Bando prende família no Costa Azul e foge com dinheiro e carro

O Edifício Jardim Atlântida, na rua Augusto Lopes Pontes, Costa Azul, tem guarita, mas não tem porteiro à noite. O prédio não tem câmeras nem cerca elétrica. Era o cenário que um bando formado por três homens e duas mulheres precisava para fazer cinco reféns dentro do apartamento da família, no terceiro andar do edifício, roubar R$ 6 mil em dinheiro, joias e equipamentos eletrônicos e fugir com o Ford Fiesta de umas das vítimas. Na noite de quinta-feira, a quadrilha abordou uma jovem quando ela entrava na garagem, com seu filho dentro do carro. Rendida, a moradora levou os bandidos até o apartamento, onde estavam sua mãe e dois irmãos, ambos adultos. Enquanto recolhia os objetos roubados, numa ação que durou 20 minutos, o bando mateve a família trancada em um dos quartos. Antes, um dos rapazes levou uma coronhada de uma das assaltantes. Pelo interfone, um dos filhos da dona do apartamento, pedindo anonimato, falou sobre os momentos de pânico vivenciados pela família. Sua irmã foi abordada quando voltava de uma caminhada na praia. Ao acionar a abertura da garagem, foi cercada peos cinco assaltantes - três armados. “Uma das mulheres estava bastante agitada, parecia estar drogada. Ela deu uma coronhada em meu irmão e mandou ele deitar no chão. Ordenou que todos desligassem os celulares e perguntava se os aparelhos tinham rastreadores”, contou o rapaz. Segundo ele, um dos assaltantes pedia para a comparsa ter calma e ao mesmo tempo fazia o papel de manter as vítimas sob controle, dizendo que se todos ficassem quietos, ninguém iria morrer. “Eles pensaram em amarrar a gente, mas desistiram quando um deles suspeitou que um dos vizinhos tinha percebido que se tratava de um assalto e que a polícia pudesse ter sido acionada. Os bandidos fugiram no nosso carro. A gente saiu com uma segunda chave da porta que estava no quarto”, relatou o jovem. Ontem pela manhã, o CORREIO procurou a síndica do prédio. Também pelo interfone, seu marido, que não se identificou, afirmou que ela estava viajando. Sem especificar o dia, ele afirmou apenas que será realizada uma reunião para discutir a segurança dos condôminos. Moradores do edifício reclamam que pagam uma alta taxa de condomínio (R$ 700) para não contar com porteiro noturno. Insegurança O caso ocorrido no Edifício Jardim Atlântida causou muitos comentários na Rua Augusto Lopes Pontes e trouxe à tona outra situação de insegurança na área, ocorrida também na noite de quinta, cerca de uma hora antes do assalto. De acordo com moradores do edifício ao lado, o Atlântico Sul, uma dupla de motociclistas tentou roubar um jovem que passava andando. Testemunhas dizem que o rapaz ia para a academia e estava com o celular na mão, quando foi abordado. Ele só escapou porque conseguiu pular para dentro do Atlântico Sul. “O rapaz correu e, sem pensar duas vezes, pulou o portão da garagem. A sorte dele é que a cerca elétrica estava desligada. Poderia ter ocorrido uma tragédia”, contou uma moradora de prenome Sheila. Vítima identifica suspeitos e polícia apura ações de quadrilha O economista Newton Bahia, 52 anos, não titubeou quando viu o rosto de um homem e de uma mulher em um catálogo de procurados da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos (DRFRV). Newton é síndico do Edifício Astúria, na Rua Vicente Batalha, no Costa Azul, assaltado dia 18 de dezembro. “Reconheci os dois na hora. Ele não vou esquecer nunca. Me deu uma coronhada, mesmo eu fazendo tudo o que queriam. Já a mulher, não fui o único a reconhecê-la. Vítimas de assaltos recentes a prédios da Pituba e Federação também apontaram a criminosa”, conta o economista. Para Newton, são os mesmos bandidos que agiram, na quinta-feira, no Edifício Jardim Atlântida. Os outros assaltos mencionados por ele ocorreram no segundo semestre de 2012. No dia 30 de outubro, dois homens e uma mulher roubaram moradores do Edifício Luís de Camões, na Pituba. Já no dia 23 de dezembro, dois casais assaltaram moradores do Edifício Cláudia, na Federação. Segundo o economista, a investida contra moradores do Astúria foi cometida por três casais. Assim como no caso do Jardim Atlântida, os bandidos fugiram do Astúria com um carro, por isso a DRFRV participa das investigações para descobrir se o mesmo bando está ligado a todos os crimes. O titular da unidade especializada, Nilton Borba, da DRFRV, limitou-se a afirmar que os casos estão em investigação. Matéria original do CorreioBando prende família no Costa Azul e foge com dinheiro e carro