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Tatiana Paraíso é acusada de ser amante de prefeito |
A deputada estadual Maria Luiza Orge (PSD) subiu ontem à tribuna da Assembleia e surpreendeu o plenário ao acusar o ex-marido e prefeito de Salvador, João Henrique (PP), de tê-la traído com a subsecretária municipal da Saúde, a médica Tatiana Paraíso. A parlamentar citou como estopim para o seu desabafo de cerca de oito minutos uma nota da revista Época, com especulações sobre um suposto caso extraconjugal entre ela e um oficial da Casa Militar do Palácio Thomé de Souza. O discurso feito pela ex-primeira-dama de Salvador não provocou apenas buxixos nos corredores da Assembleia e gabinetes de deputados. Após os minutos em que disparou acusações e críticas contra o prefeito de Salvador, João Henrique, o plenário da Casa foi esvaziado, o que levou ao adiamento da votação do projeto que prevê a criação da Lei Orgânica da Cultura, de autoria do governo do estado. "Entendo que ela tem o direito de falar o que pensa, mas acredito que a tribuna desta Casa não deve, em momento algum, servir para questões de foro íntimo. Apesar de compreender seu direito de falar e de compreender que o fato se refere a pessoas públicas, o ideal era que ela procurasse a imprensa, e não usasse o tempo para assuntos pessoais", criticou um dos deputados presentes ontem à sessão. Com o adiamento, fica parada votação do projeto, cujo objetivo é mudar o sistema de gestão cultural, criando novo formato para distribuir recursos.
TraiçãoNo início do discurso, Maria Luiza disse que usaria a tribuna da Casa para esclarecer fatos que, segundo ela, foram os reais motivos da separação com João Henrique, cujo casamento durou 27 anos e gerou dois filhos. “Na última crise, após um longo período de desgaste, sugeri uma reflexão do relacionamento ao meu esposo, João Henrique. Acreditava estar buscando a harmonia e a cumplicidade do nosso relacionamento”, relatou a parlamentar. Maria Luiza afirmou que, após retornar de uma viagem de sete dias, teria descoberto a existência de um caso entre o prefeito e a subsecretária, também cardiologista pessoal de João Henrique. "No subterrâneo do Thomé de Souza, tudo acontece até hoje às escondidas, em segredo.E foi para restabelecer a minha honra, que levei ao conhecimento público a separação do nosso casamento", disparou. O restabelecimento da honra a que a ex-primeira-dama se referiu diz respeito aos boatos publicados na imprensa, de que ela manteria um caso com um jovem oficial da PM. "Isso de que ela teria um homem mais novo como amante a deixou muito chateada. Daí, ela decidiu falar sobre o assunto na Assembleia", confidenciou um dos mais próximos colaboradores da deputada. De acordo com a fonte, o silêncio de João Henrique após as especulações também motivou o desabafo da ex-mulher. Aos deputados, Maria Luiza deixou claro a irritação com o que considerou falta de apoio. "Esperei alguns dias, na esperança de ouvir um pronunciamento, uma manifestação, uma defesa dele. E como sempre, nada foi dito", salientou.
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Casamento de 27 anos, que gerou dois filhos, termina em acusação de traição na AL |
ProximidadeAo negar ter traído o marido, Maria Luiza revelou detalhes sobre a mulher a quem acusa de ter sido amante do ex-marido. "Tatiana é uma pessoa que conheço do nosso convívio e frenquentava a nossa casa, era quem o medicava com frequência. Era casada na época e, recentemente, se separou para selar a união com João Henrique", afirmou. Cardiologista formada pela Ufba em 1992, com passagem por grandes hospitais da cidade, como o Santa Izabel, Tatiana chegou ao Palácio Thomé de Souza em outubro de 2010, com a nomeação do ex-secretário da Saúde, José Saturnino.
MágoasO discurso de Maria Luiza expôs também os conflitos que sucederam a separação do casal. Conhecida pelo temperamento forte, a deputada chegou ao poder após a eleição do marido para a prefeitura, em 2004. Dois anos depois, a ex-professora de Educação Física de Feira de Santana conseguiu sua primeira eleição para a Assembleia. Em 2010, foi reeleita para o Parlamento estadual. No período em que esteve casada com João Henrique, Maria Luiza foi apontada como pivô de crises internas enfrentadas pelo prefeito e amealhou desafetos entre integrantes da cúpula da administração mu nicipal. Aliados de João Henrique garantem que ela interferia em nomeações e criava obstáculos à articulação política na Câmara. Ontem, as mágoas vieram à tona. "A separação foi consequência da traição dele e é fato concreto e irrevogável. Essa é a verdade! Protesto contra a enganação, a dissimulação, o desvio de caráter, a covardia e a conveniência, que lhe é pertinente.O prefeito vive um tempo regressivo, que inspira cuidados e cautela. Não o julgo, porque não cuspo no prato que como, mas peço-lhe que conduza esse processo com maturidade e consciência", destacou Maria Luiza.
ManobraOutro motivo elencado pela ex-primeira- dama para o seu desabafo está no bojo das notícias de que a separação foi uma jogada para colocá-la como prefeiturável em 2012, já que a legislação não permite a candidatura para a sucessão no Executivo de mulheres de prefeitos, governadores ou presidentes. "Isso também é mentira. Não tenho pretensões políticas para as próximas eleições. E não se brinca com um assunto tão sério e delicado", disse. Procurado, João Henrique afirmou, através de sua assessoria de imprensa, que não iria se pronunciar sobre as declarações da ex-mulher. Mesma postura da subsecretária da Saúde. Após falar na tribuna, Maria Luiza pediu licença ao presidente da mesa para recuperar-se do seu "constrangimento" diante de um plenário que se esvaziou rapidamente.
Ouça o depoimento de Maria Luiza [youtube hAuZ3lcQBDg]