Os olhos até enxergam, mas o cérebro não guarda nenhuma lembrança. Este é o diagnóstico das câmeras do Aeroporto Internacional Luis Eduardo Magalhães. Nos primeiros 14 dias deste mês, sete passageiros foram furtados no terminal, segundo registros no posto policial local. Mas ninguém pode contar com as imagens do sistema de monitoramento para tentar identificar o ladrão.
A informação, antecipada ontem pela coluna VIP do CORREIO, foi confirmada por policiais que atuam no aeroporto. Segundo os agentes, os equipamentos filmam em tempo real, mas não geram banco de imagens. No caso mais recente de furto, um empresário teve sua pasta com laptop, Ipod e documentos levada na área de desembarque. O passageiro contou à coluna VIP que deixou a maleta no chão por alguns segundos, para pegar uma bagagem na esteira, quando o objeto sumiu. Ele, que voltava do Rio de Janeiro, foi registrar a ocorrência no posto policial e então descobriu que as câmeras estão em manutenção. De acordo com os registros de furto, no dia 3 de agosto, uma turista denunciou que alguém levou sua bagagem logo depois de retirada da esteira. No mesmo dia, um passageiro teve o celular levado em um dos sanitários. Já no dia 8, um engenheiro deixou o carrinho com bagagens na porta do banheiro e teve uma maleta levada. Nesse dia, um publicitário também teve um notebook furtado no portão de embarque e um atleta profissional perdeu a carteira com dinheiro perto da casa de câmbio. A auditora fiscal Cláudia Guimarães, 35 anos, também teve o laptop furtado na hora do check-in. “Abaixei para colocar a mala na esteira, deixei o laptop coberto na parte de cima do carrinho. Deviam estar me observando”. Segundo Cláudia, quem furtou o equipamento deixou uma maleta semelhante no lugar. “Só percebi que era diferente quando fui embarcar. Procurei as polícias Civil e Federal, porque o laptop era do trabalho, era um bem público. Os policiais solicitaram as imagens das câmeras, mas o local em que tudo aconteceu não tinha fiscalização eletrônica”, relatou.
Todos os casos citados foram registrados pelo posto policial. Em anonimato, um agente afirmou que a falta das gravações tem dificultado o trabalho da polícia. “O ideal é que a gente tenha acesso ao monitoramento, mas tudo é centralizado pela Infraero. Já chegamos a pedir imagens e não ter”, criticou. DistraçãoO coordenador do posto policial, Paulo Roberto Araújo, enfatizou que os passageiros também devem ter mais atenção com seus objetos. “Em diversos casos, a gente percebe que o passageiro se distraiu. Sempre tem algum esperto esperando o vacilo”, avaliou. O CORREIO circulou pelo aeroporto e constatou que muitos passageiros deixam malas e objetos vulneráveis. Enquanto fazia o check-in acompanhado da mulher e do filho, o vendedor Caio Silva, 37, deixou uma mala, uma mochila aberta e uma bolsa no carrinho, que ficou afastado. “Costumo não desgrudar dos objetos. É que, com criança, tem que dividir a atenção. Fiquei de olho no carrinho”, garantiu Silva, antes de embarcar para Porto Alegre (RS). Ainda na área de embarque, a equipe de reportagem encontrou um carrinho com quatro malas, um travesseiro e um saco de objetos. Depois de 20 minutos, nenhum responsável havia aparecido. Precavido, o comerciante Wilmar Bezerra, 47, não desgruda de suas bagagens. “Viajo sempre e nunca tive nada furtado. Garanto minha segurança deixando tudo perto”, deu a dica. Num contato inicial, a assessoria da Infraero informou que as câmeras estão funcionando normalmente, inclusive com o registro no banco de imagens. A assessoria admitiu, entretanto, que o terminal aéreo possui “pontos cegos”. Porém, até as 22h de ontem, a assessoria não explicou por que os policiais não têm acesso às imagens, já que elas seriam registradas. A Infraero também não repassou um balanço das obras do aeroporto, como da pista e do saguão. Promotores investigam clandestinosAlém do problema no monitoramento eletrônico, quem chega a Salvador pelo aeroporto é obrigado a conviver com a abordagem dos taxistas clandestinos. Segunda-feira, numa reunião entre representantes do Ministério Público (MP),Transalvador, Guarda Municipal (GM) e Secretaria da Segurança Pública, foi proposto um estudo para verificar a possibilidade da GM assumir a fiscalização dos clandestinos não só no aeroporto, mas também na rodoviária e terminal marítimo. Além disso, o MP tenta identificar os envolvidos no esquema para fazer uma denúncia formal. Os cladestinos podem responder por estelionato e formação de quadrilha. Longas filas na chegadaOutro grande incômodo do aeroporto de Salvador é o desembarque internacional, onde as pessoas chegam a perder três horas entre a conferência de passaporte e a alfândega. A volta da Suíça para Salvador, via Portugal, rendeu à farmacêutica Vanessa Ribeiro, 32 anos, mais uma hora e meia na fila. “Havia umas 400 pessoas num espaço minúsculo. Fiquei um tempão lá depois de dez horas de voo. Só tinham três pessoas pra bater o carimbo”. A presidente do Sindicato dos Policiais Federais da Bahia, Rejane Teixeira, afirma que a estrutura é precária. “Só temos três agentes por equipe, quando o ideal são oito. Fila é inevitável”. Já o inspetor de alfândega do aeroporto Rodrigo Sales diz que três agentes atuam por turno em Salvador. “É um número adequado. A questão é a quantidade de passageiros simultâneos. Há voos que conflitam”, concluiu. Matéria original Correio 24h Aeroporto teve 7 furtos este mês, mas câmeras não registram imagens
Câmeras mostram imagens em tempo real, mas não existe registro |
Bom para os ladrões: este carrinho ficou mais de 20 minutos ‘sozinho’ |
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