A casa dos pais do rapaz suspeito de assassinar a vendedora de 20 anos na passarela do shopping Paralela, na manhã da terça-feira (7), pegou fogo na manhã desta quarta-feira (8). De acordo com informações da Central de Polícia, o crime aconteceu por volta das 4h na rua Oeste, Lote 4, no bairro Parque São Cristóvão. Testemunhas teriam visto um homem ateando fogo à residência dos pais de Jean Silva Cerqueira, 21 anos. A casa foi destruída pelo fogo, mas ninguém ficou ferido. Principal suspeito de ter matado a ex-mulher, Jéssica Ramos dos Santos, o jovem está foragido da polícia.
Na tarde de ontem, o carro do pai de Jean foi encontrado abandonado no Centro Administrativo da Bahia (CAB). O veículo vai passar por uma perícia. Jéssica tinha uma audiência marcada com o ex-marido na próxima semana, depois de, há cerca de um mês, tê-lo denunciado na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), em Brotas, por agredi-la com uma faca. Mas ontem de manhã, a jovem, que completou 20 anos na última sexta-feira, foi morta com 15 facadas na passarela que dá acesso ao Shopping Paralela, onde ela trabalhava na loja de sapatos Comparatto. Para a polícia, o ex-marido, o motorista particular Jean Silva Marques, 35, é o principal suspeito. Os dois, que moravam no Parque São Cristóvão, estavam separados há um ano, mas, segundo a família da vítima, o acusado não aceitava o fim da relação. Há cerca de um mês, o acusado chegou a passar uma noite sob custódia no xadrez da Deam. “Ele marcou o rosto de minha filha com uma faca. A delegada disse na época que, como ele foi levado um dia depois da agressão, não tinha como ser flagrante”, lamentou o pai de Jéssica, Ailton Oliveira dos Santos, amparado de joelhos por amigos e parentes, enquanto chorava em frente ao corpo da filha. Segundo ele, funcionários do shopping, que o conheciam de tantas vezes ir procurar Jéssica, o reconheceram durante o ataque. O crime aconteceu por volta das 8h30. O assassino chegou em um carro prata e estacionou a alguns metros do ponto de ônibus onde Jéssica costumava descer para seguir ao trabalho pela passarela. Algumas pessoas aguardavam no local a abertura do shopping, às 9h, como a costureira de prenome Michele, que ia ao SAC. Ela notou que um homem bem vestido estava agachado em um dos pilares da passarela. “Achava que ele estava como eu, aguardado o shopping abrir. Foi quando ela passou por ele e foi atacada”, contou. Segundo ela, houve correria e o assassino correu em direção ao shopping. No final da passarela, atravessou as duas pistas da avenida. “Não sei como ele conseguiu passar entre os carros e fugiu em um carro cinza que já estava parado”, completou. Pelas costasSegundo a polícia, a maioria das facadas foi nas costas. “Foram 15 perfurações. Ela foi pega inicialmente pelas costas. Oito golpes atrás e sete na frente”, disse o perito Arivan Gomes, do Departamento de Polícia Técnica (DPT).
A delegada Marilene Laura, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), disse ontem que policiais da unidade já iniciaram a busca por Jean. “Ele é nosso principal suspeito. Nossos policiais foram ao Parque São Cristóvão em busca dele e do carro usado na fuga”. Jean trabalha como motorista particular transportando funcionários do Polo Industrial de Camaçari. Até as 20h de ontem, ele não havia sido encontrado. No fim da tarde, o veículo do pai dele foi localizado abandonado no CAB. O carro será enviado para perícia. Ciúmes Segundo a tia de Jéssica, Sônia dos Santos Weber, Jean era obcecado pela ex-mulher. “Ele a matou porque era doente por ela. Jean não queria que Jéssica trabalhasse, tinha ciúmes até dos primos dela. Ela se separou dele e mesmo assim ele a perseguia. Muito antes de marcar o rosto dela, já tinha cortado o cabelo dela duas vezes com uma faca”, contou Sônia. De acordo com Sônia, Jéssica deixa um filho de 2 anos, fruto do relacionamento com Jean. “Os dois eram vizinhos no Parque São Cristóvão”, disse. A relação durou 3 anos. Jean deixou a casa onde moravam e foi residir com a mãe dele, próximo à residência da ex. Jéssica trabalhava na loja do shopping há um ano. “Algumas vezes, ele (Jean) vinha aqui, mas não entrava. Ela saía, conversava, e retornava”, declarou a gerente da loja, sob anonimato. O sepultamento será realizado hoje, às 14h, no cemitério de Portão.
Polícia pediu medida protetiva para Jéssica há cerca de um mêsA delegada Ana Virginia Paim, titular da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Brotas, informou que a unidade solicitou medida protetiva para Jéssica, quando a jovem prestou queixa contra o ex-marido há cerca de um mês, com marcas de faca no rosto. “Às vezes, o juiz defere e a gente não é notificado. Tentei até saber hoje, mas o portal do Tribunal de Justiça estava fora do ar”, declarou a delegada. Na ocasião, Jean foi conduzido por policiais militares à unidade, foi ouvido e liberado após passar a noite custodiado. Sobre o fato de o suspeito não ter ficado preso, a delegada explicou: “Dias depois do episódio (agressão), ela encontrou com ele em via pública e, com medo, parou uma viatura da Polícia Militar, que o trouxe aqui”, disse a titular. De acordo com ela, todos os procedimentos cabíveis naquele momento foram adotados. “Fizemos toda a parte burocrática. Uma delegada (substituta) ouviu as duas partes, expediu guia de lesão corporal para a vítima e solicitação da medida protetiva”, argumentou Paim. “Ela tinha uma audiência marcada sobre a denúncia na segunda-feira que vem”, informou Cristiane Gomes, uma das tias da vítima. O CORREIO tentou contato com o Tribunal de Justiça para saber sobre o andamento do pedido da medida protetiva. No entanto, a assessoria informou que consta um processo em nome de Jéssica na 12ª Vara da Família, mas não poderia informar qual era o conteúdo desse processo. Matéria original do Correio Casa de pais de suspeito de matar vendedora em passarela é destruída por incêndio
Jéssica já tinha denunciado o ex-marido |
Familiares de Jéssica se desesperam ao ver corpo da jovem na passarela que leva ao Shopping Paralela |
Jéssica, 20 anos, deixa filho de 2. Família e polícia suspeitam de ex-marido, contra quem ela registrou queixa por agressão há cerca de um mês. Ela morreu com 15 facadas |
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