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Violência contra a mulher

Após 5 casos, jovem de 24 anos denuncia ginecologista por assédio

Outras cinco mulheres relatam ter sido vítimas do profissional de saúde

Redação iBahia • 25/07/2023 às 12:59 • Atualizada em 25/07/2023 às 18:28 - há XX semanas

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					Após 5 casos, jovem de 24 anos denuncia ginecologista por assédio
Foto: Reprodução/TV Bahia

Uma jovem comunicóloga denunciou um médico ginecologista por assédio durante uma consulta médica realizada em fevereiro de 2022, em Salvador. A vítima entrou em contato com o iBahia após outras denúncias divulgadas há cerca de um mês na TV Bahia envolvendo o mesmo médico.

Em entrevista exclusiva, a vítima explicou que prestou uma queixa na Ouvidoria do Grupo CAM, clínica onde foi atendida. À época, ela não deu continuidade com o registro policial ou denúncia no Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) por acreditar que o caso ficaria impune.

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A jovem de 24 anos, que preferiu não se identificar, contou que foi ao médico para ter acesso à guia para exames de rotina. Ela já tinha contato com Elziro Gonçalves de Oliveira desde 2020. Em fevereiro de 2022, quando foi atendida por ele, a jovem relatou que ele olhou fixamente para ela e, ao final, fez um pedido inesperado.

"Às vezes, eu pensava que era da coisa minha cabeça. A gente é criada assim. E no ano passado, eu fui para a consulta pegar os pedidos de exames. E ele ficou olhando sempre para o meu peito. Foi uns 15 a 20 minutos. Na saída, ele pediu para eu tirar a máscara. Eu me recusei e ele disse que queria ver meu rosto", detalhou a jovem.

A comunicóloga se surpreendeu porque o profissional de saúde reagiu às negativas dela. Ele teria insistido. "Saí da sala extremamente nervosa. Saí da clínica e fui direto para casa do meu namorado e fiz uma queixa na ouvidoria. Relatei tudo que tinha acontecido e eles disseram que iriam averiguar o caso. Uns três dias depois mais ou menos, me ligaram de volta. Eles me pediram desculpas, que não era a conduta do médico e até me ofereceram uma outra consulta gratuita. Mas, eu sou paciente de plano e disse que não voltaria mais lá", concluiu a vítima.

O médico foi descredenciado pela Clínica CAM em maio. A paciente não soube informar o motivo. "Dá gatilhos. A gente fica pensando...eu me identifiquei com os relatos das meninas, tive toques estranhos, sabe?! Eu acho que fui mais assediada do que eu pensava. Uma pessoa dessa não pode mais ter CRM. Se fez comigo imagine com quantas outras meninas", desabafou.

Em nota, o grupo CAM informou que as denúncias feitas nos canais de comunicação para escuta são todas respondidas de forma sigilosa, garantindo a privacidade dos pacientes.

Ainda no posicionamento, o grupo, que foi fundado há 45 anos, disse que "preza pelo atendimento humanizado, atuação ética e em estrita observância à legislação vigente e seus valores e princípios, repudiando, veementemente, toda forma de assédio ou conduta desrespeitosa ou inadequada".

Outros casos

A primeira denúncia foi feita por uma administradora de 43 anos. Ela procurou atendimento, após sentir dores causadas por uma infecção urinária e foi atendida por Elziro no centro médico do plano Caixa Assistência dos Empregados do Baneb (Casseb) - mesmo profissional que atendeu a jovem comunicóloga no ano passado.

A mulher, que preferiu não ser identificada, explicou que durante a consulta, o ginecologista sugeriu um preventivo. "Começou a tocar, apalpar meus mamilos, apertava os mamilos, perguntava se eu estava tendo sensibilidade e eu já havia dito que não tinha sensibilidade, mas ele insistia muito".


				
					Após 5 casos, jovem de 24 anos denuncia ginecologista por assédio
Foto: Reprodução/TV Bahia

A administradora denunciou ainda que o médico não usou luvas, máscaras e retirou o lençol que cobria as pernas durante o preventivo. O ginecologista também teria feito movimentos no clitóris da paciente. "Você se masturba? Ele me perguntou dessa forma e eu me calei. Aí insistiu, perguntou que tipo de aparelho eu usava para me masturbar e ainda chegou a falar assim: ''É... Você está muito tensa, muito nervosa, precisa relaxar'", relatou.

O caso foi denunciado também no Conselho Regional de Medicina (Cremeb). Em nota, o órgão disse que o processo tramita em sigilo e se as denúncias forem comprovadas, as sanções podem ir de advertência até cassação do exercício profissional. Por e-mail, a administradora comunicou ao plano Casseb. Sem resposta, voltou ao centro médico. "A gente chama isso de violência sexual mediante fraude. Não há possibilidade da vítima escolher a situação em relação a confiança médica do paciente", disse a advogada da vítima, Valéria Cordeiro.

Outras duas pacientes do ginecologista também denunciaram casos semelhantes ao da administradora no centro médico do Casseb. Ambas se consultaram com Elziro há mais de 10 anos, e tiveram medo de denunciar o caso para a polícia.

Uma corretora de imóveis, que tem 41 anos, contou que o ginecologista a examinou sem luvas. A outra mulher que denunciou o ginecologista contou que fez duas cirurgias de histerectomia e uma plástica vaginal com o médico, mas não teve problemas. Os abusos teriam começado durante as consultas de revisão.

Um quarto caso também envolvendo o médico veio à tona. Segundo a paciente, que preferiu não revelar a identidade, Elziro Gonçalves de Oliveira teria perguntado se ela namorava. Após a resposta negativa, o homem teria falado: “Mas como é que uma mulher bonita e gostosa como você não tem namorado?’ Ele também perguntou: ‘Você já fez sexo anal?", contou a denunciante.

Por fim, o quinto caso envolve uma enfermeira de 33 anos, que vive em outro estado. Ela estava na terceira consulta com o ginecologista, quando sofreu os abusos. “Na hora dele introduzir, ele fez o movimento de vai e vem. Eu achei estranho, mas me senti, assim, impotente de falar alguma coisa, né?”, relatou. De acordo com a mulher, após o procedimento, o médico teria perguntado se ela tinha namorado e se o casal se masturbava. "Quantos centímetros tem o pênis do seu namorado? Porque não é qualquer homem que vai satisfazer você não", disse a mulher.

O que diz o médico

Por telefone, o ginecologista de 71 anos, que tem 45 anos de exercício profissional e trabalha no Casseb há 30 anos, negou o assédio. Disse que foi ouvido pela coordenadora da unidade, afastado e viajou para outro estado. "Eu fiz a minha defesa. É... Não houve nada do que a paciente está alegando. Não estou entendendo o porquê. Nunca tive um queixa, nunca tive um problema", afirmou.

Disse ainda que explicou que abaixaria o lençol para explicar o preventivo para a paciente e negou que não usou luvas no procedimento. Em nota, a direção do Casseb confirmou que averigua o caso, convidou a denunciante para ser ouvida três vezes, mas teve os pedidos negados. Disse ainda que precisa ouvir a paciente para continuar com as investigações. A direção do plano afirmou ainda que desmarcou todas as consultas previstas para o ginecologista pelo prazo de 30 dias.

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