais tradicionais, como Ealing e Camden. Imagens de redes locais de TV mostram grupos de jovens destruindo lojas e carros pelas ruas. Informações de redes sociais, não confirmadas oficialmente, dão conta de situação caótica por quase toda a cidade, mesmo em locais mais nobres de Londres. A onda de distúrbios em Londres ampliou-se na segunda-feira (8) para novos bairros, e pela terceira noite consecutiva jovens encapuzados incendiaram carros e imóveis, atiraram rojões em policiais e saquearam o comércio, nos piores incidentes registrados em várias décadas na capital britânica. A polícia recebeu reforços, mas teve dificuldades para conter a onda de violência que chegou aos bairros de Hackney (zona leste), Peckham, Lewisham e Croydon (na zona sul). O primeiro-ministro britânico, David Cameron, encurtou as férias na Itália para voltar a Londres. Cameron, que foi criticado pela mídia por estar fora do país durante os protestos, vai retornar durante a noite e fará uma reunião sobre a violência na terça-feira, segundo seu gabinete. Início dos protestosOs distúrbios começaram na noite de sábado no bairro de Tottenham (zona norte), onde foi realizado um protesto - até então pacífico - contra o fato de um homem ter sido baleado por policiais. Esses primeiros incidentes resultaram em vários locais saqueados e queimados na principal rua do bairro. A secretária do Interior, Theresa May, que também interrompeu suas férias por causa dos distúrbios, disse que o número de detidos subiu para 215, e que 27 pessoas foram indiciadas. "A violência que vimos, os saques que vimos, a delinquência que vimos: isso é pura criminalidade (...). Essas pessoas serão levadas à Justiça. Terão de enfrentar as consequências das suas ações", disse ela. Áreas mais pobresOs tumultos por enquanto se concentram especialmente em bairros mais pobres de Londres, com população multiétnica, alguns deles a poucos quilômetros do Parque Olímpico - local que, dentro de menos de um ano, receberá milhões de visitantes. Uma testemunha descreveu cenas caóticas em Hackney, onde pelo menos um veículo e várias caçambas de lixo foram queimados. Jovens aparentemente atiravam rojões nos policiais, que eventualmente se reuniam em fileiras e investiam contra os jovens, tentando dissolver a multidão. Enquanto o confronto continuava em Hackney, a violência explodia em Lewisham e Peckham, e muita gente usava o Twitter para divulgar fotos de jovens quebrando vitrines. ConfrontosA polícia disse que um ônibus de dois andares foi incendiado em Peckham. Em Hackney, um grupo de jovens - alguns deles encapuzados - quebrou vitrines, inclusive de uma loja da rede de apostas Ladbrokes. O dono de um posto de gasolina contou, com a perna sangrando, como foi o ataque. 'Havíamos fechado o estabelecimento com tábuas, mas eles arrombaram a porta e destruíram o local. Atiraram uma garrafa em mim, e acertou a minha perna.' Um pequeno grupo disse ter fugido da violência entrincheirando-se no teatro Hackney Empire, de 110 anos. 'Estamos retidos aqui dentro', disse à Reuters, por telefone, uma pessoa que pediu anonimato. 'Não queremos ficar perto das janelas. Parece que estão atacando as lojas no momento. É assustador. Estamos no fundo do prédio (...), montamos barricadas e colocamos correntes nas portas.' Autoridades disseram que os envolvidos nos distúrbios são criminosos oportunistas, e que os incidentes não afetarão os preparativos para a Olimpíada de 2012 na cidade. Os jovens aparentemente usam um serviço gratuito de mensagens nos celulares Blackberry para coordenar os ataques contra lojas e policiais. A empresa canadense Research In Motion, fabricante do Blackberry, disse que vai colaborar com as autoridades britânicas, mas não deu detalhes sobre se - e quais - informações irá passar à polícia. Há quem diga que os distúrbios são um grito de socorro dos bairros pobres da cidade, afetados pelas duras medidas de austeridade fiscal adotadas pelo governo para conter o déficit público - o que implicou em restrições a serviços de amparo aos jovens, por exemplo. 'Tottenham é uma área carente. O desemprego é altíssimo (...), eles estão frustrados', disse Uzodinma Wigwe, 49, recentemente demitida do seu emprego de faxineira. As autoridades dizem que isso não é desculpa. 'Foram furtos e (incidentes de) violência desnecessários, oportunistas, nada menos. É completamente inaceitável', disse o vice-premiê Nick Clegg. As informações são do G1.
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