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SAÚDE

Tratamento com testosterona pode levar a AVC e enfarte

Caso do ator português Ângelo Rodrigues que ficou internado na UTI após injeção indevida do hormônio levantou debate sobre procedimento

Redação iBahia • 09/09/2019 às 12:27 • Atualizada em 29/08/2022 às 10:56 - há XX semanas

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Os danos à saúde do ator português Ângelo Rodrigues, internado após complicações derivadas de uma injeção inadequada de testosterona, fizeram com que o tema tivesse grande destaque nas redes sociais pelo mundo nas últimas semanas.

Ator Ângelo Rodrigues ficou internado na UTI devido a uma injeção indevida de testosterona (foto: reprodução)

O ator teve uma infecção grave, que levou a uma parada cardíaca, após injetar o hormônio em sua perna. A área ao redor do local da injeção necrosou, causando um choque séptico.

A sepse é um tipo de infecção generalizada que causa múltipla falência dos órgãos. Rodrigues precisou ser colocado em coma induzido e passou por três intervenções cirúrgicas para retirada da área infectada e assepsia do local. O ator foi retirado do coma, mas teve falência renal e pode ter que amputar a perna.

Nesta segunda-feira, o ator comemora 32 anos. Após ter ficado mais de uma semana na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), ele passou para área de cuidados intermediários e hoje celebra seu aniversário sendo transferido para o quarto, onde poderá receber mais visitas.

O caso é um alerta para a injeção inadequeada de hormônios, feita usualmente para fins estéticos. Especialistas alertam que este tipo de procedimento pode causar enfarte agudo do miocárdio; doenças hepáticas, como câncer de fígado; acidente vascular cerebral (AVC) e problemas neuropsiquiátricos.

— Além de não existir nenhuma indicação médica para uso de testosterona para ganho de massa muscular, quem faz o uso inadequado acaba adquirindo o produto pelo mercado clandestino, que não tem como comprovar a natureza do produto. Não existem doses seguras para o uso de anabolizantes — alerta Ricardo Oliveira, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

O uso de testosterona só é adequado em casos de hipogonadismo masculino, que é a deficiência desse hormônio em homens. O tratamento só pode ser feito após uma bateria de exames, pois é contra indicado para pessoas com câncer de fígado, mama ou próstata não tratados. Quem tem problemas cardiovasculares também não pode fazer esse tipo de reposição hormonal.

Uma das consequências graves que também podem ser causada pelo uso de testosterona é a infertilidade irreversível. O uso inadequado pode resultar em atrofia dos testículos e impotência.

— A dosagem normal de testosterona é entre 300 e 800 nanogramas. Às vezes chegam pacientes ao consultório que injetaram o hormônio com 1300 a 1500 nanogramas. Esta hiperdosagem pode causar consequências sérias a curto e a longo prazo. Tive um paciente que desenvolveu câncer de fígado com menos de um ano de uso inadequado do hormônio — relata Carlos Das Ros, membro da Sociedade Brasileira de Urologia.

O médico alerta que pacientes que injetam dosagens muito altas podem ficar dependentes e pararem de produzir o hormônio, precisando da reposição pelo resto da vida.

— A testosterona é um hormônio muito importante para homens e mulheres, que auxilia na manuntenção do humor, boa memória e raciocínio, desempenho sexual e na manuntenção óssea. A reposição precisa ser feita de forma ética, e só para quem de fato precisa — complementa o urologista.

Os médicos indicam que, para os que desejam ter ganho de massa muscular, que busquem um acompanhamento nutricional específico. O endocrinologista Ricardo Oliveira destaca a recomendação do acompanhemento com nutricionista do esporte, assim como de um personal trainner. Ele ressalta que há suplementos alimentares que podem ser usados de forma segura para ganho muscular.


* Estagiária sob supervisão de Ana Paula Blower

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