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SALVADOR

Dois são mortos em novo confronto com a Rondesp

Operação da PM aconteceu em Cosme de Farias um dia após 12 serem mortos no Cabula

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08/02/2015 às 10:09 • Atualizada em 27/08/2022 às 1:04 - há XX semanas
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Um dia depois que 12 homens morreram em ação da Rondesp Central, da Polícia Militar, no Cabula, outras duas pessoas foram mortas e uma terceira ficou ferida na noite da última sexta-feira em confronto com policiais da Rondesp Atlântico, na localidade do Barral, no bairro de Cosme de Farias, em Salvador. De acordo com a Polícia Militar, os policiais da Rondesp faziam rondas de rotina na rua Wenceslau Galo, quando foram recebidos a tiros por Rafael de Oliveira Cerqueira, de 19 anos, Alexsandro Pinheiro dos Santos Lima, 20, e Denilson Campos dos Santos, 22. “Os policiais revidaram atingindo os três elementos que foram socorridos para o HGE (Hospital Geral do Estado)”, diz a PM, em nota.
Seis das 12 pessoas que morreram na ação da Rondesp foram enterradas na tarde de ontem no cemitério das Quintas dos Lázaros, em Salvador (Foto: Marina Silva/Correio)
De acordo com informações do posto da Polícia Civil do HGE, onde o caso foi registrado, Rafael – alvejado no tórax, barriga e membros inferiores – já chegou à unidade sem vida, por volta das 21h de sexta-feira. Denilson foi baleado no tórax, membros inferiores e abdômen, passou por cirurgia, mas morreu no sábado (7), às 9h15. Apenas Alexsandro estava vivo, mas o estado de saúde era considerado grave. Ele foi atingido no braço esquerdo, no tórax e na barriga. Drogas Segundo a polícia, os três são traficantes. Com eles, foram encontrados um rádio amador, 32 papelotes de cocaína, 21 balas de maconha, além de três revólveres calibre 38, um deles com numeração raspada. As armas foram encaminhas ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que investiga o caso junto com a Corregedoria da PM. Segundo o boletim de ocorrência, todas as armas tinham tiros deflagrados. Ontem, o policiamento foi reforçado nas imediações de Cosme de Farias. Quatro viaturas ficaram paradas na altura do Largo dos Paranhos, em Brotas – da 26ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Brotas) e 58ª CIPM (Vila Laura/Cosme de Farias) além de unidades da Rondesp. Em enterros, famílias alegam inocência de vítimas Famílias uniram-se pela dor no Cemitério Quinta dos Lázaros, a partir das 14h30 do sábado (7), quando foram enterradas 6 das 12 vítimas da operação policial comandada pela Rondesp no Cabula, na madrugada de sexta-feira. Dezenas de amigos, vizinhos e parentes estiveram presentes no sepultamento de Natanael de Jesus Costa, 17 anos, Vitor Nascimento, 20, Everson Pereira dos Santos, 26, Caíque Basto dos Santos, 16, Jeferson Rangel e Agenor Vitalino, 19.
Familiares das vítimas disseram que foram ameaçadas no bairro por policiais - que apontaram armas para os ônibus que saíram do fim de linha da Engomadeira para o enterro - e garantiram que havia policiais à paisana no cemitério. “Eles estão botando medo, enfrentando a gente com armas. Os meninos protegiam a gente. A gente tem medo é da polícia”, disse uma mulher que mora no bairro há 59 anos, pedindo anonimato. “É uma injustiça. Eles têm que pagar. É tudo mentira o que estão dizendo”, bradou uma tia de Natanael que não quis se identificar, ao defender que o confronto alegado pela polícia não existiu. “Todo mundo gostava do meu filho... Ele era inocente! Agora vou criar os dois irmãos sozinha e trabalhar sozinha, porque era ele quem me ajudava”, lamentava, aos berros, a costureira Marina Lima de Oliveira, 56 anos. Avó de Natanael, ela o criou como filho junto com os dois irmãos. Ela contou que o garoto ajudava na entrega das costuras, defendeu que era um menino estudioso e que sonhava em ser jogador de futebol, tendo feito até um teste na Espanha para entrar no Barcelona. Um vizinho de Everson reforçou a versão defendida com unanimidade entre os presentes no cemitério de que “não houve troca de tiro”. “Foi uma execução. Eles se renderam e foram mortos sem defesa. Como foi troca de tiro se os meninos tinham marcas de tortura? Braços quebrados, olhos afundados e tiro na nuca?”, disse. “Nós só queríamos que a polícia fizesse o papel dela. São despreparados. Nossa comunidade tem pessoas trabalhadoras”, clamou uma tia de Vitor. Em nota, a PM informou que o caso será alvo de uma apuração. “Até o momento, não há indícios de irregularidade cometida pelos policiais militares”, disse a PM, reafirmando que policiais foram recebidos a tiros no local. DHPP busca testemunhas de confronto no Cabula O diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Jorge Figueiredo, que investiga as mortes ocorridas no Cabula, informou que pretende concluir o inquérito sobre o caso em até 30 dias, sendo que esse prazo pode ser prorrogado. “A partir de segunda-feira vamos ouvir policiais que participaram do suporte na operação. Estamos também tentando localizar pessoas que tenham presenciado a ação”, disse. Ele informou que parte dos mortos tem histórico criminal. Um total de 24 armas foi encaminhado para perícia: 9 usadas pelos policiais (metralhadoras e pistolas) além de outras 16 que foram apreendidas no local (12 revólveres calibre 38, uma pistola ponto 40, uma pistola ponto 45 e uma espingarda). Ontem, a Justiça converteu de prisão em flagrante para preventiva as custódias de Arão de Paula Santos, Elenilson Santana da Conceição e Luan Lucas Ferreira de Oliveira, que foram detidos na ação da PM.
Correio24horas

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