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SALVADOR

Clientela dos bares do Rio Vermelho cresce 30% após revitalização

"Em plena crise, os bares e restaurantes estão cheios, não tem como negar”, afirma Júlio César Calado, diretor da Abrasel

Redação iBahia • 11/09/2016 às 8:52 • Atualizada em 01/09/2022 às 11:26 - há XX semanas

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Vindo do Dubliners Irish Pub, um grupo de metaleiros atravessa o Largo de Santana no exato momento em que um capoeirista dança (e toca) funk carioca. Perto dali, no instante em que fiéis rezam uma vigília noturna na Igreja de Santana, do lado de fora um adolescente exibe manchas de batom após beijar oito bocas na mesma noite. Mais adiante, a menina de havaianas dá boas goladas no garrafão de vinho Dom Bosco, na Praia da Paciência, enquanto jovens de salto alto bebericam drinks coloridos na Vila Caramuru. É o mesmo Rio Vermelho, com a mesma diversidade de sempre, mas ainda mais fervoroso e convulsivo. Há os que apontam problemas, tem os que não enxergam alguns movimentos com bons olhos, mas o fato é que, ultimamente, o bairro mais boêmio de Salvador vive dias de bares cheios, noites de boates lotadas e madrugadas de ruas coalhadas da mais pura boemia soteropolitana.

				
					Clientela dos bares do Rio Vermelho cresce 30% após revitalização
(Foto: Arisson Marinho/CORREIO)
Após a reforma realizada na orla e em diversos pontos do bairro, a própria Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) indica um incremento na frequência dos estabelecimentos. “Nos últimos meses, os comerciantes nos relataram aumento de cerca de 30% do público. Em plena crise, os bares e restaurantes estão cheios, não tem como negar”, afirma Júlio César Calado, diretor da Abrasel. Bares e restaurantes Mais um arroz de polvo sai no capricho no Boteco do França. No Inverno, em um bar 70% sem proteção para a chuva, o dono do estabelecimento, José Raimundo Almeida, diz que conseguiu manter a boa frequência com a ajuda das recentes transformações no bairro. “Afirmo sem medo que mantivemos o público por conta da obra. Se não fosse a obra, estaríamos em uma situação bem ruim”, acredita José, que serve 40 arrozes de polvo em uma noite movimentada. No tradicional Largo da Dinha (o de Santana), os bares Santa Maria, Meia 8 e Vermelho vivem dias de mesas cheias, assim como o pessoal do Largo da Mariquita. Na verdade, nos finais de semana, sempre foi difícil encontrar lugar para se sentar. Mas, ultimamente, as casas têm ficado cheias de domingo a domingo. O Meia 8, por exemplo, precisa de oito garçons para servir 30 caixas de cerveja em um final de semana para as 20 mesas. “A gente não tem do que reclamar. O bar só anda cheio”, diz o garçom Sérgio Dantas, 40 anos, satisfeito com os 10% que recebe. Presentacion Gonzalez, gerente do Santa Maria, enxerga uma mudança de público que ultimamente se somou ao que já existia no Rio Vermelho. “Temos percebido, no início das semanas e das noites, um público de famílias e de turistas que consomem comida, não só cerveja. Isso é muito bom”, observa. Mas os bares existem para iniciar a noite. Mais tarde, é hora de ir para uma das casas noturnas, boates como a Commons e a Borracharia. Há muitas outras na lista, inclusive uma que abriu recentemente na Rua Oswaldo Cruz, a Berlim. Mistério do Chupito No novo Rio Vermelho, há fenômenos que são quase inexplicáveis. O que dizer do que ocorre nas madrugadas de quinta, sexta e sábado em frente ao Bar Chupito, na altura da Praia da Paciência? Passamos uma madrugada no local. Calçadas lotadas de jovens transformam a região em uma “festa de largo” que ocorre três dias da semana, sem falar nas vésperas de feriados. O que leva tantos jovens a ficar horas e horas em pé, consumindo bebidas alcoólicas e conversando? O mistério do Chupito tem uma infinidade de respostas. “É modinha”, diz a estudante Yasmin Dariam, 19. “A galera segue o fluxo. Se começa a aglomerar, todo mundo aparece”. O bar Chupito, em si, até fica cheio. Mas a esmagadora maioria das pessoas sequer entra no estabelecimento. “Mas a aglomeração começou por causa do Chupito, não tem como negar. Depois é que virou isso aqui”, diz o estudante Celso Mendes, 19. “Vim aqui nas últimas nove semanas”, revela. Para a dona do espaço, Débora Arnoso, que serve até 400 “shots” (os drinks à base de vodca, tequila e cachaça, que acabaram batizados de chupitos), a entrada franca, os DJs e o preço em conta explicam o sucesso do espaço. “Salvador só tem barzinho ou balada. Faltava o meio-termo. Nós somos o meio-termo”, explica Débora, que assim como outros comerciantes tem algumas restrições ao que alguns chamam de bagunça. “Se a gente dissesse que quer acabar com isso aqui seria hipocrisia. Mas precisa organizar e fiscalizar”, defende. Carnaval Mas a boate San Sebastian, frequentada pelo público LGBT, e o Dubliners Irish Pub, espaço dos roqueiros, se dizem prejudicados pela aglomeração e pela concorrência do comércio informal na área. Eles reclamam, por exemplo, que aquela clientela não costuma consumir nos bares. “Não vejo com bons olhos. Virou Carnaval. Falta segurança, banheiro. Precisa de uma normatização”, pede José Augusto Vasconcelos, dono da San Sebastian e presidente da Associação dos Empresários do Rio Vermelho. Segundo a gerente do Santa Maria, o público do isopor consome lá fora e usa o banheiro do bar. “Complicado”, comenta Presentacion. No Casa da Mãe, essa preocupação é menor. Stela Maris, dona do bar e restaurante, prefere apostar na sintonia com o público de rua. “Sou a favor das pessoas nas ruas. Só precisa haver o mínimo de ordem”, defende ela.

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