Advogada Juliana Prates mostra registro da sua rotina de estudos |
Um dos espaços de estudo da advogada Juliana Prates |
Já para a advogada Laís Carvalho, a vida de concurseiro não é tão animadora. Formada em Direito desde 2013, a jovem conta que o primeiro passo para quem decide estudar para concurso é encarar a rotina como profissão. "Eu acho que o primeiro passo para quem quer ser concurseiro é encarar o estudo como uma profissão. Todos os dias eu vou para a Biblioteca Central da Ufba e fico lá seis horas fechadas estudando. Eu comecei um curso de carreiras jurídicas e você entra às 8h e sai às 16h. Tem todo o tipo de gente lá, mais nova, mais velha, mas com esse perfil de dedicação", afirma.
Com a atual rotina, a advogada conta que é muito difícil conciliar os estudos com uma vida social. " O concurseiro se sente num limbo social: você tem uma profissão, mas não tem retorno profissional e financeiro. Você não recebe dinheiro no final do mês, faz um bico. Eu sou uma profissional, mas eu tenho uma vida de estudante. É uma vida muito isolada, solitária. Hoje, eu posso dizer que me sinto muito desinteressante. Eu não tenho o que contar da minha vida. No final do dia, o namorado liga e você não tem o que compartilhar. Tem gente que acha que concurso é você contra 10 mil pessoas, na verdade, é você contra você. São 8h sentadas ali, com a bunda na cadeira", relata.
Questionada porque deseja garantir uma vaga em concurso, Laís dispara que almeja apenas a estabilidade financeira. "Não vejo realização pessoal ao passar em um concurso, eu quero apenas o dinheiro. Acho que o escritório não é uma realidade. Hoje, o advogado passa 12h por dia trabalhando para receber R$2 mil". A advogada diz ainda que pretende passar em algum concurso em qualquer lugar do país, pois acredita que "concurseiro não tem raiz".
Cuidados
Para a psicóloga Maria Antônia Bandeira, é importante ter alguns cuidados quando o profissional opta por se dedicar exclusivamente aos estudos. "As pessoas precisam direcionar os seus desejos. A partir do momento que esse desejo tem um foco saudável, que é fracionado os momentos especiais da sua vida , como estar em família, com amigos, trata-se de uma escolha saudável. Quando isso deixa de existir de uma forma completa, essa busca vai acabar desenvolvendo sintomas, a exemplo de uma ansiedade muito grande, aí o foco está perdido. Isso é adoecedor. Quando o foco é de maneira limitada, de tal forma que a pessoa escolhe se dedicar exclusivamente àquilo, mas que sabe que é passageiro e que logo ela vai voltar ao convívio das pessoas, aí, sim é saudável", aponta.
Ainda de acordo com a especialista, alguns sintomas fisiológicos e psíquicos podem funcionar como sinal de alerta ao estudante. "O limite deve existir, sobretudo, se a pessoa não tiver organização de arrumar essa busca. A partir do momento em que ela fica desequilibrada, naturalmente, isso vai se tornar uma fadiga e vai mexer com o sono, com alimentação, que vai torna-se excessiva ou escassa, além de outros sintomas como irritação e a própria ansiedade. A pessoa não pode deixar de se atentar a esses sinais", alerta.
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