Quando vem aquele aperto no peito, a primeira coisa que se pensa é que pode ser um infarto. Mas, nem sempre esse é o motivo do incômodo. As razões são as mais variadas: de gases a embolia pulmonar. O que os especialistas recomendam é que quem sentir qualquer dor no tórax vá ao médico para que seja feito o diagnóstico preciso e as suspeitas de algo grave descartadas.
Segundo o cardiologista Luiz Rita, o paciente deve procurar imediatamente uma unidade médica e evitar a automedicação. “É um perigo, a pessoa tem uma dor torácica e fica se medicando, pensando: 'ah é uma dor de gases, é só uma dor gástrica', toma uma pastilha, usa um remédio... Isso às vezes é perigoso. O médico é quem vai poder dizer se é uma dor com características cardíacas ou não”, explica.
Além de problemas coronarianos, a dor no peito pode significar outras coisas como gastrite, esofagite, doenças gástricas, doenças pulmonares (como pneumonia), lesões musculares (por trauma ou esforço repetitivo) e distensões musculares.
Outros problemas mais graves que um infarto podem ter como sintoma a dor no peito, como explica o cardiologista Marcos Barojas, diretor de comunicação da Sociedade Brasileira de Cardiologia - Seção Bahia e vice-coordenador da unidade coronariana do Hospital Português. “Além das situações de infarto que têm que ser primeiro pensadas, há outras situações, como o aneurisma dissecante de aorta - principal vaso do corpo humano - que, devido a alterações prévias, pode se tornar frágil e ficar em situação de risco iminente. Por isso o diagnóstico diferencial é fundamental”, explica.
O médico também cita como exemplos o tromboembolismo pulmonar, síndrome torácica aguda. Apenas exames podem identificar o que o paciente tem. “Algumas condições têm que ser investigadas, fazendo eletrocardiograma, exames laboratoriais simples e iniciais e uma boa conversa para determinar o mecanismo da dor”, detalha Barojas.
A dor associada a outros sintomas é que pode indicar um infarto ou outro problema cardíaco. “Quando a dor é intensa e não passa rapidamente, a pessoa deve procurar um serviço especializado para fazer uma melhor avaliação. Ou se uma característica como aperto gerar um profundo mal-estar e a dor irradiar para o braço esquerdo. Às vezes, essa regressão pode ir até uma dor de estômago, sudorese, tontura”, explica Leopoldo Piegas, cardiologista e coordenador do Programa de Infarto Agudo do Miocárdio do HCor (Hospital do Coração).
Riscos
Quem possui fatores de risco como diabetes, colesterol alto, histórico de problemas cardíacos na família, hipertensão e tabagismo, deve ficar em alerta caso sinta dor no tórax. Foi o que aconteceu com o aposentado José Carlos Carvalho, 66 anos, que na semana passada foi parar em uma emergência. Ele já fez angioplastia para colocar stents nas coronárias e é acompanhado por cardiologistas.
“Eu fiquei sentindo um incômodo, como se o sangue não estivesse circulando. Isso só passava quando eu tossia”, contou. Ao menor sinal da dor, resolveu ir até a emergência, mas nada foi
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diagnosticado.
A decisão de José Carlos é a recomendada pelos médicos. “A dor torácica é muito frequente, as pessoas precisam entender que não podem esperar, não podem pagar para ver, postergar a queixa”, ressalta Barojas.
Por isso, o estudante Lucas Lima, 25, resolveu se antecipar e visitar o médico quando sentiu dores. “Comecei a sentir as dores e achei que estava tendo um infarto. Eram dores fortes no peito junto com palpitações. Fui na emergência e o médico disse que não era nada. Fiz um eletrocardiograma e não apresentou nenhum problema”.
Mas ele não se deu por satisfeito com a falta de diagnóstico e marcou uma consulta. “Depois da emergência, procurei uma outra médica que disse também que não era nada. Não fiquei contente com o diagnóstico e pedi que ela me passasse alguns exames para eu tirar a dúvida”, diz o estudante, que pesquisou na internet que a dor poderia também ser muscular ou ter outras causas bem menos graves.
Baixas temperaturas podem contribuir para infartos
Alguns estudos canadenses e americanos apontam que durante o inverno o número de infartos aumenta consideravelmente. No entanto, essa realidade não é muito comum no Brasil, nem na Bahia. Segundo o cardiologista Marcos Barojas, essas situações só acontecem em locais onde a temperatura cai bastante e está abaixo de zero. “Isso acontece em locais onde há neve, com temperaturas a -10º ou mais baixas”, explica.
A propensão a ter infartos por causa das baixas temperaturas também é maior entre as pessoas que já possuem fatores de risco para a doença. Por causa do frio, os vasos se comprimem e o coração precisa fazer um esforço maior para conseguir bombear o sangue, explica o médico.
“Quem tem um histórico de doenças adquiridas, ao se expôr a um processo de entupimento progressivo isolado dos vasos, tem no frio um gatilho que desencadeia o desequilíbrio e que destrói esses vasos. Quando o frio ocorre, o vaso se contrai e o coração faz um esforço maior, gerando a descompensação, o que provoca uma série de fenômenos internos”, detalha o médico.
No entanto, o cardiologista Luiz Rita, pondera que não apenas o frio pode ser o estopim para o infarto nos locais onde neva. Segundo ele, um estudo recente no Canadá apontou que nos meses em que a quantidade de neve era maior, o número de infartos também aumentava. “Eles relacionaram isso ao esforço que as pessoas faziam para retirar a neve das casas e às vezes não tinham o preparo físico para essa atividade. Temos que olhar o dado com um certo pragmatismo. Não é necessariamente o inverno que provoca o infarto, mas condições outras que estão presentes no inverno”, explica.
O cardiologista Leopoldo Piegas alerta ainda para a necessidade das pessoas tomarem a vacina contra a gripe e a pnemonia, que pode evitar futuros problemas cardíacos.
“Uma coisa muito importante em relação ao frio, é que as pessoas devem ser vacinadas contra a gripe, devem ser vacinadas também contra a pneumonia. Uma gripe pode piorar uma situação cardíaca, pois exige mais do coração, o que pode causar infartos mais frequentes”, explica.
A doença é mais um esforço para o coração, segundo o cardiologista. “Todo o esforço do organismo, qualquer que seja, desde uma simples corrida a um estresse, exige mais do coração. Ele bate mais e se a pessoa tem um problema coronário, pode piorar até culminar em um infarto”, completa.
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Redação iBahia
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