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Conheça baiano que se especializou em nutrição da população negra

Agnaldo Pereira, de 35 anos, almeja que a alimentação afrocentrada chegue a um número de pessoas cada vez maior; confira entrevista

Lucas Sales • 13/01/2024 às 9:00 - há XX semanas

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A sociedade brasileira sofre com diferentes problemas crônicos desde os primórdios. Podemos citar rapidamente temas como insegurança alimentar, nutricídio e racismo alimentar. O último tópico, por exemplo, retrata o distanciamento da população negra do acesso a terra, além do consumo de alimentos saudáveis.


				
					Conheça baiano que se especializou em nutrição da população negra
Agnaldo Pereira, de 35 anos, almeja que a alimentação afrocentrada chegue a um número de pessoas cada vez maior; confira entrevista. Foto: Arquivo pessoal

O Brasil voltou ao mapa da fome mundial, conforme um levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU), e a situação se agravou ainda mais por causa da pandemia da Covid-19. Um país é incluso no mapa da fome quando mais de 2,5 % da população encara uma falta crônica de alimentos.

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No país, que é um dos maiores produtores de alimentos no mundo, estima-se que ao menos 5% dos brasileiros não sabem quando farão a próxima refeição.

De acordo com uma pesquisa divulgada, em junho do ano passado, pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), mais de 60% dos lares chefiados por pessoas autodeclaradas pardas e pretas, sofre com algum tipo de insegurança alimentar no país.

Para uma pessoa preta, a falta de representatividade em diferentes ambientes de trabalhos e profissões pode sinalizar inúmeras visões de mundo. E quando se resolve romper a parede do "isso não é para você" e arrisca um pionerismo no que pode ser considerado um case de sucesso?

O baiano Agnaldo Pereira, de 35 anos, foi vendedor de suplementos em um shopping da capital baiana por 10 anos, até que resolveu mudar os rumos da própria história e se arriscar no universo acadêmico da nutrição.

Ele percebeu que era preciso apresentar uma linguagem mais simples e direta para os pacientes, principalmente aqueles com uma renda mais baixa. Fora curva e visando um público alvo ele se especializou em corpos pretos.

Segundo o profissional da nutrição, a pesquisadora, escritora, professora e mestra, Carla Akotirene, foi a responsável pelo start de que ele precisava romper o "embraquecimento nutricional" e direcionar seus serviços para o próprio povo... preto!


				
					Conheça baiano que se especializou em nutrição da população negra
Agnaldo Pereira ao lado da pesquisadora, escritora, professora e mestra, Carla Akotirene. Foto: Reprodução / Redes sociais

"A priori foi uma questão de trabalho e depois uma questão de envolvimento. Antes eu estudava Psicologia, mas por questões financeiras precisei trancar. Como eu trabalhava com suplementos alimentares isso foi me ensinando e me levando para a nutrição", contou ele para o Preta Bahia da semana.

"É por causa de Carla Akotirene que hoje eu posso dizer que sou um nutricionista que atende a partir desta perspectiva afrocentrica, anti-racista, e porque não dizer militante. Essa minha vertente da saúde tem haver diretamente com meu primeiro letramento racial. Quando me aproximei dela eu comecei a questionar a minha própria profissão, identidade, as particularidades da saúde do meu povo, eu passei a racializar a nutrição, o Agnaldo Pereira que atende as necessidades diretas do meu povo não existiria sem Carla Akotirene".

Para o profissional, a nutrição funciona para além de tudo como uma vertente do auto-cuidado. A missão do nutricionista é fornecer ao povo preto um resgate de uma saúde que lhe foi retirada desde a escravidão. Esse, inclusive, é o assunto do projeto de mestrado do nutricionista: "Dietoterapia Ancestral Afroncentrada".

"O significado da vida é o sentido que se dá. Por muitas vezes os profissionais da nossa área usam os termos técnicos e isso acaba confundindo a nossa população. O que é contraditório a nossa missão. A minha intenção é justamente aproximar o povo negro de uma alimentação possível, acessível, saudável e rotineira. Se a gente [nutricionistas] utiliza ferramentas 'brancocentradas' não será possível melhorar a saúde do meu povo, que tem cara, identidade e que tem hábitos próprios alimentares que precisam ser respeitados e acolhidos", refletiu ele.

O profissional, que é orientado pela escritora, empresária, professora e mestra Bárbara Carine, almeja que a alimentação afrocentrada pela qual tanto luta, chegue a um número de pessoas cada vez maior.

"Eu gostaria de verdade que o meu povo tivesse acesso aos conhecimentos ancestrais e africanos e pudesse utilizar na atualidade para melhorar a saúde, minimizar doenças crônicas [...] queria que o conteúdo que eu divido nas redes sociais atingisse cada vez mais pessoas e que fomentasse a ferramenta educacional não só da Bahia, mas do país".

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