A Justiça Federal da Bahia aceitou a denúncia contra o argentino Diego Hernan Dirísio e sua esposa, Julieta Vanessa Nardi Aranda, envolvidos em esquema de tráfico internacional de armas. Segundo a Polícia Federal (PF), os dois comandam um grupo que contrabandeou 43 mil armas para facções criminosas brasileiras.
Além dos dois, a Justiça aceitou a denúncia contra outros 26 integrantes da organização criminosa, que dividiu os membros em subgrupos:
Leia também:
- Os vendedores,
- Os integrantes do Dimabel, órgão militar do Paraguai que teve integrantes envolvidos no esquema,
- Intermediários,
- Compradores
- E responsáveis pela lavagem de dinheiro.
Segundo informações da PF, Diego Hernan Dirísio comprava armas fabricadas em países como Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia e revendia a criminosos brasileiros.
Além disso, o argentino é apontado como o maior contrabandista de armas da América do Sul e é conhecido como "Senhor das Armas". Ele e a esposa seguem foragidos e são procurados pela Interpol, que os inclui na "difusão vermelha", categoria para pessoas que podem ser presas em qualquer país estrangeiro.
Diego Dirísio foi o principal alvo da operação da PF no dia 5 de dezembro, quando foram cumpridos 25 mandados de prisão preventiva, 6 de prisão temporária e 52 de busca e apreensão no Brasil, Estados Unidos e Paraguai.
Ainda coforme as investigações, o grupo movimentou R$ 1,2 bilhão em armas vendidas para facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC), fundado em São Paulo, e Comando Vermelho (CV), criado no Rio de Janeiro.
O gancho para a realização das investigações foi a apreensão feita pela Polícia Rodoviária Federal em novembro de 2020, em Vitória da Conquista, na Bahia.
Entenda como funcionava ação do grupo crimonoso
- As armas eram importadas da Europa e da Turquia para o Paraguai, onde tinham a numeração raspada e eram revendidas a grupos de intermediários que atuavam na fronteira com o Brasil;
- Parte do armamento acabava sendo comprada pelas principais facções criminosas brasileiras, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho;
- A partir do trabalho de perícia para recuperar o número de série dos armamentos, foram identificadas no território brasileiro 25 apreensões de armas de fogo comprovadamente importadas da Europa e da Turquia pela IAS-PY, que eram traficadas ilegalmente para o Brasil;
- As apreensões ocorreram nos seguintes estados da Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
A organização criminosa atuava em seis núcleos:
1) Núcleo Central: responsável pela coordenação da empresa IAS-PY e pelo controle dos demais núcleos;
2) Núcleo de Vendedores: formado por funcionários da empresa, era responsável pela venda de armas para intermediários e compradores brasileiros;
3) Núcleo Dimabel: integrado por militares paraguaios responsáveis pelo controle de armas naquele país, desembaraçava o registro e a movimentação do armamento no Paraguai e criava dificuldades para concorrentes da IAS-PY, em troca de vantagens indevidas;
4) Núcleo de Intermediários: formado por pessoas situadas no Paraguai que serviam de vínculo com compradores no Brasil, alteravam o número de série e a marca de fabricante e forjavam a criação de novas armas com peças extraídas de marcas diversas;
5) Núcleo de Compradores: formado por brasileiros integrantes das organizações criminosas que compravam armas diretamente do Paraguai;
6) Núcleo de Lavagem: integrado por pessoas responsáveis pela ocultação e dissimulação da origem e do destino de recursos destinados ao líder da organização criminosa ou a fabricantes de armas em diversos países da Europa e na Turquia.
Iamany Santos
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!