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SALVADOR

Com acesso livre, postos de saúde ficam vulneráveis à bandidos

As medidas de segurança adotadas para inibir a ação de bandidos dentro dos postos de saúde da capital baiana não surtem o efeito esperado pelos funcionários

• 17/07/2012 às 8:20 • Atualizada em 29/08/2022 às 5:32 - há XX semanas

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Nem grades e cadeados, nem Guarda Municipal. As medidas de segurança adotadas para inibir a ação de bandidos dentro dos postos de saúde da capital baiana não surtem o efeito esperado pelos funcionários. “Ladrão não tem cara. Aqui é ambiente de acesso livre e o que nos resta é ficar vulneráveis”, lamentou a funcionária da Unidade de Saúde da Família (USF) de Boa Vista do Lobato, no Subúrbio Ferroviário. O posto é, segundo o Sindicato dos Profissionais de Saúde da Bahia (Sindsaúde), uma das cinco unidades com maior número de queixas de violência contra funcionários. Lá, parte do portão principal fica fechado e o acesso de pacientes é acompanhado por um agente de portaria. Nada de guardas municipais. “Aqui, eles nunca colocaram o pé. Nem sinal”, criticou a funcionária. No sábado, o CORREIO mostrou a rotina de medo nos postos. As unidades de Ilha Amarela, Curuzu, Itacaranha e Pau Miúdo integram a lista dos líderes em registros de todos os tipos de agressões. Ontem, a reportagem esteve nesses e outros locais e constatou situações de violência semelhantes. Todas as unidades fecham pelo menos 30 minutos mais cedo por causa da falta de segurança nos bairros. Na quarta-feira passada, uma enfermeira do Centro de Saúde Ministro Alkimin, na Massaranduba, Cidade Baixa, foi assaltada com uma arma na cabeça na sala de atendimento por um bandido que se passava por paciente. Desde então, integrantes da unidade fazem uma triagem com portões fechados, antes de permitir o acesso da população. A 200 metros da 3ª Delegacia Territorial e a 400 metros da 17ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), ambas no Bonfim, Cidade Baixa, o Centro de Saúde Virgílio de Carvalho, na rua Duarte da Costa, foi assaltado três vezes nos dois últimos meses, segundo funcionários. “Sempre nos finais de semana, à noite. Em maio, foram dois finais de semana seguidos. Levaram computadores e materiais para curativos e odontológicos. Comunicamos ao distrito sanitário e estamos sem vigia. Depois do terceiro roubo, colocaram vigilância noturna, mas já tiraram. O que fica o clima de medo”, desabafou um funcionário. ApreensãoEm Boa Vista do Lobato, uma enfermeira, que pediu para não ser identificada, contou que foi assaltada na porta da USF. “Era hora do almoço e eu esperava uma médica do lado de fora quando três homens, em um carro, me abordaram. Levaram celular e bolsa. Depois disso redobrei a atenção. Se acontecer de novo, não volto mais aqui”. Ela relatou que, quando o agente de portaria sai para almoçar, fica na companhia apenas da apreensão. “Vou para a recepção e confesso que fico assustada, em alerta total. Sempre que chega alguém, dá aquele sobressalto. Nem no bairro saio mais para fazer visita domiciliar. Antes, ia andando. Agora, só se tiver carro do distrito sanitário”, disse. 'Mangue'Apesar de a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informar que cerca de 200 guardas municipais estão distribuídos pelos postos de saúde, as reclamações sobre a ausência e até a presença dos agentes são inúmeras. No 3º Centro de Saúde Professor Bezerra Lopes, Liberdade, servidores afirmam conviver mais com a intranquilidade que com os guardas. “É um mangue. A gente fica à mercê de bandidos, enquanto os guardas ficam em qualquer outra área do posto, menos na recepção”, avisou uma agente de saúde. Naquela unidade, segundo ela, uma médica teve o celular roubado dentro da sala de administração. “Ela telefonava, quando ladrão ficou observando e depois foi atrás até a sala, onde roubou o aparelho”, descreveu. “Já levaram também três computadores – um do laboratório e dois da regulação. Esse material não foi colocado de volta”, completou. Em outro episódio, lembrou a servidora, uma mulher sacou dinheiro em uma agência bancária e acabou sendo assaltada dentro da unidade médica. “A vítima percebeu que estava sendo seguida e entrou para tentar despistar, mas não teve jeito. O cara entrou e a roubou aqui”, enfatizou. Como medida de segurança, à tarde, os funcionários se concentram na recepção. “Quando o posto fica mais vazio, a gente vai pra lá. É maluco, bêbado (sic), ladrão. O medo toma conta. Se entrarem e a gente tiver na sala, vai correr pra onde?”, refletiu? Ameaças Dentro da USF de Ilha Amarela, no Subúrbio, são as mulheres de traficantes que tentam intimidar os funcionários. “Elas querem ser atendidas primeiro, principalmente na farmácia. Se acham no direito e agridem verbalmente. Eles (os traficantes) não, mas as mulheres...”, revelou uma agente. No 16º Centro de Saúde Maria da Conceição Santiago Imbassahy, no Pau Miúdo, pacientes ameaçam servidores. “Quando a demanda na emergência é muito grande e o atendimento demora, são várias as ameaças. Semana passada, uma mulher avisou que era da Avenida Peixe e que iria buscar uma faca para ‘meter’ na funcionária”, contou o coordenador de apoio administrativo Cid Roberto. Em ambas as unidades, não há atuação de guardas municipais. Déficit de profissionais preocupaA falta de segurança nos postos de saúde da capital baiana traz outro tipo de falta: a de médicos e outros profissionais de saúde. Na Palestina, por exemplo, funcionários relataram que o tráfico de drogas espantou profissionais de saúde. “Eles não querem vir por causa da violência. Há essa resistência e, com isso, falta atendimento em algumas especialidades”, disse uma servidora. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que o déficit de profissionais não é ocasionado pela falta de segurança e reconheceu a necessidade de recomposição das equipes “de uma forma generalizada”. Para reverter a situação, afirmou a SMS, foi implantado o plano de cargos e salários “tornando o serviço público mais atrativo, melhorando a remuneração dos profissionais e criando um plano de carreira”. Além disso, aprovados em concurso estão sendo convocados de acordo com as necessidades do serviço ou preenchidos prioritariamente em postos de trabalho vazios. Em relação ao fechamento das unidades de saúde antes do horário, a Secretaria Municipal de Saúde assegurou que articula com a Polícia Militar a intensificação das rondas nas áreas onde há registros de violência, e a ampliação do efetivo da Guarda Municipal – atualmente 200 agentes à disposição das unidades. A Guarda Municipal, por sua vez, alegou que a suposta ausência dos agentes nas unidades de saúde pode estar relacionada às paralisações dos servidores municipais no início do mês. De acordo com a Guarda Municipal, são 190 agentes à disposição da SMS, 24 horas por dia. Do efetivo de 1.311 guardas, 700 estão lotados em prédios públicos, sendo estes 80 postos de saúde, o que torna “inviável no momento a aplicação de todo efetivo apenas para os postos de saúde”. Matéria original do CorreioCom acesso livre, postos de saúde ficam vulneráveis à ação dos bandidos

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