As enfermidades ligadas ao coração são as que mais matam no mundo. Mulheres e negros são os mais afetados principalmente no que diz respeito a hipertensão (ou pressão alta, como é mais conhecida) que é a responsável por 60% a 70% dos infartos do miocárdio. E outra informação importante: é uma doença silenciosa, não tem sintomas e relacionar a dor de cabeça como sendo um dos sinais é equivocado. Ela é assintomática. De acordo com o Ministério da Saúde 27% da população feminina tem diagnóstico de pressão alta enquanto isso, entre os homens, 23% possuem a doença. As capitais que menos sofrem com o problema é Palmas (TO) com 15,2% e Porto Alegre é a capital que mais casos registrados teve (29,2%). Mas vamos afunilar mais ainda essa temática, trazendo a realidade para a população negra. O ultimo registro do Ministério da Saúde afirma que entre 2005 e 2012, mais de 32% (por 100 mil habitantes) morreram de hipertensão.”A população negra está ao desenvolvimento de uma hipertensão mais severa, como também a um maior risco de ataque cardíaco e morte súbita quando comparadas às pessoas de etnia branca”, afirma o cardiologista Anderson Rodrigues, do Laboratório Sabin. Explicação Ao que parece, as pessoas negras retêm mais sódio na célula que as demais etnias e acontece o contrário com o cálcio o que pode levar ao problema. “Pessoas de etnia negra parecem apresentar um problema hereditário na captação celular de sódio e cálcio, assim como em seu transporte renal (que pode ser atribuído à presença de um gene economizador do sal que leva ao influxo [retenção] celular de sódio e ao efluxo [expulsão] celular de cálcio), facilitando deste modo o aparecimento da hipertensão arterial” explica Anderson. O médico e pesquisador Drauzio Varella publicou em seu site uma entrevista com Décio Mion, especialista em Pressão Arterial do Hospital das Clínicas em São Paulo, onde ele hipotetiza sobre a questão: “…Uma das hipóteses para justificar esse fato está nas condições em que eram trazidos da África para a América. Muitos morreram por causa das infecções, porque vomitavam e tinham diarreia e não conseguiam reter líquido. Quem conseguia, sobreviveu. Eram os sal-sensíveis. Desse modo, houve uma espécie de seleção natural. Provavelmente, a maior parte dos negros que suportou a viagem comia sal, retinha líquido, o que elevava a pressão, e transmitiu essas características aos seus descendentes”. De acordo com a pesquisadora da Universidade Federal da Bahia, Inês Lessa, existe nos EUA um estudo que mostra “que em regiões mais violentas a prevalência de hipertensão é maior”, o que pode sim ocorrer também no Brasil já que é sabido que a população negra está mais exposta à violência urbana, vive sob estresse constante e com pouca, ou nenhuma, qualidade de vida. O cardiologista Anderson Rodrigues ainda apontam o uso de álcool, fumo e a obesidade como fatores que podem influenciar no aparecimento da doença.
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