Na semana passada, a atriz Bruna Marquezine fez uma revelação preocupante: a jovem afirmou ter feito uso de laxante por cerca de três meses para emagrecer, após receber críticas de que estava “gordinha”. Olhar para o espelho e se incomodar com o que vê é o que acontece com pessoas que têm distúrbio de imagem. O desconforto com a forma física pode levar a atitudes que comprometem a saúde.
— A insatisfação com o corpo é tão significativa que traz sofrimento psicológico muito grande. Normalmente, ela está relacionada com o peso ou a forma do corpo. A pessoa passa a achar que as pernas estão muito grossas ou que está com “pneuzinho” — diz Higor Caldato, psiquiatra especialista em psicoterapias e transtornos alimentares e sócio da clínica Nutrindo Ideais.
Para dar um “jeito” nos “quilinhos a mais”, muitas pessoas acabam desenvolvendo transtornos alimentares como a bulimia.
— Esta é uma doença na qual a pessoa usa de métodos para compensar uma compulsão alimentar. Então, comem em excesso e depois acabam provocando vômito, usando laxantes ou remédios para emagrecer, fazem exercício físico exagerado, jejum durante um longo período — explica Higor.
Os padrões de beleza que antes eram vistos apenas na TV e nas revistas agora estão escancarados nas redes socais. Com um clique, é possível ver várias fotos daqueles corpos “perfeitos”.
— As pessoas com distúrbio de imagem sentem necessidade de ficar se comparando com artistas e modelos. Mas a verdade é que cada pessoa tem um biotipo. Então, aquele corpo desejável talvez não seja atingível — alerta o psiquiatra.
A psicóloga Livia Marques relembrou do caso da modelo Nara Almeida, que morreu em maio de câncer, para exemplificar como o padrão de beleza cega as pessoas. Na ocasião, Nara estava com uma sonda no nariz, que passou despercebida pela maioria dos fãs:
— Ela colocou uma foto na rede social, de biquíni, muito magra, e as pessoas perguntaram nos comentários o que precisavam fazer para ter aquele corpo. Na verdade, a modelo estava doente.
O tratamento de distúrbio de imagem é feito com profissionais de psicologia, psiquiatria ou de nutrição com prática no assunto. — Busque uma rede de apoio com amigos e a família e procure por uma equipe multidisciplinar para trabalhar a mente e o corpo — orienta Livia.
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‘Uso de laxante traz consequências agudas’
Como o corpo é afetado ao emagrecer repentinamente?
Isso depende muito do peso da pessoa. Se ela tem obesidade e perde de quatro a seis quilos no mês, a repercussão no corpo dela será positiva. No entanto, temos hoje pessoas que querem perder peso estando com um peso normal ou no limite inferior. O problema da perda de peso é que não se perde apenas gordura, mas também músculo e massa óssea. Ocorre uma modificação hormonal no sentido de economizar energia: há uma redução da atividade do hormônio tireoidiano, o metabolismo diminui, o sistema nervoso simpático — que ajuda a queimar energia — também diminui. O nosso organismo vai sempre nos proteger de perder gordura, independente da quantidade que a gente tenha.
Como o uso de laxante contínuo prejudica o corpo?
O uso regular de laxante elimina sais do nosso organismo. Então o corpo fica com o comprometimento de alguns eletrólitos, principalmente o potássio. Isto pode levar a uma fraqueza muscular, a desidratação, pode comprometer a função renal, o ritmo cardíaco. O uso de laxante pode trazer uma consequência aguda no organismo, por isso, ele não pode ser usado de forma alguma como tratamento para perder peso.
Qual é a importância da gordura no nosso corpo?
A gordura corporal produz um hormônio chamado leptina, que participa da regulação de hormônios hipofisários (uma das funções deles é amadurecer o sistema reprodutivo). Então, para se ter uma ideia, bailarinas e ginastas que são muito magras, de tanto fazerem exercício físico, possuem um percentual de gordura corporal muito baixo e produzem pouca leptina. Este processo provoca a interrupção do ciclo menstrual.
Qual é a recomendação para perder peso com saúde?
Quando a pessoa não tem problema com peso ou com sua imagem, a orientação nutricional já é suficiente. Será preciso restringir um pouco a alimentação, mas de uma maneira que a pessoa consiga manter uma alimentação adequada e perder um pouco de peso.
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Redação iBahia
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