Os pais de alunos do Colégio da Polícia Militar Anísio Teixeira, em Teixeira de Freitas, no sul da Bahia, estão denunciando que jovens ficaram mais de 40 minutos expostos ao sol e a temperatura elevada de 39°C. Eles teriam sido punidos por causa de irregularidades no uniforme.
De acordo com a TV Santa Cruz, os pais dos adolescentes contaram que a situação aconteceu na terça-feira (14), em dois turnos diferentes, primeiro às 11h e depois às 15h. A situação chegou a ultrapassar quase uma hora do horário usado como marcha.
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"Como forma de punição aos alunos que não estavam com o uniforme em conformidade com o exigido pela escola, eles adotaram uma marcha perante o sol escaldante das 11h e das 15h", disse o pai de um dos alunos.
"Eles ficaram expostos. Isso resultou em desmaios, dores de cabeça e crianças passando mal. Na parte da tarde, um aluno teve que ser socorrido para atendimento na Unidade de Pronto Atendimento", denunciou.
Ainda segundo um dos alunos, ele e os colegas ficaram no sol até meio-dia e precisaram ficar expostos a uma temperatura de 39ºC.
"Prenderam a gente até meio-dia. Foi quando executamos comandos militares e marchamos com os uniformes super desconfortáveis em uma temperatura insuportável", disse um estudante.
Um outro aluno, que também estava na situação, contou que apesar de não estar usando o uniforme do dia, ele não esperava ser punido por isso. O jovem ainda explicou que ele e os amigos foram separados em dois grupos.
"Agruparam a gente e disseram que estávamos alterados. Durante essa verificação, apontaram que nós seriamos punidos com o impedimento, porém o impedimento regular acontece as sextas-feiras no horário das 14h", contou um dos estudantes punidos.
Um terceiro estudante descreveu a situação como "sub-humana" e que foram repreendidos ao tentarem ficar em um local onde o sol não atingisse o local.
"Uma sensação insuportável, chegava a ser sub-humano porque com a onda de calor que assola o pais, eles estavam cientes dessas condições. Alunos com condições fisiológicas, físicas variadas não tinham porte para estarem expostos a temperatura", reclamou.
Humilhações e ameaças
Alguns alunos, que não foram punidos e observaram a punição de longe, contaram à reportagem que os colegas foram expostos a uma "situação totalmente constrangedora".
"Uma situação totalmente constrangedora para quem estava observando e quem estava passando pela situação. Não é legal você estudar, ir para escola, fazer a prova e, no momento de ser liberado, ser tratado com gritaria, descaso, falta de respeito, tentando camuflar algumas coisas que não cabe ao militarismo", disse o estudante.
"Isso é ruim para o psicológico. Foi o momento ruim não tanto pelo calor, mas a forma psicológica dos alunos", concluiu.
Os pais dos alunos denunciam ainda ameaças que os alunos passaram a receber após contarem sobre as punições.
"Alguns alunos estão sofrendo represálias, sob ameaças de serem excluídos, expulsos da escola se fizerem algum tipo de postagem sobre o acontecido. Acredito que eles devem ter percebido a gravidade do que eles cometeram e a minha preocupação como pai é justamente isso", disse um dos pais.
Apuração interna
A TV Santa Cruz, afiliada da TV Bahia e que atua na região onde a situação aconteceu, informou que tentou entrevista com a direção do Colégio da Polícia Militar de Teixeira de Freitas, que preferiu não se manifestar.
Em nota, a coordenação dos colégios da rede da Polícia Militar da Bahia disse que começou uma apuração interna para esclarecer o ocorrido.
Nathália Amorim
Nathália Amorim
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