Trabalho, obrigações, pagamentos, e, finalmente, o lazer. Com tantas atribuições, a vida das pessoas tem sido uma correria e dedicar um tempo para viver com qualidade, tem sido cada vez mais difícil ou até impossível. Em uma sociedade onde a ostentação virou uma forma de se destacar, a hora de desacelerar aparece para dar um basta na correria do dia a dia que só resulta em estresse.
Recentemente, um grupo de pessoas, principalmente na Europa, está fazendo parte de um movimento chamado Slow (Devagar), a ideia do projeto é dar fim à pressa e cuidar do que realmente é importante na vida: conviver com a família e amigos e poder reduzir a carga de trabalho. Carl Honoré, um dos maiores incentivadores da filosofia, é autor do livro Devagar, a sugestão do pensador é uma revisão da vida, para identificar o corte dos supérfluos, e a mudança de hábitos para finalmente conseguir desacelerar. Honoré diz que isso pode ser o início de uma revolução cultural, que mudará o conceito de lentidão e velocidade.
Na Itália, o movimento Devagar já acontece com o slow food, em resposta aos fast foods, e também com o slow fashion, afim de combater o fast fashion. Em 2008, o americano David Bruno,ficou conhecido mundialmente após aderir à filosofia e passou a viver apenas com 100 objetos. David compartilhou sua experiência na web através do seu blog e levou muitas outras pessoas a abracarem a causa.
Para a coordenadora do curso tecnológico de moda da Unifacs, Virgínia Saback, o mundo moderno pede que as pessoas repensem suas atitudes em relação aos absurdos com a natureza. Ao exemplo dos blogs de moda, ela acredita que eles já fazem parte da vida dos jovens contemporâneos. “Estamos vivendo muito mais em um momento do ser do que no ter, é um movimento muito mais sociológico do que fashion”, afirma.
Virgínia acredita que o consumo consciente pode ser incentivado através de atitudes e comportamentos responsáveis, não só nos aspectos das escolhas, mas também com respeito às diversidades e responsabilidades sociais. “O movimento Devagar pode virar uma realidade na vida das pessoas através da contemplação, dos prazeres cotidianos e do bem estar pessoal. Acredito que os blogs sejam muito mais propagadores do modismos do que de consumismo”, afirma.
A especialista e estudiosa da contemporaneidade explica que os apelos midiáticos de algumas grandes empresas já se renderam a esse movimento, portanto, já exaltam essa disseminação falando da consciência ambiental e da responsabilidade social para garantir a sobrevivência da espécie humana, sem descartar os necessários avanços tecnológicos. Para Virgínia, só é possível perceber um prognóstico positivo com uma educação de base, com a saúde e o bem estar da grande maioria das populações do mundo.
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