Parte da cidade que irradia cor e energia. Assim é Itapuã. Cercado pela orla de coqueiros e areia fina das dunas, o bairro tem características fortes e marcantes. Seja pelo seu povo ou apenas pelas suas peculiaridades. Difícil definir, mas Itapuã é bem traduzido nas poesias, músicas, pinturas e fotografias dos mais famosos aos anônimos artistas do bairro.
Há quem diga que esse lugar ainda tenha cara de interior, pois, é um dos poucos lugares de Salvador onde ainda é possível ver pessoas sentadas, em um fim de tarde, na porta de casa ou na beira da praia. Mas há uma certeza: Nada em Itapuã é tão belo quanto a diversidade do povo que o habita.
“É um bairro facilmente identificado”, afirma o morador e jovem arquiteto Henrique Moraes.
Para ele, Itapuã é um bairro de riquezas culturais, algumas escondidas. Só quem vive a rotina do lugar pode percebê-las. “Tem que mergulhar no cotidiano, se deixar levar pelas peculiaridades. É um lugar fantástico, mágico, tranquilo e de natureza exuberante. Descrever o bairro não é uma tarefa muito fácil”.
Das riquezas, sem dúvida, a mais valiosa é a Biblioteca Pública Calazans Neto, que fica dentro da feira do bairro. Ela foi inaugurada em 2006 com ajuda de moradores e admiradores, que doaram todos os livros para montar o acervo. Nela, crianças e jovens se divertem nas tardes de palestras, homenagens e passeios. O público alvo dos trabalhos realizados na biblioteca são os feirantes e escolas circunvizinhas.
A feira de Itapuã foi criada há cinco anos para os feirantes que comercializam grãos, artesanatos e vestuário. É lá que muitas famílias garantem o sustento da casa. Um exemplo é Ana Cláudia Moura, 36 anos, que trabalha no mercado há mais de quatro anos. Ela vende em sua barraca farinha, ovos e camarão. “A limpeza aqui é ótima, o problema é a divulgação. Aqui vendemos pouco”, afirma ela , que compartilha o espaço com o marido.
O pedreiro “Chocolate”, de 43 anos, diz que o lugar é tranquilo e responsável por lhe dar muitos amigos. “Daqui não arredo meu pé para nada. É aqui que tiramos o sustento da família. Para ir embora só se for para o interior”.
Veraneio - Assim como a maioria dos bairros da orla de Salvador, Itapuã servia como uma colônia de pescadores. Como é um pouco afastada do centro da capital, a antiga praia de Itapuã era também usada como área de veraneio para muitas famílias. Nessa mesma região, hoje, é possível encontrar áreas de luxo com condomínios, loteamentos, resort e hotéis.
Artistas como Vinícius de Morais e Dorival Caymmi moraram em Itapuã e consagraram nacionalmente o lugar em suas poesias e canções. Eles tornaram-se referência no bairro, como a principal avenida que leva o nome de Caymmi e uma das praças mais conhecidas que tem, ainda, a estátua de Vinícius. A poesia destes artistas está presente também nas ruas que levam nomes incomuns inspirados em música, poesia e literatura.
Peculiaridades - Apesar de jovem, o estudante de direito, Anderson Gama, de 23 anos, lembra das lendas e histórias que rodeiam o bairro. “Havia aqui a famosa "munda" (hoje já falecida). Ela era uma senhora com seus 60 a 65 anos, que vivia pelas ruas e tinha a fama de levar as crianças, era um terror aqui no bairro, sempre que desobedecíamos nossos pais eles nos ‘ameaçavam’ dizendo que iriam chamar a "munda". Todas as crianças tinham medo dela, isso era super engraçado e encantador!”, conta.
Anderson é mais um apaixonado pelo bairro. Ele tirou diversas fotos de Itapuã e compartilhou, em uma rede de relacionamentos na internet, com outras pessoas de todo país e fez muito sucesso. “Itapuã é um bairro híbrido, que tem locais de diversões para diferentes gostos, condições e prazeres”, descreve o rapaz ao falar dos principais lugares frequentados por jovens apaixonados.
Das manifestações, a mais conhecida é a tradicional Lavagem de Itapuã. A festa acontece, anualmente, no mês de fevereiro e reúne fiéis católicos do candomblé para as celebrações na Paróquia Nossa Senhora da Conceição.
O monumento da Sereia, feito por Mário Cravo, é um dos pontos de referência mais famosos, tanto para quem mora no bairro quanto para quem foi lá uma única vez. É a região mais movimentada por ficar próximo ao largo de Cira. É perto também da feira de peixes e frutos do mar, e da maior concentração de comércios, farmácias e supermercados. Quem segue pela orla de Itapuã pode conferir, em frente à Praça Vinícius de Morais, um dos cartões postais de Salvador, o Farol de Itapuã. Ele foi criado em 1873 para auxiliar a navegação marítima.
Abaeté – Surgido em 1993, o Parque Metropolitano da Lagoa e Dunas do Abaeté é uma área de preservação ambiental transformada em um ponto de lazer para a população local e turismo para a cidade. No local, além da lagoa, que é sagrada para os adeptos do Candomblé, de bares e restaurantes o ambiente calmo e romântico é atrativo para casais, crianças e jovens. Ficam no Abaeté, a Casa das Lavadeiras, criada para lavagem de roupa, e a Casa da Música da Bahia, ambiente que mantém a cultura e a riqueza da música baiana.
Itapuã fica na área norte a cerca de 25 km de Salvador e faz limites territoriais com os bairros São Cristóvão, Stella Maris, Piatã (orla), e Bairro da Paz (Paralela). Situada fora da Baía de Todos os Santos as praias do bairro proporcionam, em alguns pontos, a prática do surf. VEJA FOTOS Poesia e cor de uma tarde em Itapuã Abaeté, local de preservação ambiental Itapuã retratado pelos moradoresVeja também:
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