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O apelido não tem nada a ver com o modo como ele trata as pessoas. Florisvaldo dos Santos Costa, conhecido como Flor, está mais para espinho. O homem, de aproximadamente 30 anos, é considerado o terror do Bairro da Paz, que já conta com uma Base Comunitária de Segurança da Polícia Militar. Acusado de tráfico e homicídio, Flor é conhecido pela forma brutal como executa seus desafetos: as vítimas são crivadas de balas, têm os corpos mutilados e expostos para intimidar os outros. Nos confrontos, é o homem de frente, no comando de um bonde formado por mais 20 jovens, entre eles muitos menores, segundo moradores do Bairro da Paz. A fama lhe rendeu o posto de novo Ás de Ouro do Baralho do Crime – um jogo de cartas da Secretaria de Segurança Pública que incentiva a população a denunciar os bandidos mais procurados do estado. Flor ficou com a carta que era de Marcelo Henrique Menezes dos Santos, o Elias, traficante preso e é apontado como um dos líderes da facção Comando do Boqueirão, no complexo do Nordeste de Amaralina. No Bairro da Paz, moradores e policiais dizem que Flor e parte do seu bando fugiram da área dias antes da inauguração da Base Comunitária, em setembro do ano passado. Antes da ocupação permanente da PM, houve confronto e o chefe da quadrilha escapou depois de ser baleado no braço direito. Ainda assim, segundo moradores, Flor volta constantemente ao bairro e ameaça quem busca apoio na base. O diretor do Departamento de Narcóticos (Denarc), delegado André Vianna, afirma que os passos de Flor estão sendo monitorados. “As investigações estão sendo empenhadas em conjunto com o Departamento de Homicídios”, afirma. De acordo com a assessoria da Polícia Civil, Flor tem mandado de prisão em aberto por homicídio em 2001. Além disso, ele responde a um processo por participação na chacina do Bairro da Paz, em 2009, em que cinco pessoas morreram. Ele é acusado também de homicídio, roubo de carro e porte ilegal de arma em 2007.
Trajetória Natural de São Félix, no Recôncavo, Flor chegou ao Bairro da Paz aos 8 anos junto com os pais. Quando criança, o apelido lhe caía bem. “Era um menino amoroso, muito querido aqui, mas acabou usando drogas como muitos outros”, diz uma comerciante que mora no Bairro da Paz há 20 anos. Ali, o que se conta é que a trajetória de Flor no tráfico começou como olheiro. Junto com outros garotos, ele ficava de olho se a polícia chegava na área. Depois, passou a avião (entregador de drogas). Mas não ficou muito tempo no cargo. Foi promovido a soldado e passou a ser prestigiado por pregar o “olho por dente, dentre por dente”. Junto com o cunhado, Roberto dos Santos, o Betão, Flor passou a ter o controle do comércio de drogas no bairro. Mas, a amizade deles não durou muito tempo. Os líderes tinham estilos diferentes de tocar os negócios. Betão era tido pela comunidade como benfeitor e fazia doações para os moradores. Já Flor preferia ganhar o respeito dos moradores na base do terror. “Se ele não fosse com a cara, no dia seguinte a pessoa aparecia morta. Um morador antigo, conhecido como Metrô, levou um monte de tiros, teve a cabeça arrancada e o corpo foi jogado numa vala”, contou uma mulher que mora na rua onde a vítima vivia.
PoderAs posturas diferentes levaram a divisão do grupo. Betão ficou com o controle da parte da área plana do Bairro da Paz, como o Areal, enquanto Flor manteve-se na região alta, como Área Verde e Parque Jamaica. Em 2010, com a prisão de Betão, Flor ganhou força, transformando toda a região em sua fortaleza. Com o dinheiro do tráfico, ele construiu um prédio de quatro andares na Rua da Paz, numa área de aproximadamente 400 metros quadrados, que seria um hotel para abrigar, de acordo com policiais, ladrões de banco que buscavam esconderijo. Moradores lembram bem do dia 9 de outubro de 2011, quando o bonde de Flor chegou à Rua da Felicidade e incendiou dez casas. “Era pra mais de 20 homens, só em minha casa entraram sete, puseram arma na minha cabeça e na de minha neta de 10 anos e mandaram a gente sair. Depois colocaram fogo”, conta a dona de casa que retornou ao imóvel depois da implantação da base comunitária. A rua dos incêndios é a mesma em que Flor morou quando ainda não era tão temido. “O pai não aguentava mais ser abordado por policiais que procuravam por ele e abandonou o local. Ele (o pai) ficou em depressão. A mulher dele morreu tem dois meses”, disse a dona de casa. Sua vizinha também teve a casa incendiada pelo bando de Flor. “Chegaram atirando. Foi bala para todo lado e fogaréu também”, relembra. A mulher afirma que, apesar da presença da base comunitária, o traficante continua frequentando o Bairro da Paz. “Há uns três meses, dormimos dois dias no chão, ao lado da base. Ele estava circulando num carro preto”, garante. Ainda segundo ela, Flor tem esconderijo em quatro locais. “As pessoas dizem que ele fica pulando de galho em galho entre Saramandaia, Mussurunga, São Cristóvão e Vila de Abrantes”, conta. A informação de que Flor volta com frequência ao Bairro da Paz foi confirmada pelo comandante da base comunitária, tenente Henrique Alves. “Provavelmente ele vem para delegar ordens aos comparas. Mas os passos dele estão sendo monitorados pelo Serviço de Inteligência” declara o comandante.
Bandidos ligados a Flor viviam em casas de luxo“Com a chegada da base, a coisa melhorou. Antes a gente convivia com toque de recolher, com mortes todo dia. Mesmo assim, temos alguns casos, mas não como antes”, afirma uma comerciante que mora no Bairro da Paz. Ela e outros moradores hoje têm acesso a serviços antes impensáveis por causa do tráfico, como de telefonia e entrega de botijão de gás. O comandante da Base Comunitária do Bairro da Paz, tenente Henrique Alves, disse que com a chegada dos policiais militares, alguns traficantes ligados a Flor e Betão abandonaram a comunidade. As casas usadas por estes bandidos eram famosas na região por se diferenciarem das demais. Todas foram construídas com material de primeira qualidade, com teto de gesso rebaixado, portas de madeira de primeira e pisos em porcelanato. Os imóveis foram destruídos pelos bandidos na fuga. Baralho do Crime tem 13 novas cartas Além de Florisvaldo dos Santos Costa, o Baralho do Crime ganhou outras 12 cartas novas em fevereiro. Das cartas consideradas mais perigosas, uma que se destaca é o Ás de Copas, André Márcio de Jesus, conhecido como Buiú ou Padaria. Antes essa carta era ocupada por Antônio Martim dos Santos. Padaria, segundo a Secretaria de Segurança Pública, é acusado de ser o líder do tráfico de drogas em Porto Seguro. Ele seria um dos chefes do comércio de entorpecentes no Extremo Sul da Bahia. Já a carta Rei de Copas agora leva o rosto de Djavan Santos da Conceição, conhecido como Malhado. Ele é acusado de homicídio, tráfico de drogas e roubo em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador. A Rainha de Paus expõe a foto de Ricardo Silva dos Santos, o Babão, mas apenas de maneira simbólica. Babão foi morto no final do mês de janeiro em um confronto com a polícia.
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Joel Costa, Washington Davi e Ricardo Silva devem ser retirados do novo baralho, já que dois foram presos e um está morto |
Já Igor Pereira dos Santos Fagundes, acusado de tráfico de drogas, é o novo 10 de Copas. O 8 de Ouros agora é Willians Chaves de Souza Filho, o Nem Bomba, que está foragido do Presídio Nilton Gonçalves, em Vitória da Conquista. Ele é procurado de homicídio e tráfico de drogas. O novo 2 de Paus do Baralho do Crime agora é George Batista da Silva, conhecido como Jorginho, e o 3 de Paus é Deivid Silva de Jesus, indiciado por homicídio, tráfico e crimes contra o patrimônio. O 7 de Paus agora é Fábio Mota de Sousa Leão e Elinaldo Jesus dos Santos, o “Liliu”, ocupa a carta 8 de Paus. Ainda estão na nova lista de procurados Vicente Lucas Santos do Espírito Santo, conhecido como Dente de Prata, e Adaílton Matos de Brito, o Sassá. Desde que o baralho foi lançado, em junho de 2011, 52 bandidos que estavam expostos nas cartas foram presos ou mortos em confronto com a polícia. O baralho está disponível para quem tiver interesse em identificar os procurados no site da Secretaria de Segurança Pública (
www.ssp.ba.gov.br) e também através do portal do Dique Denúncia da Bahia (
www.disquedenuncia.org). Quem tiver informações sobre os procurados pode fazer as denúncias de forma anônima.
O baralhoO Baralho do Crime foi criado em junho de 2011. Para conhecer a relação completa dos bandidos mais procurados do estado, basta acessar o site
www.disquedenuncia.ba.gov.br e clicar no link “Os procurados da Bahia”.