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SALVADOR

'Concurseiras' deixam emprego para se dedicar aos estudos

Psicóloga alerta para os cuidados com o excessos durante a jornada de estudos e fala sobre importância do convívio social

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22/11/2014 às 8:30 • Atualizada em 27/08/2022 às 2:55 - há XX semanas
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A busca pelo emprego dos sonhos faz com que muitas pessoas optem por mudar não somente suas rotinas, mas todo um estilo de vida. Quem decide virar "concurseiro profissional" deve estar atento às mudanças que precisa fazer até garantir a tão sonhada vaga em um concurso público. A dedicação exclusiva pode ser um dos pontos decisivos para quem deseja passar em um concurso. A advogada Juliana Prates Caminha conta que há seis anos viu sua vida mudar quando decidiu voltar à estudar. Na época, a jovem conciliava dois empregos - o primeiro em uma empresa de economia mista e o segundo em um escritório de advocacia. O interesse e a familiaridade pela rotina de trabalho na empresa fizeram com que Juliana passasse a utilizar horas do seu dia para estudar, já que seu contrato era temporário. "Eu comecei a trabalhar numa empresa de economia mista e em um escritório de advocacia, mas eu gostava mais da rotina do escritório e como era temporário, eu fui ficando no escritório para poder estudar", relembra. A advogada conta que desde o momento que decidiu estudar sabia que teria que abdicar de algumas coisas da sua vida, mas a grande mudança veio quando ela engravidou. "Na verdade, quando você decide ser concurseiro, você deixa de fazer tudo. A vida de concurso é bem diferente e eu passei dois anos estudando, aí eu engravidei. Depois que meu filho nasceu, eu decidi que voltaria à estudar", conta.
Advogada Juliana Prates mostra registro da sua rotina de estudos
Quanto à rotina, Juliana disse que chegou a se matricular em um curso, mas que sempre estudou por conta própria e chegou a comprar material didático para auxiliar nos estudos e que sempre fez provas de concursos com vagas voltadas para Salvador. "Eu estudava num curso para concurso, nessa época eu já quase não ia no escritório. Hoje eu sou advogada da Conder. Nunca tive vontade de sair daqui de Salvador, meu marido trabalha aqui, minha família está aqui", afirma. Veja também: Confira os editais de seleções abertos na Bahia e em todo o paísAnimada, a advogada diz que voltou a estudar e vê nos estudos para concurso um vício. "Na segunda-feira eu voltei a estudar. Quero passar na vaga para procurador do município. Dá tempo de conciliar o tempo de estudo com o trabalho. Na verdade, quanto menos tempo você tem, melhor você utiliza ele. Depois de muitos anos estudando para concurso, agora eu já tenho um direcionamento daquilo que vou estudar. Eu acho até que virou um vício. Todo mundo que eu conheço gosta de estudar, a gente fica resolvendo questões. Dá até uma saudade de estudar", diverte-se.
Um dos espaços de estudo da advogada Juliana Prates

Já para a advogada Laís Carvalho, a vida de concurseiro não é tão animadora. Formada em Direito desde 2013, a jovem conta que o primeiro passo para quem decide estudar para concurso é encarar a rotina como profissão. "Eu acho que o primeiro passo para quem quer ser concurseiro é encarar o estudo como uma profissão. Todos os dias eu vou para a Biblioteca Central da Ufba e fico lá seis horas fechadas estudando. Eu comecei um curso de carreiras jurídicas e você entra às 8h e sai às 16h. Tem todo o tipo de gente lá, mais nova, mais velha, mas com esse perfil de dedicação", afirma.

Com a atual rotina, a advogada conta que é muito difícil conciliar os estudos com uma vida social. " O concurseiro se sente num limbo social: você tem uma profissão, mas não tem retorno profissional e financeiro. Você não recebe dinheiro no final do mês, faz um bico. Eu sou uma profissional, mas eu tenho uma vida de estudante. É uma vida muito isolada, solitária. Hoje, eu posso dizer que me sinto muito desinteressante. Eu não tenho o que contar da minha vida. No final do dia, o namorado liga e você não tem o que compartilhar. Tem gente que acha que concurso é você contra 10 mil pessoas, na verdade, é você contra você. São 8h sentadas ali, com a bunda na cadeira", relata.

Questionada porque deseja garantir uma vaga em concurso, Laís dispara que almeja apenas a estabilidade financeira. "Não vejo realização pessoal ao passar em um concurso, eu quero apenas o dinheiro. Acho que o escritório não é uma realidade. Hoje, o advogado passa 12h por dia trabalhando para receber R$2 mil". A advogada diz ainda que pretende passar em algum concurso em qualquer lugar do país, pois acredita que "concurseiro não tem raiz".

Cuidados

Para a psicóloga Maria Antônia Bandeira, é importante ter alguns cuidados quando o profissional opta por se dedicar exclusivamente aos estudos. "As pessoas precisam direcionar os seus desejos. A partir do momento que esse desejo tem um foco saudável, que é fracionado os momentos especiais da sua vida , como estar em família, com amigos, trata-se de uma escolha saudável. Quando isso deixa de existir de uma forma completa, essa busca vai acabar desenvolvendo sintomas, a exemplo de uma ansiedade muito grande, aí o foco está perdido. Isso é adoecedor. Quando o foco é de maneira limitada, de tal forma que a pessoa escolhe se dedicar exclusivamente àquilo, mas que sabe que é passageiro e que logo ela vai voltar ao convívio das pessoas, aí, sim é saudável", aponta.

Ainda de acordo com a especialista, alguns sintomas fisiológicos e psíquicos podem funcionar como sinal de alerta ao estudante. "O limite deve existir, sobretudo, se a pessoa não tiver organização de arrumar essa busca. A partir do momento em que ela fica desequilibrada, naturalmente, isso vai se tornar uma fadiga e vai mexer com o sono, com alimentação, que vai torna-se excessiva ou escassa, além de outros sintomas como irritação e a própria ansiedade. A pessoa não pode deixar de se atentar a esses sinais", alerta.

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