O crime de estelionato lidera o número de registros na Delegacia de Atendimento ao Idoso, em Salvador. A Polícia Civil (PC) informou ao g1 que foram mais de 2.300 casos apenas no primeiro semestre deste ano - um crescimento superior a 61% em comparação ao mesmo período de 2024.

"É um crime patrimonial que se aproveita da vulnerabilidade do idoso, da dificuldade de entendimento, de certa forma até de uma inocência. E são feitos empréstimos, transferências bancárias, principalmente porque está inserido também nesse contexto virtual, nessas redes sociais todas", explicou a delegada Cristiane Leite, titular da unidade especializada, ao g1.
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Aos 79 anos, uma senhora - que optou por não se identificar - relatou a frustração de ter perdido R$ 80 mil ao tentar adquirir um imóvel. "Eu vendi a casa por R$ 90 mil. Uma casinha que tinha. Passei R$ 80 mil para ele e fiquei com R$ 10 mil no banco. Eu não sabia o que era consórcio”, contou ao portal. "Não entendia nada de consórcio. Pensei que era como comprar uma casa dando entrada e depois continuasse pagando", desabafou ao g1.
Atualmente, o Brasil tem cerca de 35 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, todas protegidas pelo Estatuto da Pessoa Idosa, criado em 2003. A legislação garante o acesso à saúde, alimentação, transporte, liberdade e outros direitos fundamentais. Apesar disso, essa parcela da população - que cresce a cada ano - ainda é alvo frequente de crimes, especialmente os de ordem financeira. "As violências físicas e psicológicas, a negligência, e tem crescido muito a violência patrimonial financeira", afirmou Alexandre da Silva, secretário Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, também ao portal.
Dicas para evitar golpes financeiros contra idosos:
- Se fizer uma compra equivocada, evite confirmar ou passar dados por telefone. O ideal é resolver diretamente na agência, preferencialmente com o gerente;
- Em casos de processos judiciais, antes de efetuar qualquer pagamento, procure informações com associações de classe ou advogados de confiança;
- Caso o cartão fique preso no caixa eletrônico, busque auxílio de um funcionário identificado dentro da agência ou deixe o cartão e solicite o cancelamento posteriormente;
- Nunca aceite ajuda de desconhecidos dentro dos bancos. Procure sempre funcionários credenciados para qualquer dúvida.
Felipe Santos, delegado da Delegacia do Idoso de Salvador, também reforçou a importância do cuidado com informações digitais. "A mesma importância que o idoso dá para a senha do banco, ele tem que dar aos aplicativos que ele tem em um dispositivo móvel do banco e aos aplicativos governamentais. Para além disso, é importante que desconfie de telefones estranhos, que falam que é o sobrinho, filho e pedem a realização do PIX, pagamento de boletos", orientou.
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