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Demarcação das cinco faixas já pode ser vista na Paralela. Cada uma delas tem 3 metros de largura, mínimo permitido pela legislação brasileira |
Quem diria que um aperto poderia aliviar o trânsito da Avenida Paralela, por onde, nos horários de pico, passam 20 mil veículos por hora? Pois a prefeitura acredita nisso e medida já pode ser vista. Trata-se do estreitamento das faixas de rodagem, fazendo com que a via passe a ter cinco faixas, e não quatro. A medida faz parte de um pacote de mudanças para o trânsito de Salvador anunciado em maio do ano passado. A pintura das faixas está sendo realizada ao longo dessa semana nos trechos já recapeados. No sentido aeroporto, já foi concluída a pintura entre a Indiana Veículos e o viaduto Mario Andreazza, que dá acesso a São Cristóvão. No sentido Centro, até o início da noite de ontem, três faixas já haviam sido pintadas entre a Estação Mussurunga e a Centro Universitário Jorge Amado. A pintura do trecho recapeado, segundo a Superintendência de Trânsito e Transporte de Salvador (Transalvador), deve ser concluída na semana que vem. Marcelo Corrêa, diretor de Trânsito do órgão, explica que para evitar reações químicas que podem reduzir a vida útil da pintura, a prefeitura tem aguardado 15 dias entre a colocação do asfalto e a pintura. “Com essa mudança daremos maior fluidez à via, esse é o benefício de quem for trafegar na Paralela. A perda no espaço de cada corredor é pequena se comparado com a melhoria que teremos no tráfego”, aponta Corrêa. A Paralela tem uma largura média de 15,3m e cada faixa possuía 3,5m. Com o redimensionamento, cada faixa passa a ter 3m de largura, que é a extensão mínima permitida pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). “Com o aumento de uma faixa, você aumenta a injeção de veículos na via. O resultado será sentido”, diz o superintendente da Transalvador, Fabrizzio Muller. As cinco faixas de rodagem ocuparão toda a extensão da Paralela, com exceção apenas do trecho perto do antigo Posto 1, por causa de um estreitamento que existe na pista. Quando foi planejada, a Paralela ganhou faixas largas por ser concebida como uma via de trânsito rápido. Com as mudanças, serão mantidos os trechos da via em que há uma faixa reservada para uso exclusivo de ônibus. Ao trafegar no trecho que já tem as cinco faixas, o comerciante Cláudio Pereira percebeu a mudança com desconfiança. “Não sei se é uma sensação falsa, por enquanto, porque está lento no início da Paralela com obras (sentido aeroporto), mas a sensação foi de trânsito mais rápido”, afirmou Cláudio. Alerta Professor do curso de Urbanismo da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), Jorge Glauco Nascimento adverte que a alegria pode durar pouco. “A prefeitura, me parece, está fazendo uma acupuntura na mobilidade da cidade, o que parece bom. Onde a agulha da acupuntura atinge, melhora, mas é algo que só ameniza os problemas, não os resolve”. Mudanças como as realizadas na Avenida Paulo VI, na Pituba, que ficou com sentido único para veículos em geral e uma faixa exclusiva para ônibus, são citadas pelo especialista em trânsito como umas das intervenções pontuais. “Há uma série de empreendimentos que ainda serão inaugurados na Paralela, centenas de veículos são emplacados por dia na cidade, então será algo pontual. Mas de alguma maneira é algo que já estão fazendo para melhorar”, pontua Nascimento. Na região da Paralela estão em curso também a duplicação da Avenida Pinto de Aguiar e a construção de complexo de viadutos do Imbuí, todas obras do governo do estado, que pretende ainda construir a Avenida 29 de Março. Com o estreitamento das faixas, motociclistas devem ficar ainda mais atentos. Porém, o diretor de Trânsito alerta: “Trafegar entre dois carros pelo corredor é uma irregularidade, o motociclista tem que trafegar dentro da faixa”. Para o professor Jorge, o aperto das faixas pode acabar servindo para inibir a irregularidade. “O Código de Trânsito Brasileiro diz claramente que o motociclista tem que andar na faixa, mas na Paralela eles ficam bravos, xingam se não der para passar, como se fosse um direito”.
Outras ações Entre as medidas previstas para o trânsito, estão no planejamento a modernização dos equipamentos de fiscalização e monitoramento, o que inclui semáforos inteligentes que serão testados no Iguatemi (em licitação) e radares inteligentes para identificar quem trafegar pela via exclusiva de ônibus. “Estamos promovendo uma iniciativa tecnológica de fiscalização. Há de convir que mais da metade dos atendimentos do Samu nas vias é de motociclistas que se arriscam trafegando na rua entre veículos e vamos identificar isso”, promete Corrêa. De acordo com o diretor de Trânsito, os equipamentos de fiscalização eletrônica que conseguem identificar as motos que trafegam nos corredores entre as faixas de rodagem chegam à capital baiana até o mês de abril.
Intervenções no Iguatemi são adiadas As sete mudanças na região do Iguatemi, anunciadas pela prefeitura como promessas para melhoria do trânsito da região, terão que esperar. No início do mês, o CORREIO publicou que alterações no tráfego da região, que incluíam a mudança de sentido em algumas ruas, começariam a ser aplicadas já neste mês - as que não dependessem de obras. Porém, o superintendente da Transalvador, Fabrizzio Muller, informou, ontem, que o pacote de intervenções deve ser implantado de uma só vez, mas não arrisca estimar um prazo. “O que começamos este mês foram os levantamentos topográficos, de interferências da via e drenagem. Uma intervenção depende e só faz sentido com a outra”, argumentou Muller. Entre as mudanças estão a inversão no sentido de tráfego da marginal em frente ao Shopping Iguatemi, que passa a seguir o mesmo fluxo da principal, em direção à Avenida Tancredo Neves, e um novo cruzamento que ficará em frente à rua que divide o Sam’s Club e o Hiper Bompreço, desafogando a saída da Avenida Paulo VI.
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Matéria original do Correio
Avenida Paralela passa a ter cinco faixas de rodagem em toda extensão