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SALVADOR

Banhistas mudam comportamento, prefeitura age e praia fica limpa

Aumentou de 20 para 40 o número de agentes que recolhem o lixo da orla em operações diárias realizadas às 23h

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17/01/2012 às 9:40 • Atualizada em 28/08/2022 às 22:47 - há XX semanas
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As praias do Farol e do Porto da Barra acordaram mais limpas nesta segunda (16). Apesar de ainda haver algumas latinhas, canudos e palitos de picolé espalhados pela areia, em nada parecia com o que foi flagrado pelo CORREIO há uma semana, quando o lixo misturado com a água suja que caía da rede de captação dos bueiros transformou o cartão-postal soteropolitano em um cenário tenebroso e fedorento. A mudança é resultado não somente da limpeza realizada pela Limpurb com 40 garis na noite de domingo, 15, após os banhistas desocuparem as praias, bem como a faxina promovida com água e sabão na manhã de ontem, para tirar o cheiro de xixi. Além da limpeza realizada pelo poder público, houve mudança de comportamento. “Dá para perceber que hoje a praia está mais limpa. As pessoas estão se policiando para não jogar o lixo no chão. O único problema agora aqui é a quantidade de cachorros. Parece um zoológico”, avaliou a assistente social Patrícia Vilas Boas, 25 anos. “Quando cheguei em Salvador, no dia 7, estava mais suja. Agora está melhor, mas as praias daqui são mais sujas do que outras que já conheci pelo país”, ponderou a turista Marli Cerqueira Cruz, 48 anos, de Minas Gerais. CestasA maioria dos barraqueiros que alugam cadeiras e guarda-sóis colocou uma cesta de lixo de plástico para cada cliente. “As pessoas não querem jogar o lixo no chão. Mas não tem lixeiras, não tem onde jogar. O que a gente pede à prefeitura é que nos ajude com sacos, para dar aos banhistas”, reclamou a barraqueira Suely Tavares, 44 anos, que trouxe saquinhos de casa. O seu colega Celso Santos, 48 anos, se vangloria de adotar as cestinhas de lixo há mais de dez anos. “Eu sempre trago saquinhos de mercado para entregar aos clientes, mas tem uns que não usam e sujam a praia. Os barraqueiros fazem o que podem. A praia é o nosso local de trabalho e tem que estar linda”, ressaltou. A turista Sandra Peixoto, 50, de São Paulo, é uma antiga frequentadora das praias baianos. Há dez anos, ela vem para cá em suas férias e gostou de ver o empenho dos barraqueiros para deixar a praia limpa. “É muito bom ver a preocupação de deixar a praia limpa, de disponibilizar lixeira. Só que é bom lembrar que limpeza é uma questão cultural. Ontem (domingo) mesmo vi um senhor que, ao lado do lixeira, jogava o lixo na areia”.
Praia do Farol em nada parecida com o que foi flagrado pelo Correio há uma semana
EquipesA presidente da Limpurb, Ângela Maria Lisboa, reconheceu que algumas coisas mudaram na atuação da empresa na Barra na última semana. Entre elas, o aumento de 12 para 20 na equipe permanente de garis que, dividida em dois turnos, limpa a areia entre o Cristo e o Porto. Aumentou também de 20 para 40 o número de agentes que recolhem o lixo da orla em operações diárias realizadas às 23h. “Iniciamos na semana passada uma campanha educativa e a Secretaria Municipal de Serviços Públicos (Sesp) deu início a uma operação para fiscalizar os ambulantes, que já estão tomando mais consciência de como condicionar o lixo”, ressaltou. Segundo ela, atualmente, há a distribuição de sacos para que os ambulantes descartem o lixo que produzem, mas ainda não há essa entrega de sacos para os turistas. “Mas estamos providenciando isso”. Esta semana, foram instalados ainda 26 contêineres de lixo de 240 litros ao longo da praia do Porto, onde já há 28 cestas fixas. “Lá, o banhista não precisa andar mais de dez metros para achar uma lixeira”, ressaltou. Esses equipamentos não chegaram à praia do Farol devido à dificuldade para que os caminhões se aproximem da praia para realizar a remoção do lixo. Lá, porque “a presença de banhistas é bem menor”, há apenas 20 cestos na praia. Apesar do esforço na areia, ainda há muito o que se fazer nas pedras nas proximidades do Farol. Naquela região, onde se concentram pescadores, há um forte cheiro de xixi e a concentração de sujeira acumulada, como latinhas e camisinhas (usadas durante a noite), se mistura com as vísceras dos peixes que são tratados ali mesmo por pescadores. “Outro dia deixaram um saco de lixo aqui na pedra, contei oito dias aqui e ninguém pegou. Aqui nas pedras a prefeitura não limpa e as pessoas que usam não têm consciência”, reclama o pescador Raimundo Dias da Hora, 70 anos. Segundo Ângela Maria, essa região já começou a ser alvo da ação dos garis esta semana. Ela ressalta que a limpeza nas pedras somente pode ser realizada nos momentos de maré baixa.
Barraqueiro recolhendo o lixo: comportamento elogiado por turistas
Cestos de lixos depredados pelo povoUma das dificuldades dos cidadãos educados é achar lixeiras na cidade. Segundo a Limpurb, quase R$ 747 mil foram gastos em 2011 para repor equipamentos de coleta de lixo destruídos por ações de vândalos. Só na orla da Barra, de 54 cestas que ficam presas em postes de energia e foram instaladas em novembro apenas 22 continuam em bom estado. Dos 40 cestos que ficam presos na areia e foram instalados no Porto da Barra, restam 28 que não foram depredados por vândalos. No farol, esses rescipientes eram 30 e sobraram 20. Em toda a orla, no ano passado, foram depredadas cerca de 300 das cestas que ficam presas em postes. Casal serve de exemplo para populaçãoO professor de Matemática Átila Soares, 27 anos, e sua mulher, a professora de Biologia Taiana Riela, 25, viveram dia de heróis ontem. Eles tiraram o domingo para limpar a porcalhada resultado da falta de educação dos banhistas que frenquentam as praias do Porto e do Farol da Barra e, devido ao esforço, estamparam a capa da edição do CORREIO. Sozinhos, recolheram cerca de 40 quilos, mas se tivessem ajuda fariam mais. Quando catava as latinhas de bebidas, palitos de picolé, espetos de churrasquinho e todo tipo de sujeira proveniente do domingo com praia cheia, o casal não imaginava que em tão pouco tempo conseguiria algo maior: servir de exemplo para a população. “Fiquei muito feliz em saber que algumas coisas mudaram por lá de um dia para o outro. Muitas pessoas ligaram, pediram para avisar para irem na próxima vez. Todo mundo sabe que é o certo a se fazer, mas às vezes falta uma empurrão”, festejou Átila. O casal se motivou a realizar essa faxina após matéria publicada no CORREIO de sábado, 14, que denunciou a quantidade de lixo acumulada no fundo do mar devido à sujeira produzida nas praias. “Aquela matéria nos chateou muito. Nós nos sentimos em casa ali, então é como se minha casa estivesse suja”. A limpeza nas praias do Porto e do Farol da Barra aconteceu no domingo também debaixo d’água. Dez mergulhadores equipados com cilindros de ar comprimido foram às profundezas da Baía de Todos os Santos recolher o lixo arrastado da costa pelo movimento das marés. “Era lixo demais. É uma coisa impressionante”, lamenta o instrutor de mergulho Pablo Gomes, 37 anos, argentino que há 11 anos mora em Salvador. Ao todo, a limpeza resultou em cerca de 60 quilos de lixo.
Átila Soares, 27, e a mulher, a professora de Biologia Taiana Riela, 25, viveram dia de heróis

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