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SALVADOR

Assassinato em Patamares comprova falta de segurança na Orla

Ontem de manhã um homem foi executado quando fazia cooper em Patamares

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17/10/2012 às 8:49 • Atualizada em 27/08/2022 às 3:21 - há XX semanas
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“Ainda bem que aqui na Bahia ninguém sabe assentar pedra portuguesa. Todos os dias, quando caminho na orla de Salvador, ando com uma debaixo do braço”. Quem tenta se proteger da falta de segurança nos calçadões das praias é o advogado José Geraldo Costa Leal, 60 anos, que se exercita todos os dias entre a Pituba e Patamares, onde, nesta terça (16), o azul do mar contrastou com uma mancha de sangue no calçadão, quando um homem de cerca de 50 anos foi morto com três tiros, por volta das 6h30, enquanto fazia cooper. Segundo testemunhas, dois homens em uma moto abordaram a vítima. “Tava chegando para trabalhar e ouvi os disparos. Ainda vi um dos caras subir com a arma, colocar o capacete e fugir na moto”, relatou o barraqueiro Osmar Ramos, 53. A vítima – atingida com dois tiros nas costas e um na clavícula – morreu no local. “Esse coroa passava aqui todos os dias e sempre me dava bom-dia. Nunca vi uma situação como essa aqui”, continuou o barraqueiro. De acordo com o delegado Alex Gabriel, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a hipótese do crime é de execução. “Todos os pertences da vítima foram deixados no local. Quem matou já havia premeditado”, avaliou. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal e, até as 21h, ninguém foi fazer a identificação.
Insegurança Entre o Porto da Barra e Itapuã, alguns pontos são considerados críticos por quem não dispensa a prática de exercícios na orla. O CORREIO percorreu a orla da cidade ontem e, a partir de depoimentos dos frequentadores, mapeou os piores pontos em termos de segurança. A praia do Budião, em Amaralina, por exemplo, sofre com a falta de policiamento, segundo os frequentadores. “Já vi assaltos aqui e me sinto desprotegido. Até onde a visão alcança, não se enxerga um policial”, criticou o professor Elinaldo Pedreira, 47 anos.
O educador físico Danilo Mota, 30, recomendou aos seus alunos que não passem pela parte de trás do Aeroclube sozinhos. Ele disse já ter presenciado diversos assaltos no trecho. “Em um dos casos, o casal voltou só com as meias”, recordou. O coordenador do Departamento de Comunicação da PM, capitão Pitta, diz que a área do Aeroclube registra assaltos porque é mais deserta e afastada da pista de automóveis. TocaiaNo Jardim dos Namorados, o estudante de Jornalismo Dimas Novais, 24, apontou dois trechos como perigosos. “Um é a parte em frente ao Habib’s, que é mais baixa que a pista. Às vezes, ficam pessoas suspeitas ali. O outro trecho é atrás das quadras poliesportivas, sem iluminação. Evito vir com objetos de valor e determinados horários para não virar estatística”, resumiu. No areal de Piatã, segundo o funcionário público Carlisvan Delfino, 42, ladrões ficam na espreita de vítimas. “Já vi uma mulher com a faca no pescoço colocada por um bandido. É difícil ver uma viatura e, nos finais de semana, a situação fica ainda pior”. A área atrás das quadras poliesportivas da praia do Corsário também é um trecho em que os frequentadores se queixam da ação de bandidos. “Tem um pequeno areal e mato onde os marginais se entocam. No primeiro vacilo rola o ataque e a vítima fica sem nada, principalmente à noite”, reforçou a vendedora Andressa Carvalho, 29. TuristasNo Farol de Itapuã, a comerciante Renata Leite, 24, garantiu ter presenciado diversos assaltos. “Tem um matagal, perto do farol, onde os bandidos se escondem. Quem mais sofre é o turista. A gente tenta alertar, mas nem pode se comprometer muito. Eles vão iludidos, maravilhados, e voltam arrependidos”, lamentou. No Porto da Barra, o estudante japonês Fumiaki Tahoiri, 30, há pouco mais de uma semana em Salvador, já percebeu que não pode ser descuidado. “Meus amigos já foram abordados por três assaltantes. Quando eu venho à praia, nunca me sinto seguro”, revela o rapaz. Vindo do Japão para estudar português, Fumiaki diz que a família que o hospeda é quem o alerta sobre a violência. “Eles me disseram que eu não devo trazer coisas caras para a praia, e eu não trago mais nada”, afirmou, mostrando apenas uma toalha de praia. OperaçãoO capitão Pitta diz que a extensão da orla dificulta o policiamento, mas afirma que todos os dias a Polícia Militar realiza na orla a Operação Cooper, com 62 policias e três viaturas, entre 5h e 10h.Pela noite, são 150 policiais divididos entre a orla e outros pontos turísticos, mais seis viaturas, das 18h às 23h. “Estão ali para reforçar o policiamento ordinário, que, além das cinco companhias independentes (entre o Porto da Barra e Itapuã), também é feito pelo Esquadrão Águia, Esquadrão da Polícia Montada e pela Rondesp”, diz o capitão Pitta. Para secretário de Segurança, crime é caso isoladoO assassinato que aconteceu ontem na orla de Salvador foi um crime isolado. É essa a visão do secretário da Segurança Pública do Estado, Maurício Barbosa. Ele disse ontem ao CORREIO que já tinha recebido informações da investigação da polícia de que o crime era caracterizado como uma execução, ou seja, os bandidos tinham intenção de matar a vítima, não de assaltar ou cometer outro delito. “Qualquer crime é grave. Mas isso que aconteceu hoje na orla não acontece com frequência. Não temos um caso como o de hoje há um bom tempo”, afirmou o secretário. Barbosa disse ainda que, na estação mais quente do ano, a população contará com a Operação Verão, quando há um acréscimo de policiais e viaturas nos principais pontos da orla de Salvador. Além disso, o secretário da Segurança Pública também lembrou a Operação Cooper, que reforça, durante todo o ano, o policiamento na orla no horário em que as pessoas praticam atividades físicas. O secretário ainda prometeu mais operações no Porto da Barra, onde, segundo o delegado João Roberto Cavadas, titular da 14ª Delegacia Territorial (DT/ Barra), o consumo de drogas aumenta nos fins de semana. Segundo o delegado, muitos dos furtos são cometidos por usuários de drogas, na tentativa de sustentar o vício, e alerta: “Há aumento, a partir de setembro, em função da circulação de pessoas, que é maior”. Dicas de segurança na orla Região Busque locais em que outras pessoas já têm o hábito de correr; se a área for pouco movimentada, o risco é maior para o pedestre que está praticando atividade física. Também busque locais com movimento de automóveis. Quanto menos deserta a área, melhor. Objetos Leve o essencial para praticar atividades. Evite excessos, joias, relógios caros, tênis caros, carteiras com cartões de crédito e documentos que você não irá utilizar. Os aparelhos para ouvir música também são visados pelos assaltantes. Companhia Se você puder ir acompanhado, melhor. Além de ser mais divertido, quanto mais pessoas, mais os bandidos podem se sentir intimidados. Luz natural Procure ir em horários ainda com luz natural. Se for praticar alguma atividade física pela noite, procure regiões bem iluminadas e com mais movimento de pessoas e de automóveis. Pela manhã, das 5h às 10h, e pela noite, das 18h às 23h, o policiamento ganha reforço com a Operação Cooper em diversos pontos da orla. Horários Não há problemas em ir sempre no mesmo horário. Esse tipo de delito (furtos, roubos de celulares, MP3, relógios e óculos) que acontece com pessoas na orla de Salvador não costuma ser premeditado. Matéria original Correio 24h Assassinato em Patamares evidencia falta de segurança a quem frequenta orla de Salvador

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