Editorial: Que nota para o atendimento?

Tenho lido notícias sobre a capacitação do mercado de Salvador para receber turistas. Essa parece ser uma preocupação do governo todos os anos, praticamente. Mas a pergunta é: o bom atendimento só deve ser motivo de atenção quando se pensa no turismo? Ótimo que os órgãos estaduais e municipais tenham isso em vista, afinal, Salvador tem vocação turística. Porém, seria igualmente interesse se os baianos, os habitantes da capital pudessem contar com serviços de qualidades o ano todo. Quem gosta de frequentar bares e restaurantes sabe como é custoso se divertir na terceira maior capital do Brasil. Não só no sentido financeiro, já que estamos em uma das cidades mais caras, mas para conseguir ser atendido. Já ouvi a máxima de que, em Salvador, o que faz sucesso é lugar pequeno, quente, barulhento, caro e que você precisa implorar pela atenção do garçom. Não deixa de ser. Experimente relaxar em um bate-papo informal com os amigos no sábado à noite. Escolha o local da "moda", chame a turma e... tente achar uma vaga para estacionar com segurança e sem pagar adiantado para o guardador. Passada essa fase, tente encontrar uma mesa que acomode todo mundo, e que fique longe de caixas de som ensurdecedoras, depois grite para fazer seus pedidos, espere, espere um pouco, mais um longo minuto. Seja lá o que você pedir pode chegar quente. Tudo bem até aí? Ok, a ideia é se divertir. Então, escolha o que comer, mas prepare-se para mudanças nas receitas do cardápio, pois sempre falta algum ingrediente. Aceite, porque engorda menos, mas você pagará o mesmo valor. Quer ir embora? Calcule a saída com bastante antecedência, porque a conta chegará com atraso e com erro. Não adianta fazer cara feia, pois o garçom e a pessoa do caixa também estarão irritados com a sua presença, seus pedidos, sua pressa em ser atendido, sua exigência por qualidade e com a operadora do seu cartão de crédito que insiste em sair do ar ou dar erro de leitura. Pagou os 10%? Pode ir. Eles sabem que você voltará na próxima semana! É assim que "não" funciona.