A luz piscando sem parar em quatro bairros de Salvador, dessa vez, não é uma sinaleira quebrada. É o alerta para o risco de epidemia de dengue em Valéria, Periperi, Praia Grande e Tancredo Neves, onde o índice de infestação do mosquito transmissor da doença é maior que 10%. A taxa máxima recomendada pelo Ministério da Saúde é 3,9%.
O índice foi detectado no Levantamento de Infestação Predial do Aedes Aegypti (Lira) realizado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) entre 31 de outubro e 4 de novembro. A análise aponta que a capital baiana está com infestação de 3,5%. Em maio, a taxa da cidade era de 6% – considerada de alto risco. “O Lira sinaliza as áreas que podem ocorrer epidemias. Quanto maior a infestação, que é a constatação da presença de mosquitos ou larvas, maior o risco de contaminação. Estamos em alerta”, afirma a coordenadora do programa municipal de controle da dengue, Eliaci Costa. O sinal de alerta passou a piscar com mais intensidade devido às chuvas dos últimos dias, já que aumenta a possibilidade de acúmulo de água parada - propícia para a reprodução do mosquito. Além disso, quando o Verão chegar com força, o calor será outro fator que vai influenciar no desenvolvimento das larvas do Aedes Aegypti. Risco “É um período atípico de chuvas. Mas pode transformar-se em uma infestação, crítica ou não. Depende de como vão se desenvolver as larvas do mosquito”, afirma Eliaci Costa. Já a infectologista Glória Teixeira dá dicas importantes para quando o sol reaparecer. “A população tem que virar cascas de coco, copos descartáveis e tudo que pode ser um novo criatório”, diz ela. O alerta é complementado por outro infectologista, Carlos Brites: “A dengue prefere água limpa, mas pode se reproduzir em qualquer água parada. O risco de epidemia é grande”. Além dos quatro bairros que estão com índice de infestação superior a 10%, o mais recente Lira detectou três áreas com taxas entre 8% e 10%: Mirante de Periperi, Coutos e Vista Alegre. O novo levantamento, que aponta bairros carentes como os mais vulneráveis em relação à dengue, tem uma tendência oposta ao Lira anterior, realizado em maio. Na época, o distrito sanitário Barra/Rio Vermelho apresentou um índice de infestação de 8%, o maior da capital baiana. BuracoPor conta das chuvas, moradores da rua Cosme de Farias, em Praia Grande, colocaram um pneu em cima de um buraco. Mas, enquanto o improviso pode evitar um acidente, também pode se tornar um foco para larvas. “Botaram esse pneu porque alguém podia cair no buraco, mas o certo era a prefeitura consertar. Fica cheio de água”, observa a dona de casa Maria Cordeiro, 62. No local, garrafas e copos plásticos completam o cenário atraente para a reprodução do inseto. Moradora há 20 anos de Praia Grande, dona Maria tem medo. “Não pode vacilar. O mosquito é pequeno, mas mata”. A coordenadora da SMS, Eliaci Costa, diz que a prefeitura tem investido no controle da doença e lembra da importância do papel da população no combate à dengue. “Fazemos ações nesses locais, entregamos capas de proteção para reservatórios de água, temos agentes trabalhando em toda a cidade. Mas nosso trabalho depende também de cada cidadão fazer sua parte”, defende. Funcionários do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) reclamam das dificuldades para fiscalização. O agente Antônio Silva conta que na avenida Beira Mar, Subúrbio Ferroviário, das 18 casas existentes, apenas três tinham moradores no momento da vistoria. “Hoje (ontem), já achamos alguns focos. Havia casas com tonéis e manilhas descobertas”, relata. InteriorDe acordo com a gerência técnica de dengue da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), 14 cidades do interior também realizaram o Lira e apenas duas apresentaram índice de infestação abaixo de 1% - Barreiras e Juazeiro. Jequié, Simões Filho, Ilhéus e Itabuna têm taxas acima de 4%. “Isto significa que há risco de epidemia na Bahia”, admite a coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Sesab, Maria Aparecida. Até 22 de outubro, foram notificados 50.537 casos de dengue no estado – 10% a menos que no mesmo período em 2010. A dengue já causou 17 mortes no ano, sendo quatro em Salvador. “As cidades que registraram mais casos foram Salvador, Feira de Santana, Guanambi, Itabuna e Manoel Vitorino”, diz Aparecida. As mortes ocorreram em Jequié, Madre de Deus, Lauro de Freitas, Porto Seguro, Remanso, Jussara, Bom Jesus da Lapa, Salvador, Cipó, Riacho de Santana, Conceição do Coité e Barreiras.
Risco de epidemia por dengue aumentou em Salvador |
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