A Associação do Terreiro Hunkpame Savalu Vodun Zo Kwe planeja entrar com uma ação judicial contra a Polícia Militar por conta da invasão ocorrida no templo, um dos mais tradicionais do país, na Rua Direta do Curuzu, no bairro da Liberdade. O caso ocorreu na quinta-feira, quando policiais da Companhia Tática de Patrulhamento Móvel (Patamo) quebraram a porta da casa e entraram no
local sagrado.
Segundo o pai de santo Amilton Costa, sacerdote do templo há mais de 30 anos, o objeto da ação ainda está sendo avaliado pelos representantes do terreiro. “São muitas questões envolvidas. Além dos danos morais, houve intolerância religiosa, racismo... Se fosse numa igreja evangélica, eles não entravam dessa forma. Queremos que eles aprendam, que não façam mais em lugar nenhum”, disse. Ainda de acordo com Amilton, o caso também foi levado à Corregedoria da Polícia Militar.
“Não adianta ficar só aqui na palavra. Somos seres humanos, cidadãos brasileiros. Não fui contra entrarem no terreiro, mas contra as atitudes deles, a forma truculenta”, enfatizou o pai de santo. Ele contou que, na manhã de ontem, policiais militares foram ao local para medir a largura e o comprimento da porta destruída. “Eles vão arcar com os custos. Como é uma porta muito grande, larga, vão ter que encomendar com as medidas específicas”, disse o pai de santo.
Anteontem, a PM informou que abriu um inquérito para apurar o caso. O prefeito ACM Neto (DEM) disse ontem que o terreiro é um patrimônio da cidade e defendeu o esclarecimento dos fatos. “O terreiro foi tombado pela prefeitura, é um patrimônio da cidade, é, acima de tudo, um templo religioso e nenhuma ação policial poderia justificar o que foi feito ali dentro. Nós estamos ecoando um clamor, de toda a cidade, para que haja o esclarecimento e o ressarcimento dos danos que foram feitos no terreiro”, disse, ao entregar títulos de posse de terreno no Calabar.
O terreiro foi o primeiro a ser tombado com base na Lei 8.550/2014, de Preservação do Patrimônio Cultural do Município de Salvador.
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Redação iBahia
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