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Disputa de tráfico entre quadrilhas leva clima de guerra à Boca do Rio

Em apenas 48 horas, cinco pessoas foram mortas

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18/10/2011 às 11:12 • Atualizada em 29/08/2022 às 10:54 - há XX semanas
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Enquanto, às 5h da madrugada, 80 policiais saíam às ruas da Boca do Rio para prender traficantes apontados como responsáveis por quatro homicídios ocorridos no sábado, mais uma pessoa era vítima da rivalidade entre as quadrilhas que disputam o domínio das bocas nas localidades de Cajueiro e Barreiro. O corpo da jovem de 21 anos Edileuza Silva dos Santos foi encontrado na rua Simões Filho, com um tiro na cabeça. Ela era namorada de Bruno Ferreira dos Santos, 16, o Zóião, o primeiro a ser morto no sábado. “Eu só ouvi uma discussão. Eles xingavam muito. Depois foi o barulho de muitos tiros. Foi uma noite de terror”, relembrou uma moradora da rua onde o corpo foi encontrado. Zóião seria integrante da quadrilha liderada por Claudomiro Santos Rocha Filho, o Nikão, líder do Cajueiro e que, de acordo com fontes da SSP, ordenou, três horas depois, a morte dos primos Gideão e Ricardo da Silva. No ataque, Márcio Greice da Silva Brito, 44 anos, também foi assassinado. Os primos eram do bando de Alan Santos Castro, 21, o Alanzinho, comandante da venda de drogas no Barreiro.
Guerra do tráfico deixou quatro pessoas mortas e uma ferida no sábado (15)
Nikão e Alanzinho foram presos e apresentados na tarde de ontem, na Secretaria da Segurança Pública (SSP). “A rixa entre eles é tão grande que moradores do Cajueiro não podem comprar pão no Barreiro e vice-versa”, contou uma fonte da SSP. Além dos líderes, foram presos também mais cinco integrantes do grupo do Cajueiro: Floriano Castro Ribeiro Júnior, 29, o Cacique, Anderson Lopes dos Santos, 21, o Da Jega, Leonardo Raimundo Silva Paim, 21, o Leo, Claudionor Guimarães de Paixão, 26, o Nonô. Além deles, foi apreendido um menor de 17 anos. Nikão foi preso anteontem, em uma casa no Alto do Coqueirinho. Os demais foram detidos na operação policial. Todos respondem por homicídio e tráfico de drogas. O menor será encaminhado para a Delegacia do Adolescente Infrator (DAI). Com ele foi encontrado um revólver calibre 38 que o jovem confessou ter usado para matar rivais do grupo de Alanzinho. Na casa de Nonô, foram encontrados nove quilos de maconha, além de cocaína e uma espingarda. Investigação“A prisão foi um trabalho conjunto das polícias Civil e Militar para reduzir as brigas de quadrilhas. Foram cumpridos seis mandados de prisão dos 14 expedidos”, disse o diretor do DHPP, o delegado Arthur Gallas. Segundo o delegado, a operação serviu “para dar uma acalmada na área”. Os traficantes conhecidos como Ubiraci, Cau, Pardal e Branco seguem foragidos. O delegado disse ainda que está sendo investigada a relação da morte de Edileuza com os assassinatos ocorridos no sábado. Mas uma fonte ligada à SSP informou que ela teria sido morta por comparsas do grupo de Alanzinho justamente por ser companheira de Bruno. “Isso ainda está sendo averiguado. O que se constatou foi a briga entre quadrilhas. O estopim foi a morte de Bruno”, complementou o delegado. No sábado, por volta das 7h, na rua Veríssimo de Freitas, no Cajueiro, Bruno foi assassinado por Alanzinho, Cau e Pardal, que utilizaram um revólver e uma faca. “Bruno era muito agressivo e brigão e ficava dizendo que ia tomar a boca dos rivais”, contou a titular da 9ª Delegacia de Polícia, na Boca do Rio, Fernanda Porfírio. Diante da afronta, o grupo de Nikão revidou e assassinou, na Travessa São Judas Tadeu, no Barreiro, os primos Gideão e Ricardo, além de Márcio. Uma quarta pessoa foi baleada e, segundo a polícia, permanece internada no HGE “em estado gravíssimo”. Os quatro seriam do grupo do Barreiro. Márcio e Gideão há dois meses deixaram a prisão. Na manhã de ontem, se confirmada a relação, a morte de Edileuza seria a tréplica do grupo do Barreiro. O corpo dela só foi retirado do local por volta das 8h. Jeferson Azevedo, 27, Alan Santos, 19, e Eliene França ficaram feridos nos atentados de sábado e foram liberados ainda na manhã de ontem do HGE.
Traficantes foram apresentados nesta segunda-feira (17)
Assustados, moradores não saem de casaAntes de ir para a escola ontem, uma estudante de 6 anos se deparou com uma cena que ficará registrada em sua memória para sempre. Manchas de sangue na porta de casa indicavam que um homicídio tinha acontecido no local. “Minha filha foi assustada para a escola, com a mão no peito. A professora perguntou a ela o que tinha acontecido e ela disse que na frente da casa dela estava cheia de sangue”, disse a mãe da garota, uma promotora de vendas que mora no bairro há 38 anos e pediu para não ser identificada. Mãe e filha saíram de casa, por volta das 8h, e ainda assistiram à retirada do corpo de Edileuza do local. “Imagine acordar e ver uma situação como essa. A gente fica com medo. Quando eu tinha a idade de minha filha, minha casa nem muro tinha. Hoje, vivemos cercados com muros de 2 metros de altura. Somos prisioneiros”, completou. Na manhã de ontem, moradores e comerciantes ainda tiveram que lavar a frente de suas casas por causa das manchas de sangue no local que exibiam a violência que eles têm enfrentado. A sensação de insegurança é compartilhada por vários moradores do bairro. “Aqui nós estamos na mão de Deus, assustados. Não tem ninguém que já não tenha sido assaltado por aqui. Tem um mês que eu estava saindo da igreja e colocaram uma arma na minha barriga. Mandaram eu descer do carro. Entreguei todos os meus pertences”, disse uma comerciante que mora no local há 16 anos. Na localidade de Barreiro, moradores disseram que após os homicídios do sábado as pessoas passaram a evitar sair de casa. “Está todo mundo em pânico. Teve até toque de recolher no sábado”, destacou a comerciante. Um funcionário de uma escola, que fica na rua onde ocorreram três dos cinco homicídios, disse que a situação é complicada e que as pessoas vão trabalhar apreensivas. “A Boca do Rio está sofrendo e a Segurança Pública não está dando conta. Precisamos de uma atenção especial. A rivalidade aqui está demais. Eles já chegam atirando e não querem saber se tem nem crianças”, reclamou. Polícia diz que rivalidade cresceuA briga é antiga e os homicídios que ocorreram desde o sábado demonstram que a disputa se acirrou. Assim, o major Jarbas Carvalho da 39ª CIPM define a situação das quadrilhas rivais na Boca do Rio. “Eles estão disputando as bocas do bairro. Um não pode ir na área do outro. Quando um deles invade, há confronto”, contou o major da PM. Ainda de acordo com o major, o efetivo foi intensificado. “Estamos fazendo abordagens nas áreas das duas quadrilhas para evitar os confrontos entre eles”, complementou. Em 9 de setembro deste ano, o CORREIO denunciou a disputa entre traficantes de diferentes bocas da região. Com as prisões, a titular da 9ª Delegacia de Polícia, Fernanda Porfírio, acredita que os integrantes das quadrilhas das localidades de Barreiro e Cajueiro que não foram presos vão disputar o tráfico da região. “Eles vão tentar lutar entre si, mas a gente não vai deixar”, disse a delegada. Além dessas duas localidades, a polícia aponta ainda cinco regiões do bairro onde o tráfico está concentrado. No Bate-Facho, são apontados como líderes Da Lua e Maurício. Em Irmã Dulce está Fão. No Inferninho, Liliu é que comanda e na localidade de Georgina está Ronaldinho.

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